É
por demais evidente que o título acima é alegórico, apesar de cerca de 1% da
população do estado norte-americano de New Jersey ser portuguesa e dela constar
uma comunidade açoriana. A comparação com a “tourada à corda” veio do sucedido na
passada terça-feira, dia 15 de novembro, pelas 15h40, na cidade de Atlantic
City, onde sete pessoas foram mordidas por dois cães. De acordo com o que fez
saber a polícia da citada cidade, tudo aconteceu quando dois menores estavam a
passear os seus cães num complexo de apartamentos na Baltic Avenue e se
cruzaram com um terceiro cão, encontro que fez com os cães se tornassem
agressivos e conseguissem soltar-se das trelas, acabando por morder as duas
crianças. Um funcionário do departamento de engenharia da cidade conseguiu
segurar um dos cães até à chegada do controlo de animais e da polícia. Os
menores com idades entre os 10 e os 17 anos, assim como os adultos com idades
compreendidas entre os 37 e 62 anos, acabaram transportados para o AtlantiCare
Regional Medical Center, City Division, para tratamento dos seus graves
ferimentos, mas sem correrem risco de vida. Os cães encontram-se sob custódia do
controlo de animais da cidade enquanto se espera pelo resultado da
investigação. Curiosamente, pondo de parte o seu fim doloso, este episódio tem
alguma coisa de pitoresco, uma vez que aqueles cães azuis, aparentemente
mestiços de Pit Bull segundo o parecer dos envolvidos, foram enxotados dos
menores por dois cidadãos, um valendo-se de um pedaço de pau e outro de um jerry can com água.
Episódios destes repetem-se amiúde em
todas as latitudes, por vezes com finais mais trágicos, com maior incidência
nas cidades e noutros grandes aglomerados populacionais, que albergam toda a
sorte de cães, animais que acabam por colocar em risco o bem-estar, a saúde e a
vida de alguns, por vezes até a vida dos seus próprios donos. A grande
multivariedade de raças caninas, a falta de conhecimento e o despreparo dos
seus condutores, o modo de como os animais são tratados, o desrespeito pelas
disposições legais em vigor, a ausência de uma sociabilização eficaz e a fuga
às escolas caninas, quando somados a uma fiscalização insuficiente e à ausência
de legislação específica, têm contribuído decisivamente para a perpetuação de
altercações e incidentes deste tipo. Penso que não demorará muito no mundo
civilizado, que as pessoas que trazem os seus cães à rua venham a precisar de
uma habilitação legal para conduzi-los nos espaços públicos, medida que ao
tardar aumenta o número de vítimas. Será que a licença para ter um cão é só um
mero imposto e autoriza-me a causar dolo e a matar? Não é isso que estamos a
consentir quando permitimos que um ou mais fedelhos conduzam cães
potencialmente perigosos, que não conseguem segurá-los e que entregam o seu
controlo a outrem em caso de aflição? O assunto merece uma profunda reflexão,
melhor legislação e penas mais coercivas para os transgressores, porque doutro
modo seremos obrigados a sair à rua de porrete na mão, como compete a quem tem de
jogar ao pau com os ursos!
PS: Sabia que cães e ursos têm cinco dedos em cada uma das mãos? Porém, os ursos têm um osso nas mãos que funciona como um sexto dedo, o que lhes facilita a obtenção de alimento e segurá-lo com mais firmeza. Curiosamente, os cães têm cinco dedos nas patas dianteiras e apenas quatro nas traseiras.
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