quinta-feira, 3 de novembro de 2022

A DARK SUNRISE

 

Eu não sou saudosista por ser naturalmente um inconformado, muito embora a idade tente seduzir todos com a saudade, atingindo de modo contundente os que se julgam já sem préstimo, aqueles que não procuram o que fazer e os que resistem à novidade de vida, acabando inevitavelmente entregues à depressão da 3º idade, que os isola, entrega ao queixume, condena-os à irritabilidade e acelera a sua partida deste mundo. Todavia, tenho saudades da segurança de tempos idos, quando sozinho, pela madrugada, ia do Lumiar até ao Terreiro do Paço em segurança e sem encontrar vivalma, eventualmente algum polícia que me perguntava o que é que eu andava por ali a fazer àquelas horas. Hoje ainda me arrisco a fazê-lo, mas com as devidas cautelas por não saber aquilo que me espera. Por via da violência e do crime, não só em Lisboa como em toda a parte, a insegurança tem vindo a tomar conta da noite, acompanhando todos até aos lugares mais recônditos, como sucedeu com uma senhora, há dois dias atrás, numa conhecida praia da Baía de St. Heliers, na cidade neozelandesa de Auckland, quando decidiu passear à beira-mar com o seu bulldog e intentava assistir ao nascer do sol, quando de repente se deparou com 3 homens que chamavam o seu cão para dentro de água.

Perante a resistência do animal em fazê-lo, um dos homens disse para outro agarrar o cão e arrastá-lo até à água, onde pretendiam afogá-lo. No meio da aflição, o cão reagiu aos seus raptores e avançou agressivamente para cima daquele que tentava segurá-lo. Entretanto, a dona avançou para resgatar o Bulldog e conseguiu livrá-lo dos seus algozes. Perante o insucesso, os 3 homens refugiaram-se dentro de água e a dona do cão entendeu por bem fechá-lo dentro do seu carro. O Bulldog ficou seriamente traumatizado e procura agora insistentemente a companhia do seu boneco de peluche. A dona apresentou queixa contra desconhecidos na polícia e inesperadamente descobriu que outros moradores já tinham tido incidentes semelhantes com o mesmo grupo de pessoas.

O combate à criminalidade, enquanto flagelo social, não é um problema que cabe exclusivamente à polícia, mas sim a todos nós, porque é um problema de natureza política e somos nós que votamos nos políticos que nos governam e aprovamos as suas políticas. Quanto ao ocorrido na praia de Auckland, foi o cão que acabou por resolver o problema, o que não é muito comum num Bulldog Inglês, que em situações aflitivas tende a “ir desta melhor”. Irei para qualquer lado com um cão testado e aprovado em proteger-me, mas seria loucura ir para toda a parte com um cão necessitado da minha protecção!

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