quinta-feira, 22 de junho de 2023

AUTISMO: 2 ETAPAS PARA AJUDAR NA INCLUSÃO CANINA

 

Em 02 de abril de 2021, segundo dados disponibilizados pela AIA – ASSOCIAÇÃO de APOIO e INCLUSÃO ao AUTISTA, existiam cerca de 63300 pessoas com Perturbações do Espectro do Autismo (PEA) em Portugal. Há uma semana atrás, segundo fez saber o jornal “Mathrubhumi”, publicado no estado indiano de Kerala e o segundo mais lido ali ("Mathrubhumi" traduz-se como 'terra mãe'), na cidade de Kannur, também ela pertencente ao estado de Kerala, aconteceu um trágico incidente que vitimou um garoto autista chamado Nihal, oriundo da região de Kettinakam de Muzhappilangad em Kannur, que foi supostamente atacado e ferido mortalmente por uma matilha de cães vadios.

O menino (na foto seguinte) desapareceu de casa por volta das 17h00 e foi encontrado já cadáver a 500 metros de distância, junto ao portão de uma casa abandonada por moradores da localidade às 20h30, supondo os seus familiares que se encontrava a brincar. Veio a saber-se que a criança era autista e que enfrentava problemas relacionados com a fala, o que poderia tê-lo impedido de pedir socorro e de alguma forma tornar despercebido aquele ataque canino. Segundo alguns relatos, o seu corpo apresentava várias dentadas, estava por demais ensanguentado e foi levado apressadamente para o hospital onde o seu óbito foi confirmado, sendo o seu corpo depois transferido para o Hospital Thalassery. Segundo fizeram saber os moradores locais, apesar das muitas reclamações, aquela área tem um longo e grave historial com cães vadios, problema que as autoridades da cidade tardam em resolver e que se desculpam com a inoperância de quem sobre elas governa.

Felizmente que não estamos na Índia e as sociedades ocidentais encontram-se apostadas na inclusão e na reabilitação de todos os deficientes. Neste esforço bem-sucedido de inclusão, não podemos dispensar o importante papel do adestramento ao sociabilizar os cães com os homens, sejam deficientes ou não, e particularmente com os deficientes, cujo padrão de comportamento, por ser diferente, poderá colocá-los em risco perante a suspeição dos cães, como o é o caso dos autistas, que apesar de evitarem o contacto visual com os animais, o que de imediato poderia provocá-los, mantêm contudo diferentes apresentações e condutas erráticas, das quais não podemos excluir a irritabilidade e os movimentos repetitivos, factores que no seu todo podem levá-los a ser entendidos pelos cães como “presas”, mormente se forem crianças.

A sociabilização dos cães com os autistas, que é obrigatória para os adestradores face ao número de pessoas com Perturbações do Espectro do Autismo e ao montante actual dos cães domésticos, deverá facilitar inclusão dos últimos no mundo particular dos primeiros, para que desse contacto resultem alguns benefícios, já comprovados, para os autistas, considerando a presença, a fidelidade, o companheirismo e o sentido protector presentes em alguns amigos de 4 patas (um cão pode transformar-se no melhor amigo de um autista, se tiver o perfil adequado). O ideal seria que os indivíduos com PEA conseguissem “interiorizar” um código de conduta a ter com os cães e que estes jamais os estranhassem. Mas, como tal não é absolutamente possível e importa proteger os autistas dos cães, há que condicionar os lobos familiares à sua aceitação, o que nalguns casos poderá não ser uma tarefa fácil.

Para que a inclusão dos cães seja bem aceite, os autistas terão que primeiro sentir-se confortáveis perante a sua aproximação, que deverá acontecer inicialmente num ambiente que já conhecem, onde se sentem bem e na companhia de pessoas em quem confiam, pelo que cães devidamente preparados para o efeito deverão ir visitá-los aos seus locais pedagógicos, sendo esta a primeira das duas etapas a encetar. Paralelamente, e esta é a segunda etapa, os cães deverão familiarizar-se e posteriormente sociabilizar-se com toda a sorte de comportamentos humanos, para que não se antagonizem com nenhum deles. Um trabalho destes é elevar a sociabilização para patamares pouco habituais e nada fáceis, mas se treinar cães fosse fácil, bem depressa as escolas caninas se tornariam obsoletas.

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