terça-feira, 1 de junho de 2021

A VELHA QUESTÃO DO AÇAIME

 

Anteontem, Domingo, em Montreal, maior cidade da província canadiana do Quebec e o segundo município mais populoso do Canadá, uma jovem, Vanessa Piliguian, foi atacada por um Cão de Pastor Alemão quando estava a andar de bicicleta com o namorado num caminho estreito. Segundo ela, o cão rebentou com a trela, só a largou depois de lhe ter infligindo um golpe profundo e o dono do animal não o conseguiu controlar em momento algum.

Perante o ataque do lupino, a jovem diz ter gritado o nome do namorado, Jordan Kardassilaris (ambos na foto abaixo), ter entrado em pânico, não ter conseguido deixar de chorar e que esteve prestes a hiperventilar, adiantando ainda que o cão não tinha açaime. Quer agora fazer algo mais para garantir que os donos dos cães cumpram as regras que a lei estabelece. Para evitar situações como essa, Montreal actualizou o seu estatuto de cães perigosos há três anos atrás, após a morte de Christiane Vadnais, que morreu após ter sido atacada por um cão no seu quintal. 

Uma das disposições que entrou em vigor no passado mês de Janeiro, determina que qualquer cão que pesa mais de 20 quilos deve andar à trela quando se encontrar passear. O casal disse que o cachorro parecia pesar mais do que isso e não estava com o açaime posto. O namorado de Piliguian disse que as regras deveriam ser ainda mais rígidas. "Basta colocar um açaime no cão, pelo menos", disse Jordan Kardassilaris. "Se tivesse açaime, não teria atingido e mordida a minha namorada. Teria sido um resultado muito diferente; talvez um hematoma, não um corte numa das pernas." O diploma legal ali em vigor determina que o açaime só é obrigatório se o cão estiver avaliado como potencialmente perigoso. O casal apresentou queixa na polícia e, enquanto esperam por notícias, agradecem que o incidente não tenha tido piores consequências.

Entendemos nós, atendendo ao conhecimento e à experiência que adquirimos no adestramento ao longo de décadas, para se evitarem ataques caninos deste tipo, apesar da medida ser antipopular e não agradar por isso aos políticos, que todos os cães acima dos 20 kg fossem obrigados a usar açaime nos espaços públicos, independentemente de serem considerados perigosos ou não, cabendo às polícias fiscalizar o seu uso e qualidade, porque até o mais inofensivo cão se entusiasma com um cinófobo e a maioria dos proprietários caninos tem dificuldade em controlar os seus cães por ausência de uma liderança capaz, sendo essa uma das principais razões que os leva a procurar-nos, isto para já não falarmos da ausência de robustez física, de défice de atenção, do necessário equilíbrio emocional e por aí adiante.

Se a regra internacional fosse: “quem não consegue controlar o seu cão, não o pode ter”, não seria só o número dos ataques caninos que diminuiria, mas também o dos próprios cães. É verdade, cruzarmo-nos com certos donos e cães na rua pode ser uma verdadeira roleta russa. Lamento dizer isto por razões óbvias, mas os governos não estão a proteger as possíveis vítimas dos cães, a prová-lo estão inúmeras mortes de crianças e idosos que chegam diariamente ao nosso conhecimento, para já não falarmos dos sobreviventes que sairão marcados, mutilados e incapacitados para toda a vida. Os cães não terão direito a ser quem são e ver-se livres do açaime? Sem dúvida! Devendo para o efeito ser-lhes criados espaços próprios, amplos e seguros onde não colidam com quem não os aprecia, teme e facilmente se constitui em sua presa.

Dentro em breve, em todo o território alemão, vai ser lançada uma habilitação, tipo carta de condução, que possibilita a aquisição de um cão, o que é sem dúvida um avanço em termos cognitivos e pedagógicos. Contudo, transformará tal formação um cordeiro num leão, conseguirá transformar um submisso num líder? Em termos de liderança terá sensivelmente o mesmo sucesso que têm tido os workshops dedicados aos novos líderes empresariais, sucesso que geralmente não ultrapassa e se queda pelas boas intenções. Não conseguindo os homens, neste caso os donos, transcender-se nesta matéria, há que dar condições aos cães para que ninguém seja mordido e as organizadas sociedades democráticas têm obrigação de fazê-lo, antes que o mundo acabe à dentada!

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