domingo, 20 de novembro de 2022

ANDAR COM UM CÃO É AGIR POR ANTEVISÃO

 

Desde que saio até que entro em casa com o meu cão, sou obrigado a agir por antevisão e a suportar o stress disso advindo, considerando o bem-estar do animal, a minha própria segurança e a dos outros, procurando evitar a todo o custo qualquer tipo de incidentes que nos possam envolver, tentando ao mesmo tempo adivinhar onde poderão ocorrer para evitá-los, sabendo de antemão que os outros nem sempre facilitam. Porque seria loucura sair com ele à rua sem qualquer comando, sou obrigado a dar-lhe um de obediência neutro (direccional) para me precaver daqueles que de surpresa caem em cima dele, que o bajulam sem autorização e também daqueles que mandam os seus filhos fazer-lhe festas. Tal como sucede na estrada, quando saio à rua com o cão tenho que contar com as asneiras dos outros! Chamamentos, ordens indevidas, provocações, incitações, assobiadelas, ofertas de comida e pedidos para dar a pata são frequentes e, sempre que possível, tento escapar-lhes para evitar a saturação do animal e o seu desnorte, escolhendo as horas de saída, os locais onde não seremos surpreendidos pelas costas e aqueles que oferecem mais espaço e maior visibilidade. Curiosamente, nunca vi tantos entendidos em cães sem formação específica, plebe que de imediato me apetece mandar àquela parte, intenção a que acabo por resistir por ser mais rápido a pensar do que a falar. Com tantos oponentes na via pública, que entendem que o meu cão é também seu e que deverá satisfazer-lhes as vontades, sair com ele na cidade outra coisa não é do que uma excursão para ensinar-lhe quem são e onde estão os seus perigos, inimigos e armadilhas, aumentando assim a sua indiferença e incorruptibilidade. E, quem não se quiser maçar, evite comprar um cão!

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