O Transtorno
da ANSIEDADE DA
SEPARAÇÃO CANINA é um problema muito sério que não pode e
não deve ser desconsiderado, tão sério que pode inutilizar o melhor dos cães
para o fim pretendido. Raramente, não conheço nenhum caso, o problema é da
responsabilidade dos cães, como se tratasse de um castigo auto-infligido ou resultasse
de uma predisposição para o transtorno. Ao invés, não faltam por aí casos em
que os donos são os primeiros e únicos responsáveis pelo fenómeno, que também
eles de alguma forma transtornados, acabam por induzir os seus cães a idênticas
manifestações e comportamento, surgindo a ansiedade da separação canina como resposta
ao despropósito dos donos, sendo por isso um problema doméstico e ambiental.
Donos
que não preparam os cães para as suas ausências ou que ao regressarem a casa
fazem um autêntico escarcéu, como se já não vissem os seus cães desde tempos
imemoráveis, podem com facilidade provocar a ansiedade da separação nos seus
cães. Com mais facilidade se instalará o distúrbio se acontecer a junção das duas
causas que acabei de citar. Infelizmente a CPA Kira encontra-se ainda afectada
por este problema, muito embora ladre e não choramingue, manifestação que nos
alenta e que aponta para sua plena recuperação. Neste momento estamos
simultaneamente a robustecer-lhe o carácter e a prepará-la para as saídas dos
donos através do comando de “quieto”, que vai evoluindo da presença próxima do
dono até ao seu total desaparecimento, primeiro por pouco tempo e depois por um
período mais alongado, segundo as pequenas vitórias que vamos obtendo.
Convém
não confundir a ansiedade de separação com o comportamento de certos cães que
ladram a tudo e todos mal saem de casa, independentemente de pertencerem a raças
mais dadas ao aviso, porque este comportamento é indubitavelmente antissocial,
próprio dos cães que passam os dias encerrados em casa sem nada para fazer,
carentes de sociabilização, tarefas e de exercício físico, sendo o seu ladrar
um “grito de revolta”. Contudo, torna-se evidente que a ausência de interacção também
contribuiu para o agravamento da ansiedade da separação. Disto ciente, tenho
vindo a convidar a CPA Kira para uma multivariedade de exercícios ao seu
alcance.
Como
facilmente se depreende, a cadela é neste momento menos obediente e melhor
atleta. Como já seria de esperar, apesar dos progressos já alcançados, a Kira
ainda ladra ocasionalmente e tende a abandonar os lugares determinados pelo seu
dono quando este se afasta, reflexos inequívocos das experiências domésticas
infelizes por ocasião da separação forçada e abusiva dos seus donos. Como a
cadela nada tem de piegas, sendo capaz de defender-se e de contra-atacar, muito
embora corra amistosa para toda a gente, apresenta todas as condições de
aptidão para ser bem-sucedida no adestramento clássico, inclusive nas áreas e
disciplinas relativas à segurança. Na foto seguinte vemo-la quieta e alerta entre
barracas num terreiro tendo o CPA Bohr como companheiro.
Mais
tempo no exterior, a constante novidade de tarefas, as experiências felizes e
uma maior interacção com o seu dono, têm aliviado de sobremaneira as fraquezas induzidas
a esta Pastora Alemã, que nasceu para trabalhar e que disso tem dado mostras.
Entretanto, porque o seu problema tem que ser combatido em duas frentes – em casa
e na escola – toda a família que a adoptou deverá alterar o seu comportamento, ter
mais tempo para ela e abandonar a lamechice, transmitir-lhe ânimo e coragem,
tratando-a como uma cadela séria e não como uma mera pateta sem préstimo.
Pondo
a CPA Kira de parte, porque o Bohr também por lá andava, é possível ver um
salto de precisão deste lobeiro sobre um barril numa esplanada, salto
desconhecido, inesperado e instantâneo (se o Paulo não complicar, o cão tudo
resolve).
Num
pequeno exercício de condução nuclear, com o dono para trás da linha de salto,
o Bohr foi convidado para ultrapassar uma bicicleta de aluguer que se
encontrava parada na sua frente. O que mais se destaca no GIF seguinte é a
avidez do cão em retornar para o seu "mestre".
Já foi tudo dito sobre o treino de ontem, que surtiu efeito e que melhor nos preparou para o de hoje, os cães estiveram em bom plano e os donos cumpriram e, quando assim é, nada mais há a declarar.
Sem comentários:
Enviar um comentário