Há
paixões que nos condenam e subjugam, porque queremos ser o que não somos e
queremos ter o que não temos. Nesta dependência passional, tantas vezes cega e própria
da adolescência, podemos incluir aquele desejo de possuirmos um ou mais cães
maus, animais de pôr qualquer um em “sentido”, esquecendo-nos que a sua
primeira das suas vítimas poderemos ser nós. Assim aconteceu a um australiano
residente em Flavel Crescent, Jervois, perto de Tailem Bend, que depois das 15
horas de ontem teve que ser urgentemente transportado de helicóptero para o
hospital, vítima do ataque de um dos seus cães – um Dobermann.
Segundo
revelaram algumas testemunhas ao canal 7NEWS, o indivíduo foi mordido quando
tentava separar dois cães perigosos, voltando-se um contra ele. O sinistrado,
homem de 40 anos, foi transportado para o Centro Médico Flinders, onde veio a ser
sujeito a uma cirurgia de emergência. A polícia do sul da Austrália confirmou
que o homem sofreu ferimentos não fatais e disse ainda que se viu forçada a
abater o Dobermann a pedido das autoridades administrativas.
Se eu não tenho condições para
controlar um só cão, por que carga de água vou adquirir mais? Não estarei a
pôr-me a jeito? Ainda que possa parecer impossível, há gente que se vicia em
cães e que vai buscar um atrás do outro, exactamente como outros fazem com o
tabaco e com a ingestão de álcool. O sucedido em Flavel Crescent denuncia de
imediato 3 coisas: a impropriedade do dono, a inexistência de um condicionamento
capaz e a ausência de um controlo eficaz dos animais, pormenores que só agravam
a irresponsabilidade do sinistrado. Felizmente que o prejuízo saíu à casa,
porque doutro modo estaríamos a lamentar a existência de mais vítimas
inocentes. E depois, meus amigos, separar cães não é para todos, porque exige
sangue frio, respeito aos protocolos, conhecimento e prática, porque doutro
modo poderemos correr sérios riscos. Penso que todos os adestradores deveriam
ser capazes de fazê-lo, muito embora conheça um que se esconde dentro de uma
barraca quando os cães se agridem uns aos outros, certo que mais cedo ou mais
tarde acabarão por entender-se (quiçá depois de alguns cortes no manto, dentes
partidos e um olho deitado abaixo).
PS: Desactivar a mordedura de um cão sempre implica na imobilização instantânea e peremptória do seu maxilar, porque doutro modo a sua próxima dentada pode sobrar para nós. As mordeduras diferem de raça para raça, por vezes até de indivíduo para indivíduo pelo que, em abono da segurança, exigem diferentes métodos de abordagem e de imobilização do maxilar.
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