Aqui
não temos grandes preconceitos contra os polacos, quiçá por serem raros, mas
por essa Europa fora são ainda hoje vítimas de preconceito, de pura xenofobia,
apesar da Polónia fazer parte da União Europeia. O estigma é antigo, tornou-se
mais vistoso durante a II Guerra Mundial, agravou-se com o isolamento promovido
pelo Pacto de Varsóvia e sobrecarrega ainda hoje os emigrantes polacos, que
muitos tratam indevidamente como gente de menor condição, “de cima da burra” (1),
como se fossem rudimentares ou primitivos. Contudo, os polacos não são nada
disso e mantêm ainda a sua identidade e soberania apesar de terem sido constantemente
invadidos ou apanhados em fogo cruzado ao longo da sua história. Uma vez dito
isto, vamos à notícia que passa por uma sentença do tribunal de Lublin, no
leste da Polónia.
Um terrível incidente entre vizinhos abalou a cidade polaca de Wierzchowisko na primavera de 2019, quando Justyna K. (ao tempo com 31 anos de idade) e o seu namorado Krzysztof, então com 53 anos, foram visitar o seu vizinho Daniel S., de 36 anos. Segundo relatou o jornal polaco “Super Express”, o mesmo Daniel confessou ao casal um certo incidente com a sinceridade de um bêbado, que havia roubado o cão deles e feito banha do animal. Justina, uma incondicional amiga dos animais e acérrima activista dos seus direitos, num momento tresloucado, massacrou o vizinho à facada sobre a mesa da cozinha com uma faca que ali encontrou. O cadáver de Daniel, o vizinho, viria a ser encontrado por um caminhante na beira de uma floresta, com os pés decepados e com vários cortes na cabeça e no pescoço.
Depois
de várias tentativas malsucedidas para eliminar o corpo do vizinho, Justyna
teria envolvido o cadáver num tapete vermelho com a ajuda do seu namorado e
ex-polícia Krzysztof. Depois de terem abandonado a ideia de lançar o cadáver a
um poço, Krzysztof, que tinha na sua posse uma motosserra e um cutelo,
desejando inicialmente desmembrar o cadáver e espalhar os seus pedaços pela
floresta, acabou por cortar-lhe os pés. O corpo do malogrado vizinho Daniel acabaria
transportado num reboque e jogado numa estrada de terra à beira de uma
floresta.
Condenada inicialmente a 25 anos de prisão por homicídio e profanação de cadáver, Justyna viu agora reduzida a sua pena para 16 anos, uma vez que só teve intenção de matar e não de profanar o cadáver, pena que segundo a juíza Elżbieta Jóźwiakowska do tribunal de Lublin, “é punição bastante suficiente e adequada para a implementação do processo de reabilitação da acusada”. O seu namorado e ex-polícia, aquele que decepou os pés ao cadáver, foi condenado por cumplicidade a quatro anos de prisão efectiva. O mesmo tribunal fez saber que Justyna jamais poderá ser libertada antes de cumprir doze anos de prisão. Esta é uma história macabra onde a morte de um cão resultou na morte do seu assassino.
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