O
American Bully está a merecer a atenção dos britânicos depois dos seus ataques
fatais, sendo responsável no Reino Unido por nove mortos desde 2021 ou seja por
metade das mortes relacionadas com cães no Reino de Carlos III. Nos últimos
anos este matulão yankee tornou-se rapidamente numa das raças caninas mais
visíveis na Gran Bretanha. A raça não é reconhecida por nenhuma das principais
associações de cães do Reino Unido, o que significa que não se sabe ao certo quantos
exemplares tem nas Ilhas Britânicas. Todavia, a frequente aparição destes cães
nos noticiários, muitas vezes associados a situações trágicas, indicia que eles
estão ali mais presentes do que nunca. O American Bully é uma versão mais
recente do American Bulldog e apresenta geralmente quatro tamanhos: Standard,
Pocket, Classic e XL, sendo os exemplares com mais de 50 cm de altura (20 polegadas)
considerados XL. Estes cães já mataram 6 adultos e 3 crianças desde 2021 para
cá, cerca de metade das mortes ocorridas com cães no Reino Unido.
Como se calcula, um molosso destes não pode ser recomendado para donos sem experiência ou que tenham crianças no seu agregado familiar, apesar das duas pessoas que matou este ano serem adestradores caninos experientes. Natasha Johnston, uma dog walker de 28 anos, foi rasgada até a morte enquanto passeava com oito cães em Surrey, no passado mês de janeiro. Um dos cães, um robusto American Bully XL de quem era proprietária, foi considerado o responsável pela sua morte após um relatório veterinário forense, sendo posteriormente sacrificado. No mês passado, Jonathan Hogg, um cuidador de cães de 37 anos da Grande Manchester, estava a brincar com um cão igual quando ele o atacou, atirando-se à sua garganta. Hogg morreu mais tarde no hospital. Polícias armados foram trazidos para controlar o cachorro, que a polícia da Grande Manchester disse “representar um risco significativo” para o público antes de o abater.
O
United Kennel Club, um Kennel Club dos Estados Unidos e uma das poucas organizações
a reconhecer a raça, diz que o American Bully é “antes de tudo, um companheiro,
exibindo confiança com entusiasmo e exuberância pela vida” e descreve o seu comportamento
como “gentil e amigável"!? Embora haja apelos para que a raça seja banida,
a orientação de algumas organizações caninas britânicas sugere que isso pode
não ser suficiente para resolver o problema. O Kennel Club, com sede no Reino
Unido, disse: “A legislação específica sobre as raças ignora os factores mais
importantes que contribuem para os incidentes de mordidas – principalmente o
comportamento antissocial de donos de cães irresponsáveis que os treinam para
serem agressivos ou que não os treinam adequadamente”. Os American Bully podem
ser comprados em anúncios classificados e sites da comunicação social, muitas
vezes desprezando e ignorando os criadores éticos de cães. Uma investigação da
BBC One Panorama em janeiro descobriu que um traficante de drogas estava a
vender online cães destes a partir da prisão. Se o American Bully for
eventualmente banido, ele irá juntar-se a apenas quatro raças de cães proibidas
no Reino Unido: o Pitbull terrier, o Tosa japonês, o Dogo Argentino e o Fila
Brasileiro. Exceptuando o Pit Bull, as restantes raças quando comparadas com o
American Bully são literalmente cachorrinhos de leite, cuja proibição assenta
noutras razões, não se podendo excluir delas as de natureza política.
É bom saber que o American Bully deverá
ser treinado e regrado precocemente (aos 3 meses de idade), que um muito-dominante,
quando ligeiramente contrariado, pode ser uma arma apontada ao pescoço do dono
e às suas crianças; que um dominante, por querer fazer sempre a sua vontade, poderá
rebelar-se, procurar a confrontação e agir depois dolosamente. A escolha de um
cachorro submisso poderá diminuir significativamente os risco de confrontação
indesejável e a opção por uma cadela parece ser a escolha mais acertada. Porém,
se não tem conhecimento suficiente para escolher cães – não o faça – procure quem
saiba para não se arrepender seriamente mais tarde. Há American Bullies
amorosos? Sem dúvida e deveriam ser esses os escolhidos para reprodução, o que
nem sempre acontece.
PS: Já há por cá alguns American Bully identificados como rafeiros, como cães sem raça definida.
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