Ontem
optámos mais uma vez por um périplo pela cidade, ainda que noutra direcção e
perante novos desafios, porque tínhamos um cão em formação (Oliver) e outro em recapitulação
e manutenção (Bohr). A execução do comando direccional “Troca” deu início aos
trabalhos e foi executado de dois modos: em cruzamento frontal e paralelamente.
Este comando, que consiste na mudança do lado de condução, é importantíssimo
para a salvaguarda dos cães, porque impede a confrontação de uns com os outros,
a sua protecção junto às estradas e o seu abrigo em dias de intempérie, quando
importa circular com eles debaixo d toldos e varandas. O movimento é primeiro
condicionado à trela para depois ser requerido em liberdade. No GIF acima vemos
o troca a ser usado num cruzamento frontal e no seguinte a ser executado de
modo paralelo.
Logo
ao início da nossa caminhada deparámo-nos com um grupo de indivíduos, na sua
esmagadora maioria brasileiros, pertencentes a uma seita entusiasta, vulgo “evangélica”,
que batendo palmas e cantando a alta voz, entoavam hinos de pretenso
reavivamento cristão. Ao reparar naquele ajuntamento ruidoso, o Adestrador
entendeu mandar os binómios para o seu meio, para acostumar gradualmente os
cães às multidões e também aos músicos e espectáculos de rua. Os cães
necessitaram do apoio dos donos e de algum tempo para tolerar aquele chinfrim,
que abandonaram a gosto sem contudo serem “convertidos”.
Para
acostumar o nosso Cão de Água às bicicletas e aos ciclistas, o adestrador
levou-o pela primeira vez a saltar sobre uma pequeníssima bicicleta sobre a
qual se encontrava a sua dona, no intuito de lhe diminuir a resistência e a
estranheza. O cão executou o salto à primeira e o Adestrador sentiu-se útil.
Se
há coisas que o Oliver gosta, o churro é uma delas não se importando de o
transportar para todo o lado, desejo que realizou durante parte do percurso que
empreendemos. À partida poderá parecer estranho ver um Cão de Água Português com
um churro na boca. Porém, desde cedo se percebeu que Oliver não quer só a boca
para comer, que adora procurar, capturar e transportar os mais variados
brinquedos ou objectos.
A
foto seguinte prova o que acabei de dizer, porque nela podemos ver este Cão de
Água totalmente suspenso sem largar o churro, habilidade pouco comum nos
indivíduos da sua raça e própria de cães de diferentes grupos somáticos. Será
este babalú uma arma secreta? As opiniões dividem-se, mas eu acredito que sim!
Sem
que o CPA Bohr contasse, eis que inesperadamente alguém pega numa cadeira e
tenta agredir o seu dono. Ao ver tal e sem qualquer preparação prévia para
isso, o lupino de pêlo comprido avançou para o agressor e fê-lo desistir das
suas criminosas intenções.
Num
dos momentos de supercompensação, como seria de esperar, o Paulo felicitou e
agradeceu efusivamente a protecção dada pelo cão, animal fiel a toda a
prova, extraordinariamente versátil e
recém-entrado na 3ª idade (o tempo passa sem darmos por isso).
No
que diz respeito ao Oliver, na foto abaixo ao lado do dono, esteve na origem de
um episódio caricato do qual não temos qualquer registo fotográfico, porque
tudo aconteceu de repente e inesperadamente. Quando pretendíamos sentá-lo ao
lado de um teclista que actuava na esplanada de um pequeno café, para dar
continuidade ao trabalho desenvolvido junto da seita cantadora, o músico pula
endiabrado, larga o instrumento e intenta “dar corda aos sapatos". Retirámos o
babalú de imediato e serenámos o homem, que acabou por confessar-nos estar
traumatizado com cães. Para que outros não reajam assim e venham a ser
mordidos, é que desde tenra idade ensinamos aos nossos cães que os músicos não
são inimigos a abater, quer saltem, dancem, cantem ou façam um barulho dos
diabos.
O passeio acabou por revelar-se bastante abrangente em matéria de ensino multidisciplinar, promoveu alteração nos cães e suscitou dos seus donos a camaradagem e a alegria que não dispensamos. A reportagem fotográfica esteve a cargo do Paulo Jorge e a sua edição foi da responsabilidade do Adestrador. O Miguel não teve o cuidado de avisar que não vinha e o Charrôque deve ter viajado para águas mais profundas. Apesar de ter chovido durante o dia, a chuva não nos visitou ao final da tarde.
Sem comentários:
Enviar um comentário