Vamos
primeiro à notícia. Na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, ligada à
cidade brasileira de Ponta Porã, no nordeste do Paraguai, Delio Calonga,
comerciante de 61 anos de idade, alcunhado por “Assassino de Cães” pelos seus
vizinhos, supostamente por ter abatido a tiro vários animais de estimação que
vagavam pela área, foi agora denunciado às autoridades pela vizinhança,
supostamente por ter também envenenado dois cães e um gato. Na manhã de
anteontem, segunda-feira, dia 17 do corrente mês, Reinalda Palacios, delegada
do ministério público, acompanhada por elementos da 2ª esquadra de polícia da
cidade de Pedro Juan Caballero, encontrou inesperadamente o envenenador de
animais no bairro de San Blas e prendeu-o. Depois de terem vasculhado a casa do
suspeito, as autoridades encontraram veneno de rato dentro dela e
confiscaram-no, faltando agora provar se foi Delio Calonga quem envenenou
aqueles animais. Palácios disse que a pena para estes casos são dois anos de
prisão, mas com liberdade condicional, podendo também haver lugar a uma multa e
a uma proibição de manter animais durante 10 anos. Se porventura ela vier a ser
aplicada neste caso, ela seria de até 100 salários mínimos (9.808.900 guaranis
/ 1 396.33€/ 7 153,02 reais). “Vamos buscar uma sentença de prisão
por parte de um juíz. Se tal acontecer, o suspeito poderá ficar detido entre 4
a 6 meses até à conclusão da investigação – concluiu a delegada Palacios.
Muito raramente um envenenador de animais domésticos é surpreendido em flagrante delito, levado a tribunal e condenado, porque sabe ao que vai e não pretende prestar contas a ninguém acerca dos seus actos criminosos, que opera à boca calada, de modo dissimulado e sem dar nas vistas. Antes do grande boom canino do interior para as cidades, cães e gatos eram envenenados dentro dos seus próprios quintais, quando os donos não lhes podiam valer, por norma durante a noite ou quando se encontravam a trabalhar fora. Hoje os engodadores fatais já não andam de porta em porta, procuram os espaços públicos para onde os animais se deslocam para fazerem as suas necessidades, despejando ali os mais variados iscos, nos locais mais escondidos ou nas ocasiões em que suas acções são menos perceptíveis. Infelizmente não há nenhuma campanha ou esclarecimento que leve ao desaparecimento dos envenenadores de animais, como não há para os pirómanos e predadores sexuais. Conscientes desta realidade, resta-nos trabalhar na prevenção e ensinar os nossos cães a não comer fora de portas, condicionamento que uma vez assumido pelos animais poderá salvar-lhes a vida, muito embora precise ciclicamente de ser recapitulado. De qualquer modo, nada substitui a atenção dos donos para evitar o desastre, porque o cão por mais treinado que esteja, pode ceder à tentação (ele também tem uma memória olfactiva). E, como todos estamos sujeitos à distracção, os cães mais dissimulados, manhosos e gulosos deverão sair à rua de açaime posto, com um daqueles que não lhes permite lamber aquilo que lhes aprouver.
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