Os
propósitos que regem a Acendura Brava e a mantêm de pé nunca se coadunaram com
meninos birrentos, jovens fúteis, adultos narcisistas ou seniores hedonistas,
com gente sem disponibilidade para os seus cães, ao mesmo tempo incapaz de
assumir um compromisso com o seu bem-estar, saúde, educação, protecção e integração
social, que apenas se lembra deles quando lhe convém, não hesitando em propor-lhes
desafios para os quais não se encontram minimamente preparados dos aspectos
social, psicológico, afectivo, cognitivo e físico, não sendo por isso de
estranhar que desterrem os animais, dias a fio e até nova ordem, para quintais
pouco apelativos onde raramente põem os pés, entregues que andam noutros
deleites.
A gente
desta dever-lhe-ia ser vetada a posse de qualquer animal de estimação, uma vez
que tratam os animais de companhia como alguns tratam indevidamente vacas e
cavalos, apostados somente em empanturrá-los. Escusado será dizer que casos destes
deverão ser denunciados às autoridades. Se porventura o dono de um cão advindo destas
deploráveis condições se dirigir a uma escola canina para ensiná-lo, a resposta
de qualquer adestrador só poderá ser uma – interaja primeiro com o seu cão, passeie
diariamente com ele, faça com que confie em si e venha depois para a escola! Se
assim não fizermos, só iremos aumentar ainda mais a infelicidade dos animais,
cujos direitos não deverão ser alienados, ignorados e ultrapassados. Consistirá
a nossa arte em estampar cães contra obstáculos ou em aperreá-los quando já mal
podem respirar?
As
escolas caninas vieram a este mundo para ajudar os donos a melhor entenderem os
seus cães, para potenciar a sua interacção sem atropelar o bem-estar animal e pôr
em causa os valores sociais, para preparar os animais para os desafios e
perigos que terão pela frente, para constituir homens e cães em equipas
formidáveis, onde se completam nos trabalhos uns dos outros, sendo por isso uma
mais-valia para todos – as escolas
caninas estão cá para melhorar o diálogo interespécies e com isso aumentar a
felicidade de donos e cães. Todavia, tudo isto só será possível se os
donos tiverem a humildade de valer aos cães e tentarem compreendê-los, quando
deixarem de acusá-los e assumirem os seus próprios erros, o que parecendo fácil
nunca o foi!
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