domingo, 19 de junho de 2022

COMO VENCER A CINETOSE CANINA SEM RECORRER A DROGAS

 

A cinetose (enjoo do movimento) tanto pode ocorrer em humanos como em animais, sendo uma indisposição que combina elementos de desorientação espacial, náuseas e vómitos, acontecendo com frequência nas crianças e nos cachorros mais sensíveis e atentos aos movimentos ao seu redor, como uma resposta fisiológica exagerada frente aos estímulos do movimento. Também nos cachorros existe uma predisposição hereditária para o fenómeno (não absoluta), que muitos tentam resolver por via medicamentosa e que nem sempre são bem-sucedidos. A cinetose, que não chega a ser uma doença, tende a ser ultrapassada com o crescimento dos cães, mormente após alcançarem a maturidade sexual, que acontece em diferentes momentos de acordo com as díspares curvas de crescimento de cada cão e raça. Sem querer usurpar competências a ninguém ou adiantar qualquer novidade terapêutica para a qual não estou habilitado, passo a adiantar alguns procedimentos que a prática e a razão me descortinaram para a resolução deste problema.

Situemo-nos num caso concreto, o de um cachorro de 4 meses que segundo o método da precocidade vai iniciar o seu treino e que no caminho para a escola sempre acaba por vomitar no carro, chegando ali lastimavelmente nauseado e babado, viagem após viagem e debaixo da actual onda de calor que se faz sentir, correndo o risco de desidratação e de justificadamente ganhar aversão ao treino, face ao “caminho das pedras” que é obrigado a ultrapassar para chegar ao seu local e ensino. Atendendo à sua raça (CPA) e ao particular da sua curva de crescimento (norteada para o trabalho), naturalmente atingirá a maturidade sexual logo após os 6 meses de idade, ocasião em que a cinetose tenderá a deixar de importuná-lo. Será recomendável deixá-lo padecer até lá, uma vez que a indisposição terá uma duração de dois meses apenas? Obviamente que não, porque não estamos cá para fazer sofrer os cães, o tempo dos “botas-de-elástico” já passou e o Kaiser Wilhelm II já não está á frente de nenhum exército! Liberto do passado e ciente das suas lições, vou adiantar de seguida um conjunto de procedimentos, entre nós válidos, para a solução desta indisposição constituída em problema.

Convém lembrar que aos 4 meses de idade, “idade da cópia nos cachorros”, altura em que seguem e copiam os cães adultos, e que na sua inexistência substituem-nos pelos donos, os cachorros não aprendem só na escola, mas também no lar e que as tanto as lições domésticas como a sua inexistência irão determinar inicialmente o bom ou mau aproveitamento escolar de um cachorro. Dito isto importa primeiro familiarizar o cachorro com a viatura que o irá transportar, para que a conheça e diminua com isso a sua estranheza. Esta primeira abordagem deverá ser feita com o carro parado e dentro do território do cachorro, que deverá entrar, permanecer e sair dele a convite do dono, que será seu parceiro e partilhará com ele essas mesmas tarefas, ao ponto do animal considerar a viatura como sua e do seu dono. Vencida esta primeira, passemos para a segunda, que consistirá em repetir os mesmos procedimentos com o carro parado, mas agora com o seu motor ligado.

Depois disto (bem sei que a gasolina e o gasóleo estão caros), é altura sair com o animal dentro do carro, tendo o cuidado de falar com ele e acalmá-lo, num pequeno percurso à volta do seu lar, diariamente ou tri-semanalmente. É de todo conveniente, primordial, terminar o trajecto antes da indisposição do animal, pelo que será ele, pela sua resposta afirmativa, a determinar quando e em quanto deverão estes trajectos ser aumentados. Se este trabalho for meticulosamente observado, é natural que o problema seja resolvido em 2 semanas ou talvez menos. O transporte do animal deverá acontecer depois dele acordar de um momento descontraído de sono e antes da ingestão excessiva de alimentos. Alguém dirá com alguma razão: que trabalheira! Sem dúvida, mas um coisa fica por explicar: se não tem tempo para cães para que o desperdiçou a procurar um? Foi ao engano? Por mais cruel que vos pareça ser, a verdade é esta – os cães não são para quem quer, mas sim para quem pode!

PS: Os donos mais práticos e menos preocupados dão um comprimido aos cães para o efeito. Se o enjoo passar, muito bem; se não passar irá passar! Assunto arrumado!

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