quinta-feira, 27 de outubro de 2022

TRABALHANDO O “QUIETO”

 

Temos como objectivo para os nossos cães ensinar-lhes a ficar “quietos” até 2 horas e longe da presença donos de modo a garantirem variados serviços. E, quem fica 2 horas “quieto” no seu posto, acabará por lá ficar o dobro ou triplo do tempo - por tempo indeterminado – o que é óptimo para a protecção dos cães e para a protecção que nos dispensam. Como instalar este comando num ambiente protegido não garante que nenhum cão o execute plenamente num ambiente desconhecido, hostil, mais movimentado e rico em surpresas, o melhor que há fazer é ensiná-lo nos locais ou situações em que mais precisamos do comando, quer sejam extraordinárias ou não, para que o ”quieto” seja soberano e não condicionado pelas situações. Debaixo deste propósito treinamos o comando por toda a parte e vamos continuar a fazê-lo pelo êxito que temos obtido, mormente quando chove, perante a evidência de fenómenos naturais e durante a noite, em todas as situações difíceis, evoluindo das mais fáceis para as mais complexas, da proximidade do dono para a sua ausência, de breves momentos para outros mais demorados, já que os cães não nasceram para estar sós e nem todos nascem com a segurança necessária para a execução do comando, necessitando por isso de um condicionamento baseado na experiência feliz (reforço positivo). Na foto acima, numa praça ao anoitecer e junto a um anúncio de rua, podemos ver a CPA Olívia e o Podengo Óscar deitados debaixo de ordem, soltos e distando 5 metros dos seus donos. Na foto seguinte, com os mesmos cães, vemo-los noutro local menos seguro e mais vulnerável.

Uma das maiores dificuldades para a obtenção do “quieto” é a instabilidade provocada pelo movimentos nas costas dos cães, o que põe a nu algumas impropriedades genéticas, traumas havidos ou desequilíbrios individuais, para além de alguns vícios que enraizaram comportamentos impróprios. Como facilmente os cães transitam do comando para o stresse e resistem à ordem, o que deve ser sempre evitado, dividimos a instalação do comando em 3 fases. Na primeira fase o “quieto” é pedido com os cães sentados, protegidos pelas costas e com os donos pouco distantes, de 3 a 5 metros. Sempre que algum cão abandona o lugar, o seu dono deverá recolocá-lo, acalmá-lo e recompensá-lo, já que foi a instabilidade que o fez desrespeitar a ordem e não a obstinação pura e simples. Com a primeira fase vencida, vai-se diminuindo gradualmente o volume da protecção das costas e aumentando a distância entre os animais e os seus donos. Perante a aprovação desta fase, passamos depois para a seguinte, onde os cães serão isolados e deixados numa praça, sem qualquer abrigo por detrás, com pessoas e cães a passar, pelo tempo julgado conveniente e com os donos distantes ou ocultos, conforme podemos ver na foto abaixo, quando a CPA Olívia ficou pela primeira vez no centro de uma praça. Esta Pastora atinada resistiu a tudo menos a carrinhos de bebé, porque sempre que via um, queria acompanhá-lo, não tivesse em casa um com um bebé lá dentro – o Lourenço.

Os cães que mais resistem ao “quieto” são os extremados: os mais agressivos e os mais medrosos. O nosso mui amado Óscar, que felizmente nunca foi caçar javalis, porque doutro modo já estaria todo cortado pelas navalhas dos porcos silvestres, ao ficar “quieto”, é ele contra o mundo e não permite que ninguém o encare – um dez reis de cão que se julga um leão! Participaram nos trabalhos de ontem os seguintes binómios: Fernanda/Óscar; Gonçalo/Olívia e Paulo/Bohr. As fotos nocturnas foram tiradas pelo prestável e inexperiente Gonçalo. A noite esteve serena e a chuva não nos incomodou. Hoje, ao cair da noite, retomaremos os nossos trabalhos dando continuidade ao sucesso que temos alcançado.

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