Desde
que ensinei a primeira pessoa a pegar numa trela e até ao último dia em que
hei-de por cá andar, a sociabilização do cães foi, é e será sempre o meu mote,
uma oportunidade também para esclarecer e ensinar os pais acerca do
relacionamento dos seus filhos com os nossos amigos de 4 patas, alertando-os e
dando-lhes subsídios eficazes para a protecção das crianças. Sempre que avisto
uma delas, ao invés de afastar os cães que ensino, levo-os para junto dela a
pensar na sua alegria e na sociabilização dos cães. Há momentos em que dominado
por este duplo objectivo chego a procurá-las, mesmo que sejam de tenra idade,
como aconteceu ontem num jardim, onde pusemos uma menina de um ano e meio a
afagar o CPA Bohr (foto acima). Como os cães podem alterar o seu comportamento
ao longo da idade, a sociabilização carece de ser ciclicamente reforçada. Deste
encontro sobre qual pudemos dizer “missão cumprida”, deparámo-nos com uma
mestiça de Cão da Serra da Estrela, que a medo ladrava para todos os cães que
passavam à sua frente, encolhendo-se depois quando se aproximavam dela. Para
ajudar na resolução do problema, imobilizámos os nossos cães na posição de “deita”
para a não a intimidarem e poder identificá-los sem qualquer constrangimento
(foto abaixo). Passados alguns instantes, já a mestiça estava a fazer parte da
nossa instrução circular, descontraída e sem ladrar, voltando para casa mais
segura.
O
terceiro encontro do dia foi com um Schnauzer miniatura sal e pimenta, um jovem
de 5 meses irreverente, bem desenvolvido para a idade e brigão, muito embora a
sua afoiteza devesse mais ao mimo do que à bravura. Acostumado a puxar pela
dona que nem um desalmado, tive que primeiro trabalhar com ele para depois passá-lo
para as mãos da dona, a quem tive também de ensinar a pegar na trela. Depois de
alguns acertos num curto espaço de tempo, já a dona o conduzia
satisfatoriamente, tal como é esperado de um binómio regular.
Mercê
da resposta afirmativa do “Luca”, assim se chamava o Schnauzer, passámo-lo para
o meio dos outros cães e inserimo-lo na obediência linear, onde não puxou pela
dona e denotou ter gostado da experiência pelas suas expressões mímicas,
servindo-lhe de Fila-guia o Binómio Stephanie/River.
Dotado
de uma moral imensa e já sem desconfiar da trela, convidámos o Luca para ultrapassar
um comum banco de jardim, tarefa que ele abraçou de peito aberto e com toda a
pujança, como se estivesse já acostumado a vencê-la. Voltou para casa confiante
sem rebocar a dona, o que muito a surpreendeu pela positiva.
O
quarto encontro foi com um mestiço de CPA adulto chamado Simba, animal gracioso
que foi resgatado e que é o “mais que tudo” dos seus donos (os 3 na foto
seguinte). Cão de fácil trato e curioso, enquadrámo-lo rapidamente, ainda que
debaixo de alguma desconfiança, o que é absolutamente natural.
Devido
a essa desconfiança que teimava em se ir embora, optei por lhe pegar apenas no
estritamente necessário, passando-o rapidamente para a liderança dos donos, que
uma vez esclarecidos, conseguiram evoluir satisfatoriamente com ele. Como
manifestou algum temor inusitado em relação às pessoas, optámos por convidá-lo
a saltar um obstáculo humano com sucesso, exercício onde demonstrou uma
excelente biomecânica (haja pernas para ele!). A Vanessa, o Daniel e o Simba
voltaram para casa mais felizes e interactivos.
No finalzinho da instrução matinal, aludindo ao “pai da humanidade” ou ao “Zé Povinho”, a Stephanie pousou para a câmera do Paulo ao lado do seu fiel “River”, pequeno SRD que apesar do seu pequeno porte, por incúria da dona, leva-a por vezes a reboque, tal qual papagaio de papel (pipa no Brasil) impulsionado pelo vento.
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Paulo/Bohr e Stephanie/River. As fotos são da autoria do Paulo Jorge e a sua edição coube ao Adestrador. Saímos à rua, tivemos 4 encontros, deparámo-nos com 4 problemas e encontrámos solução para todos!
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