quarta-feira, 22 de junho de 2022

OSSOS DO OFÍCIO E FALTA DE EXPERIÊNCIA

 

Na cidade de Tauranga, a mais populosa da região de Bay of Plenty, na Ilha do Norte, Nova Zelândia, baía que deve o seu nome ao tenente James Cook, que ali entrou em 1796 ao comando do Endeavour, por entender que os seus habitantes eram pessoas generosas e haver naquele local abundância de peixe, madeira e de outros suprimentos, Helen Tina Fraser (na foto seguinte) dona de um grande Rottweiler que atacou violentamente uma veterinária, deixando-a com ferimentos tais que necessitou de uma cirurgia de três horas, está agora a ser julgada no Tribunal distrital de Tauranga e a enfrentar uma acusação de possuir um cão causador de dolo, apresentada pela Câmara Municipal da mesma cidade de Tauranga. O cão agressor, um Rottweiler com 2 anos de idade chamado Chopper, que entre coisas pode significar “um machado curto com uma lâmina grande”, encontra-se detido no canil do conselho desde 14 de outubro, ocasião em que ocorreu o ataque. O julgamento é para o animal uma questão de vida ou de morte, porque se a sua dona for condenada, o juíz ordenará o seu abate, a menos que circunstâncias excepcionais” possam ser comprovadas. A sua dona sempre negou as acusações de que é alvo, alegando que a veterinária é que foi responsável pelo ataque do molosso alemão. Preocupado com o destino do animal, um grupo de apoiantes de Fraser reuniu-se no exterior do tribunal, alguns com os seus cães, antes do início do julgamento.

O delegado do ministério público (ali procurador), Nathan Spier que o objectivo do tribunal era saber se a dona do cão tomou todas as providências para evitar o ataque do animal. A primeira pessoa a depor ontem, terça-feira, dia 21 do corrente mês, foi a própria vítima, a veterinária Liza Schneider, de 22 anos de idade, que começou as suas declarações destacando os impactos devastadores do. Segundo ela, o Rottweiler Chopper estava agendado naquele dia para uma cirurgia de castração e que havia sido combinado com a dona do cão, um exemplar de 65 kg e já identificado como perigoso, que o deixasse dentro do carro para o examinar brevemente e poder injectar-lhe um sedativo antes de o trazer para a clínica, caso achasse necessário. Mas em vez disso, ao sair do consultório, encontrou o Rottweiler, preso fora do carro e seguro pelo filho da Sr.ª Fraser, um garoto de 13 anos de idade. Em questão de segundos, segundo o relato da veterinária, o cão atacou-a quando se encontrava a dois metros dele, trancando-lhe os maxilares no braço direito entre 10 a 15 segundos, não conseguindo durante aquele período tirar o seu braço, vindo depois a fazê-lo. “Eu pensei que ele queria atacar a minha cabeça ou o pescoço, por isso levantei o meu braço. Schneider ficou com o cúbito partido, sofreu , perfurações profundas, assim como danos musculares e nervosos, o que a obrigou a uma cirurgia para a instalação de uma placa e 6 parafusos no seu braço (foto seguinte). A veterinária queixa-se de dores frequentes e de não conseguir trabalhar como o fazia antes do ataque.

James Carter, advogado da dona do cão, disse ao tribunal que se houvesse sérias preocupações sobre a perigosidade do animal, a veterinária poderia pedir aos seus donos para colocá-lo dentro do carro e porem-lhe um açaime. Contrapondo a veterinária que os açaimes têm por vezes um efeito contrário, agitando os cães ainda mais. Spier, o advogado da veterinária, sugeriu que a dona do cão estava a encobrir o plano original de manter o cão dentro do carro, numa tentativa de tornar o seu testemunho mais favorável, adiantando que a acusada, ao invés de seguir as instruções previamente combinadas, antes colocou aquele poderoso cão nas mãos do seu filho, com apenas 13 anos. No seu depoimento, a dona do Rottweiler negou que alguma vez tenha sido solicitada para manter o cão dentro do carro e que ao contrário do que a veterinária disse em tribunal, o animal não permaneceu completamente imóvel antes do ataque, já que se encontrava a ladrar e até saltou duas vezes na direcção da jovem clínica.

Carter, o advogado da acusada, concluiu que a sua cliente cumpriu adequadamente com os seus deveres. O ministério público ainda não fez a sua declaração final, pelo que o julgamento continua. Eu não sei quem está a mentir, se uma ou as duas partes, mas sei que a veterinária tinha obrigação de se precaver e de não se expor a riscos desnecessários, imprudência que poderemos atribuir em parte à sua tenra idade e consequente falta de experiência. Por outro lado, por razões óbvias, a dona do animal jamais o deveria ter passado para as mãos do filho. No meio destas tramas, como sempre, é o Rottweiler que tem a vida presa por um fio – oxalá sobreviva!

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