quarta-feira, 2 de junho de 2021

A AFINAR UM E A ENCAMINHAR O OUTRO

 

Ontem pela tarde, o Adestrador decidiu pegar no FSM Doc e dotá-lo de novas competências interdisciplinares ligadas essencialmente ao resgate e à evasão. Casualmente, enquanto procedíamos ao treino do Doc, encontrámos dois senhores de abastadas primaveras que por momentos observaram o desenrolar dos nossos trabalhos. Ao reparem no desempenho do cão, um exclamou incrédulo e estupefacto: “Os filas também são capazes de fazer isto?” No Gif acima vemos o Doc a caminhar sobre um murete de cimento com apenas 10 cm de lado objectivando o desenvolvimento do seu equilíbrio e o cumprimento absoluto das ordens. No Gif abaixo, agora conduzido pelo dono, vemo-lo a saltar uma vertical crua de difícil execução, obstáculo de endurance já seu conhecido que executou à primeira e em segurança.

Mais para lhe melhorar a capacidade de concentração do que por outro motivo qualquer, o Adestrador pediu-lhe que progredisse sobre um tubo de ferro, pondo as patas do lado esquerdo num lado do tubo e as do lado direito no outro. Com isso acabou por reproduzir o andamento típico dos bracos na abordagem da caça, que colocam os pés no mesmo sítio das mãos para que a sua progressão não seja detectada, andamento que neles é instintivo, mas que num Fila é antinatural e só possível mediante condicionamento. Caso importasse fazer de um fila um cão de aponte, este seria um dos métodos para o alcançar.

O GIF seguinte reporta-se ao mesmo trabalho, ainda que captado num plano frontal. A maior dificuldade nesta tarefa para os cães que têm como andamento preferencial a marcha, como é o caso do Fila, é que eles tentam obliquar de traseira para evitar o passo de andadura, pelo que a velocidade de execução carece de ser controlada e o condutor de evoluir no sítio certo.

Entretanto chegou o Noé com o CPA Ruky e a ocasião proporcionou-se para introduzir o cachorro ao muro de 200 cm com chamada. O CPA tem, como se pode ver no GIF abaixo, capacidade atlética de sobra para vencer o obstáculo com êxito, o que ele nem tem e precisa urgentemente é de um “junto” aceitável para o efeito, uma vez que parte à desfilada, salta antes ou depois da linha de chamada e invariavelmente agachado, o que dificulta ainda mais a marcação do salto, problema que se deve ao pouco rigor do Noé no “junto” e à ausência de uma cadência de marcha (o “junto” é o primeiro dos comandos que ensinamos na Escola, por onde andará a cabeça do Noé?)

Foi ainda pedido ao Noé, com todas as cautelas e com a sua anuência, não fosse o homem desmanchar-se, que descesse uma pequena encosta de pedra com o Ruky, fazendo uso do comando de “atrás” já assimilado pelo cachorro. O animal, como era esperado, permaneceu atrás e segurou o dono, garantindo-lhe a descida.

Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: José António/Doc e Noé/Ruky. A tarde esteve cinzenta e amena, com a serra enevoada e com pouca visibilidade, condições nada condizentes com o tempo de Verão que se aproxima. Os objectivos foram alcançados e todos regressaram incólumes e felizes a casa. Apesar de ausente, o Paulo Jorge, como é seu hábito, acabou por fazer a montagem fotográfica. 

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