domingo, 20 de novembro de 2022

A ESPANTOSA HISTÓRIA DE UM XERIFE ITENERANTE

 

Foi notícia anteontem nos media sensacionalistas portugueses, o ocorrido com o cão Xerife, um dócil e pequeno rafeiro amarelo, que indevidamente apanhou o comboio “Alfa Pendular” em Aveiro com destino a Faro e veio parar a Lisboa, onde depois de várias peripécias (quase veio a ser adoptado por outros donos), foi finalmente devolvido aos legítimos graças à santa Internet, uma vez que nem microchip tinha, o que se estranha face ao seu histórico de fugas.

Não estamos a falar de um cão ferroviário como outros no passado, que embarcavam em composições e nelas retornavam por algum motivo particular, como ainda hoje acontece com alguns cães no metro de Moscovo quando procuram alimento, mas de um frágil e inofensivo cãozinho que possivelmente assustado por uma forte trovoada, foi encontrar refúgio num comboio.

É nosso hábito (dos portugueses), como rebuçados para o populacho e ao longo da nossa história, levantar alguns heróis, lendas e milagres que nos fazem sentir bem com nós próprios, personagens fictícias como Martim Moniz, a Padeira de Aljubarrota e agora as façanhas do cão Xerife, já que todas as nações que se prezam têm agora um cão excepcional. Verdade, verdade, o pequenino cão de Aveiro atendendo à sua idade encontrava-se ilegal, já que o microchip de identificação electrónica tornou-se obrigatório para todos os cães nascidos a partir de 1 de julho de 2008, já que foi dito que o cão tem actualmente 7 anos de idade (alguém multou os donos como estipula a lei?).

Em função do que foi divulgado, o pequeno cão andava invariavelmente à solta e a encetar fugas consecutivas, o que fazia perigar a sua vida e causar eventualmente transtornos a outros. Paralelamente, depreende-se que não foi objecto de qualquer tipo de treino digno desse nome. Um cão que foge por medo, precisa constantemente de ser protegido, porque doutro modo ainda vai parar a Lisboa! Não sei quem, mas alguém deveria ter tomado conta do Xerife e não o fez – ainda bem que Deus é português!

Bem vistas as coisas, como usam dizer os saloios que nos trouxeram o magnífico pão de Mafra até aos dias de hoje, a história do Xerife está longe de ser uma façanha heróica ou pouco vista, já que por pouco não resultou em tragédia. Agora só falta erigir uma estátua ao cão, que atendendo às actuais conveniências, deverá aparecer deitado aos pés de António Costa.

PS: Lula da Silva ainda não tem cão? Rapidamente vai ter que arranjar um!

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