quinta-feira, 6 de outubro de 2022

ARMA CONFIADA A MÃOS ERRADAS

 

A caça está a terminar por todo o lado e o número de caçadeiras também. Eu não sou contra ambas, mas sou contra a caça desregrada e contra o uso arbitrário das caçadeiras. Contudo, a diminuição do número de caçadeiras não deixa de ser um boa notícia para todos, já que elas têm vindo indevidamente a ser usadas nos conflitos entre vizinhos, nas disputas familiares e no contexto da violência doméstica, causando mortes inusitadas, incapacidades definitivas e maior número de feridos. Verdade seja dita, o geral das pessoas não tem condições para ter uma arma e muitos daqueles que as têm não as deveriam ter, considerando os disparates, por norma irreversíveis, que cada um poderá fazer contra si e contra os outros. E quando uma arma vai parar a mãos erradas, uma desgraça logo virá - é tudo uma questão de tempo! Assim aconteceu mais uma vez, no passado sábado, dia primeiro de outubro, durante uma caçada na floresta gaulesa de Rabouillet, perto de Perpignan, nos Pirinéus Orientais, onde uma caçadora não identificou correcta e previamente o animal a abater.

Ao mesmo tempo em que decorria a caçada, um caminhante dedicava-se à apanha de cogumelos silvestres, sendo nisso acompanhado pelo seu Malinois com 10 anos de idade. Ao confundi-lo com um veado, uma caçadora disparou-lhe um tiro que o matou quase instantaneamente. Depois de encontrado o cadáver do animal, a gendarmerie foi chamada e o dono do cão apresentou queixa. Quando convidada a pronunciar-se sobre este lamentável incidente, a Federação de Caça dos Pirinéus Orientais, na pessoa do seu presidente, Jean-Pierre Sanson, classificou-o de “imperdoável”, dizendo ainda: “A causa de 90% destes acidentes é o desrespeito à regra que diz ser preciso identificar formalmente a presa antes de atirar”. O mesmo Sanson fez saber que foi apresentado à prefeitura um pedido de suspensão da licença da caçadora em questão. Diante de caçadores deste tipo e de outros que disparam sobre tudo o que mexe e para onde estão virados, evite internar-se com o seu cão em reservas e zonas de caça, consulte o calendário venatório, torne o seu cão mais visível e não o deixe afastar de si nos passeios ao campo, onde por norma algum perigo o espreita, onde menos se espera.

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