quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

ERAM CONHECIDOS POR SEREM AMIGÁVEIS

 

Esta manhã, ao inteirar-me das notícias internacionais acerca de cães, deparei-me com uma oriunda de Houston, no Texas, US, que relatava a morte de um menino de quatro anos, perpetrada por cães na manhã de ontem em Baytown, cidade localizada nos condados de Chambers e Harris, também do estado do Texas. Ao ler com atenção a notícia, tilintou-me na cabeça uma afirmação atribuída aos vizinhos da criança tristemente estraçalhada, que disseram ser aqueles cães, descritos como Pitbulls, “conhecidos por serem amigáveis”. A polícia chegou ao local por volta das 07h40, respondendo a um incidente relativo a uma pretensa luta de cães no bloco 2700 da Massey Tompkins, verificando tratar-se de outra coisa bem diversa – uma criança de 4 anos tinha sido atacada por cães. O menino foi levado de imediato para o hospital, ao que parece já sem metade do rosto e acabou por morrer. Um dos polícias que socorreu a vítima também acabou ferido, segundo fez saber a polícia.

Ninguém sabe ao certo porque reagiram os cães com aquela agressividade, animais que não eram novos e cujos donos já os tinham há algum tempo, havendo na vizinhança há quem alvitre a hipótese da criança os haver provocado. Certo é que os cães foram apreendidos pelo controlo de animais, enquanto a polícia de Baytown continua a investigar. “Hoje, os policias de Baytown fizeram uma comunicação que todo o policía teme, a morte de uma criança. Estamos com o coração partido pela perda desta criança. Os nossos pensamentos e orações estão com todos aqueles que na comunidade foram impactados por esta tragédia”, disse o chefe de polícia de Baytown, John Stringer (declaração piedosa que é protocolar nestas situações e que serve muito bem para encomendar quem parte).

Quando os vizinhos da defunta criança declaram que os cães “eram conhecidos por serem amigáveis” estão a justificar a acção dos animais como se fossem os únicos responsáveis pelo sucedido, quando na verdade não o são, mas que serve perfeitamente para inocentar outros culpados ou tentar esconder uma precária situação socioeconómica onde tudo pode acontecer. Os donos dos cães são mais responsáveis pelo incidente do que os animais, porque os tinham distantes da sua presença, para além do seu controlo, soltos e sem açaime, apesar de saberem que a boca daqueles cães quando se fecha faz “moça” e da grossa, sendo, como se viu, capaz de matar. Mais culpados ainda do que os donos dos cães são os responsáveis pela criança, cujo descuido ou desleixo (haverão outras razões, mas nenhuma que justifique a morte do menino) resultou no seu desaparecimento. Como puderam perder de vista ou afastar-se dela, tendo conhecimento do seu pouco ou nenhum senso de responsabilidade? O menino sozinho não correria vários perigos? A sociedade, por seu lado, é também responsável por este lamentável incidente, porque não conseguiu evitar até agora  que casos destes se repitam. Que fique bem claro: por mais excelente que seja a sociabilização dos cães, ela jamais dispensará a protecção das crianças. Diante disto, não consigo compreender como certos pais consintam que crianças de tenra idade corram a afagar cães que nunca viram!

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