Depois
das chuvadas que entre nós ocorrem de setembro a maio, nas zonas montanhosas,
húmidas e sombrias, com elevada precipitação anual e em zonas circundantes de
charcos, ribeiros e córregos, também junto a azinhais, campos agrícolas,
lameiros, pinhais e sobreirais, desde de Setúbal a Leiria, com maior incidência
no litoral saloio, onde é mais conhecida por “Saramântiga”, é comum aparecer a SALAMANDRA DE FOGO,
um pequeno animal de 14 a 20 cm (as fêmeas são maiores que os machos),
inofensivo para pessoas e cães até se sentir ameaçado. Segundo a lista vermelha
das espécies ameaçadas da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza),
a salamandra europeia comum é uma espécie protegida, apesar de não haver
notícia de se encontrar ameaçada de extinção.
Esta
salamandra tem a capacidade de se defender activamente dos seus predadores,
quer adoptando posturas anti-predatórias, quer libertando pela pele uma
substância tóxica denominada por “SAMANDRINA”,
um alcalóide que provoca convulsões musculares e uma elevada pressão sanguínea
combinada com hiperventilação. As glândulas deste veneno encontram-se situadas
e concentradas na zona do pescoço e na superfície dorsal deste anfíbio que,
quando se sente ameaçado, é capaz de esguichar o veneno até 1 metro de distância
(as áreas mais coloridas do animal normalmente coincidem com a localização
dessas glândulas). Esta toxina nervosa pode causar fortes reacções em cães,
crianças e pessoas sensíveis, podendo ser fatal para os cães mais pequenos
quando esguichada directamente no seu nariz e boca.
Nesta altura do ano, com a chuva a minorar os efeitos da seca extrema que sobre nós se abateu, é comum aparecerem salamandras destas, entregues à sua vida e que devem ser deixadas em paz. Para que não haja mortes a lamentar e até maio do próximo ano, aconselhamos que todos os cães sejam conduzidos à trela, particularmente os mais velhos e os doentes, os miniatura, os mais pequenos e os caçadores, junto a pequenos cursos de água, zonas alagadas e charcos, locais de avistamento de salamandras e onde normalmente se reproduzem, procurando para o mesmo efeito ribeiros, fontes e minas. Acontecendo a libertação da Samandrina no nariz e na boca dos cães, raças como o Yorkshire o Buldogue Francês dificilmente sobreviverão. Debaixo das mesmas condições, todos os braquicéfalos correrão o mesmo risco. Assim, a palavra de ordem é: “Salamandras? Não, deixai-as ir!”
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