sexta-feira, 10 de junho de 2022

NÃO À DIVISÃO DA NOSSA CAMA COM OS ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO

 

Estamos a falar do gene mcr-1 (representado abaixo), que se crê ser transmitido dos animais para os humanos e que adquiriu uma extraordinária resistência a certos medicamentos que salvam vidas, primeiro identificado na China em 2015 e que é transportado dos animais para os humanos através de partículas fecais microscópicas. De acordo com o divulgado pela ONU, actualmente, as infecções resistentes a medicamentos são responsáveis pela morte de 700.000 pessoas por ano em todo o mundo podendo este número subir até aos 10 milhões em 2050 se até lá nada for feito.

Como é que o gene mcr-1 pode ser transportado? Um estudo da Universidade de Lisboa examinou a sua presença nos lares e descobriu onde os cães tinham infecções teciduais, estando o gene presente nos cães e nos seus donos. Para o efeito foram recolhidas amostras fecais de 126 pessoas saudáveis que viviam com 102 gatos e cães em 80 famílias ao longo de 2 anos, até fevereiro de 2020.

Os investigadores descobriram que 8 cães e 4 pessoas estavam a hospedar várias bactérias, incluindo o mcr-1. Os resultados revelaram ainda que 3 cães pareciam saudáveis e que os outros apresentavam infecções nos tecidos ou trato urinário, sendo estes resultados apresentados no Congresso Europeu de Microbiologia e Conferência de Doenças Infecciosas. Os autores do estudo adiantaram para os participantes que as regiões agrícolas, particularmente nos países do sul da Europa que usam “colistina” (na foto abaixo), um potente antibiótico bactericida polipeptídio cíclico, terão menos probabilidade de contrair o gene mcr-1.

A Dr.ª Juliana Menezes, que liderou o estudo e pesquisa, disse que a colistina é usada quando todos os antibióticos falham, sendo por isso um tratamento crucial e de último recurso. “Se as bactérias resistentes a todas as drogas adquirirem esse gene de resistência tornar-se-ão intratáveis e este é um cenário que devemos evitar a todo o custo. Sabemos que o uso excessivo de antibióticos gera resistência, sendo por isso vital que sejam usados com responsabilidade, não apenas na medicina, mas também na medicina veterinária e na agricultura” – concluiu.

Diante destas explicações científicas conclui-se que não devemos dividir as nossas camas com os nossos animais de estimação, para impedirmos dessa forma a disseminação de uma “superbactéria intratável”. Ao procedermos assim estamos a zelar pela nossa saúde, pela saúde das nossas famílias e pela de todos. Pets a dormir na nossa cama? Nem pensar nisso!

Sem comentários:

Enviar um comentário