segunda-feira, 27 de junho de 2022

ALERTA PRAGANA

 

Cada estação do ano apresenta diferentes perigos para os cães, o verão não escapa à regra e é talvez a época do ano que directa ou indirectamente mais perigos oferece aos nossos companheiros caninos. Um deles diz respeito às praganas e demais espigas da família das gramíneas cuja inflorescência pode ser observada da primavera ao outono, mas que na época estival constitui um verdadeiro perigo para os cães, porque as espigas desprendem-se facilmente e os animais costumam nessa ocasião fazer grandes passeios pelos campos. As praganas têm a forma de uma pequena espiga com floretes. Quando as praganas atingem a maturidade, as suas espigas secam, desprende-se do caule e tendem a agarrar-se às roupas dos caminhantes e à pelagem de cães, gatos e outros animais. Apesar do seu aspecto inócuo, a pragana representa um sério perigo para a saúde dos cães.

Quando as praganas se agarram às almofadas ou ao manto dos cães, podem penetrar inexorável e profundamente na epiderme que perfuram. Depois continuarão a sua viagem para os órgãos ou tecidos dos animais. Como a ponta da pragana é muito pontiaguda, ela progride rapidamente na mesma direcção, sendo por isso apelidada de “viajante”. A espiga pode também entrar no corpo dos cães através dos olhos ou de outro orifício: pelo canal auditivo, pelas narinas, pelo ânus, pelo trato genital, etc., podendo provocar-lhes danos e sérias complicações. Os riscos para a saúde dos cães dependem da localização da pragana e do caminho que tomou para entrar no corpo dos animais, podendo com isso causar abcessos, ulcerações, danos na córnea, problemas respiratórios, vaginites, perfuração dos tímpanos e inflamações no canal auditivo.

Como a pragana leva apenas alguns dias a penetrar no corpo dos animais, convém estar atento aos seguintes sintomas: abcesso na pele; temperatura corporal acima dos 39 graus; claudicação de um membro; olho ou olhos lacrimejantes, vermelhos e inchados; espirros frequentes e hemorragia nasal. Casos há em que os cães abanam a cabeça de uma forma estranha, como se alguma coisa os tivesse a importunar, repetindo frequentemente esse comportamento. Por outro lado, a existência de uma pragana pode levar um animal insistentemente no mesmo local. Diante de qualquer destes sintomas não hesite em levar o seu cão ao veterinário, já que só ele poderá remover totalmente a pragana e verificar os danos que ela eventualmente possa ter causado. Convém esclarecer que os sintomas atrás descritos, assim como podem resultar da intrusão de uma pragana, podem também resultar de outras patologias. De qualquer modo, o animal deverá ser observado por um veterinário, o que poderá levar a exames complementares, invariavelmente essenciais para identificar a origem dos sintomas visíveis nos cães, à localização da pragana ou à identificação de uma doença subjacente.

Depois de completamente enterrada nos tecidos, a pragana torna-se invisível do lado de fora e como dificilmente deixa vestígios na epiderme, a sua localização é praticamente impossível ao mover-se rapidamente. Uma detecção atempada irá facilitar a retirada da espiga. Mas se ela já penetro totalmente na pele do cão, este deverá ser anestesiado para o clínico proceder à retirada da pragana. Nestes casos, para não agravar mais o problema e contribuir para o aumento dos danos nos animais, os donos não deverão, em caso algum, tentar remover uma espiga embutida na pele dos seus cães, porque o menor fragmento residual continuará a sua viagem nos tecidos ou em direcção a um órgão, podendo causar-lhes estragos vários. Da mesma forma, não deverão aplicar na pele dos animais nenhum desinfectante ou loção, porque o atrito provocado no local acaba por favorecer a penetração da espiga ou um dos seus fragmentos. Para evitar o risco de ver a saúde do seu cão decair, é indispensável e essencial inspeccioná-lo quando regressar de um passeio no campo ou quando retornar de uma simples brincadeira num relvado.

As espigas silvestres (gramíneas ditas daninhas) sempre aparecem nos relvados dos jardins, particularmente quando a relva está muito alta e necessitada de ser cortada. Ao chegarmos a casa devemos inspeccionar minuciosamente todos os orifícios do animal, dispensando especial cuidado aos canais auditivos de um cão de orelhas tombadas. Como prevenção, para este e outros tantos casos, a escovagem diária do animal é um procedimento recomendável, passando a obrigatório diante de os cães de pêlo comprido ou encaracolado. Em simultâneo, para diminuir os problemas causados pelas praganas, é de todo conveniente tosquiar estes cães no final da primavera ou no início do verão, aplicando-lhes um corte curto no manto. Por outro lado, todos os proprietários caninos que possuem relvados, prados e ervas espontâneas de toda a sorte, deverão proceder à sua manutenção, corte e eliminação, pois cortar e varrer o maior número de praganas possível, protege a saúde dos seus cães. Há nisto um pormenor que não consigo compreender: se a higiene dos donos traz benefícios para a saúde dos cães, por que razão subsistem donos tão pouco asseados? Serão bons donos? Calculo que não! Serão os cães javardos por causa dos seus mestres? Pelo que tenho visto, não me custa a acreditar que sim!

PS: Para eliminar de vez este problema e diminuir propagação das mais variadas doenças infecciosas caninas, sempre nos opusemos a pisos relvados no adestramento, preferindo os pisos de saibro, particularmente o da Malveira, que possui características únicas, por ter um grão menor e unir-se facilmente, tornando-se impermeável com o tempo e impedindo o surgimento de ervas daninhas, sendo mais resistente às infecções microbianas bacterianas e virais, quando ligeiramente inclinado (para facilitar o escoamento das águas) e lavado após cada aula ou sessão de treino, vindo a ser eventualmente lavado com um desinfectante próprio quando for caso disso. Obedecendo ao mesmo cuidado, quando laboramos no exterior, procuramos espaços livres de ervas ou jardins cuja manutenção esteja garantida, condições que nem sempre são fáceis de encontrar.

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