Penso
que nenhum muçulmano gostaria de morrer entregue à boca dos cães, animais desde
há muito considerados impuros e capazes de conspurcar os fiéis pelos mais
radicais. Ainda que por outras razões, penso que nenhum judeu, cristão, budista
ou adepto de outro credo gostasse de morrer assim. Não é fácil nas sociedades multiculturais
actuais ver um muçulmano ser atacado por um ou mais cães, porque naturalmente
não se aproxima e até se afasta destes animais pelas rações atrás citadas. Mas
o saudita-americano Saad Al-Anazi, homem de 56, residente na cidade
norte-americana de Las Cruces, no Condado de Doña Ana, no Estado do Novo México,
urbe onde existe uma pequena população árabe-americana, foi surpreendido por
dois cães de um vizinho quando se encontrava fora de casa. Tudo aconteceu no
passado dia 27 de janeiro, quando inesperadamente se viu atacado por 2 Pastores
Alemães. Segundo testemunhas oculares, o Sr. Al-Anazi, que deixa 3 filhos,
esteve na rua deitado durante 20 minutos a clamar por socorro, enquanto os dois
grandes cães o mordiam, sangrando abundantemente de uma coxa. Um vizinho, ao inteirar-se
da situação, correu porta fora e atingiu várias vezes um dos cães na cabeça com
uma bengala, forçando os animais a recuar. Saad Al-Anazi acabou por ser transportado
para o Centro Médico Regional de Mountain View pelos paramédicos que foram
chamados ao local pelos vizinhos, através no número de emergência 911.
Segundo
anunciou a família, o Sr. Al-Anazi viria a morrer naquela unidade hospitalar no
dia seguinte, dia 28 de janeiro, devido a grande perda de sangue. Os dois
Pastores Alemães foram detidos pelo controlo de animais do condado de Doña Ana.
A filha do defunto, Farah, estava em casa a preparar-se para se deitar quando
tudo aconteceu. Depois do ocorrido, ela postou uma foto de ambos e várias
homenagens ao pai na sua página do Facebook. O irmão do tristemente finado,
Saud, disse à TV Al Arabiya que pediu à embaixada saudita para investigar o
assunto, adiantando que a família decidiu enterrar Al-Anazi num cemitério
muçulmano nos Estados Unidos, já que arriscar uma transferência para a Arábia
Saudita podia demorar muito. Disse ainda que o seu irmão gozava de boa
reputação e que se dava bem com os vizinhos, acrescentando que a dona dos cães
negou que os tivesse soltado, enfrentando agora a acusação de possuir cães fora
de controlo.
Uma morte estúpida e perfeitamente escusável, aparentemente da responsabilidade de uma dona que faltou aos seus deveres e/ou que não tinha em grande consideração os seus vizinhos. Pela descrição dos acontecimentos, não me parece que aqueles cães fossem muito ferozes, porque doutro modo o vizinho acabaria sem bengala e também seria seriamente atacado e ferido. Ficou claro que o defunto não tinha qualquer experiência com cães, não sabia como defender-se nem como cessar o ataque dos animais. É possível até que, inconscientemente, ao ver-se em aflição e tomado de pavor, tenha agravado ainda mais a sua situação. Há quem diga, e isto nada tem a ver com o caso, que quem demonstra repugnância pelos cães não pode gozar da sua simpatia.
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