sexta-feira, 24 de junho de 2022

UM PASSEIO CHEIO DE SURPRESAS

 

Ontem optámos mais uma vez por um périplo pela cidade, ainda que noutra direcção e perante novos desafios, porque tínhamos um cão em formação (Oliver) e outro em recapitulação e manutenção (Bohr). A execução do comando direccional “Troca” deu início aos trabalhos e foi executado de dois modos: em cruzamento frontal e paralelamente. Este comando, que consiste na mudança do lado de condução, é importantíssimo para a salvaguarda dos cães, porque impede a confrontação de uns com os outros, a sua protecção junto às estradas e o seu abrigo em dias de intempérie, quando importa circular com eles debaixo d toldos e varandas. O movimento é primeiro condicionado à trela para depois ser requerido em liberdade. No GIF acima vemos o troca a ser usado num cruzamento frontal e no seguinte a ser executado de modo paralelo.

Logo ao início da nossa caminhada deparámo-nos com um grupo de indivíduos, na sua esmagadora maioria brasileiros, pertencentes a uma seita entusiasta, vulgo “evangélica”, que batendo palmas e cantando a alta voz, entoavam hinos de pretenso reavivamento cristão. Ao reparar naquele ajuntamento ruidoso, o Adestrador entendeu mandar os binómios para o seu meio, para acostumar gradualmente os cães às multidões e também aos músicos e espectáculos de rua. Os cães necessitaram do apoio dos donos e de algum tempo para tolerar aquele chinfrim, que abandonaram a gosto sem contudo serem “convertidos”.

Para acostumar o nosso Cão de Água às bicicletas e aos ciclistas, o adestrador levou-o pela primeira vez a saltar sobre uma pequeníssima bicicleta sobre a qual se encontrava a sua dona, no intuito de lhe diminuir a resistência e a estranheza. O cão executou o salto à primeira e o Adestrador sentiu-se útil.

Se há coisas que o Oliver gosta, o churro é uma delas não se importando de o transportar para todo o lado, desejo que realizou durante parte do percurso que empreendemos. À partida poderá parecer estranho ver um Cão de Água Português com um churro na boca. Porém, desde cedo se percebeu que Oliver não quer só a boca para comer, que adora procurar, capturar e transportar os mais variados brinquedos ou objectos.

A foto seguinte prova o que acabei de dizer, porque nela podemos ver este Cão de Água totalmente suspenso sem largar o churro, habilidade pouco comum nos indivíduos da sua raça e própria de cães de diferentes grupos somáticos. Será este babalú uma arma secreta? As opiniões dividem-se, mas eu acredito que sim!

Sem que o CPA Bohr contasse, eis que inesperadamente alguém pega numa cadeira e tenta agredir o seu dono. Ao ver tal e sem qualquer preparação prévia para isso, o lupino de pêlo comprido avançou para o agressor e fê-lo desistir das suas criminosas intenções.

Num dos momentos de supercompensação, como seria de esperar, o Paulo felicitou e agradeceu efusivamente a protecção dada pelo cão, animal fiel a toda a prova,  extraordinariamente versátil e recém-entrado na 3ª idade (o tempo passa sem darmos por isso).

No que diz respeito ao Oliver, na foto abaixo ao lado do dono, esteve na origem de um episódio caricato do qual não temos qualquer registo fotográfico, porque tudo aconteceu de repente e inesperadamente. Quando pretendíamos sentá-lo ao lado de um teclista que actuava na esplanada de um pequeno café, para dar continuidade ao trabalho desenvolvido junto da seita cantadora, o músico pula endiabrado, larga o instrumento e intenta “dar corda aos sapatos". Retirámos o babalú de imediato e serenámos o homem, que acabou por confessar-nos estar traumatizado com cães. Para que outros não reajam assim e venham a ser mordidos, é que desde tenra idade ensinamos aos nossos cães que os músicos não são inimigos a abater, quer saltem, dancem, cantem ou façam um barulho dos diabos.

O passeio acabou por revelar-se bastante abrangente em matéria de ensino multidisciplinar, promoveu alteração nos cães e suscitou dos seus donos a camaradagem e a alegria que não dispensamos. A reportagem fotográfica esteve a cargo do Paulo Jorge e a sua edição foi da responsabilidade do Adestrador. O Miguel não teve o cuidado de avisar que não vinha e o Charrôque deve ter viajado para águas mais profundas. Apesar de ter chovido durante o dia, a chuva não nos visitou ao final da tarde.

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