sexta-feira, 18 de novembro de 2022

“TOURADA À CORDA” EM ATLANTIC CITY

 

É por demais evidente que o título acima é alegórico, apesar de cerca de 1% da população do estado norte-americano de New Jersey ser portuguesa e dela constar uma comunidade açoriana. A comparação com a “tourada à corda” veio do sucedido na passada terça-feira, dia 15 de novembro, pelas 15h40, na cidade de Atlantic City, onde sete pessoas foram mordidas por dois cães. De acordo com o que fez saber a polícia da citada cidade, tudo aconteceu quando dois menores estavam a passear os seus cães num complexo de apartamentos na Baltic Avenue e se cruzaram com um terceiro cão, encontro que fez com os cães se tornassem agressivos e conseguissem soltar-se das trelas, acabando por morder as duas crianças. Um funcionário do departamento de engenharia da cidade conseguiu segurar um dos cães até à chegada do controlo de animais e da polícia. Os menores com idades entre os 10 e os 17 anos, assim como os adultos com idades compreendidas entre os 37 e 62 anos, acabaram transportados para o AtlantiCare Regional Medical Center, City Division, para tratamento dos seus graves ferimentos, mas sem correrem risco de vida. Os cães encontram-se sob custódia do controlo de animais da cidade enquanto se espera pelo resultado da investigação. Curiosamente, pondo de parte o seu fim doloso, este episódio tem alguma coisa de pitoresco, uma vez que aqueles cães azuis, aparentemente mestiços de Pit Bull segundo o parecer dos envolvidos, foram enxotados dos menores por dois cidadãos, um valendo-se de um pedaço de pau e outro de um jerry can com água.

Episódios destes repetem-se amiúde em todas as latitudes, por vezes com finais mais trágicos, com maior incidência nas cidades e noutros grandes aglomerados populacionais, que albergam toda a sorte de cães, animais que acabam por colocar em risco o bem-estar, a saúde e a vida de alguns, por vezes até a vida dos seus próprios donos. A grande multivariedade de raças caninas, a falta de conhecimento e o despreparo dos seus condutores, o modo de como os animais são tratados, o desrespeito pelas disposições legais em vigor, a ausência de uma sociabilização eficaz e a fuga às escolas caninas, quando somados a uma fiscalização insuficiente e à ausência de legislação específica, têm contribuído decisivamente para a perpetuação de altercações e incidentes deste tipo. Penso que não demorará muito no mundo civilizado, que as pessoas que trazem os seus cães à rua venham a precisar de uma habilitação legal para conduzi-los nos espaços públicos, medida que ao tardar aumenta o número de vítimas. Será que a licença para ter um cão é só um mero imposto e autoriza-me a causar dolo e a matar? Não é isso que estamos a consentir quando permitimos que um ou mais fedelhos conduzam cães potencialmente perigosos, que não conseguem segurá-los e que entregam o seu controlo a outrem em caso de aflição? O assunto merece uma profunda reflexão, melhor legislação e penas mais coercivas para os transgressores, porque doutro modo seremos obrigados a sair à rua de porrete na mão, como compete a quem tem de jogar ao pau com os ursos!

PS: Sabia que cães e ursos têm cinco dedos em cada uma das mãos? Porém, os ursos têm um osso nas mãos que funciona como um sexto dedo, o que lhes facilita a obtenção de alimento e segurá-lo com mais firmeza. Curiosamente, os cães têm cinco dedos nas patas dianteiras e apenas quatro nas traseiras.

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