Segundo
o “Indiatimes” de ontem, na cidade indiana de Mumbai, outrora conhecida como
Bombaim, na passada Terça-Feira logo pela manhã, numa área com o nome de Aarey
Colony e que dá para uma floresta, um leopardo carregou na boca um pequeno
cachorro de rua e preparava-se para fugir com ele. No entanto, graças à rápida
acção da mãe do filhote e à ajuda que recebeu dos cães abandonados ao seu lado,
mesmo temendo todos o leopardo, conseguiram demovê-lo de levar a cria, de tanto
que lhe ladrarem e rosnarem. Apesar de ter ficados com buracos na cabeça,
feitos pelos aguçados dentes do leopardo, o cachorrinho sobreviveu, foi tratado
e encontra-se bem, apesar de ter saído daquele inesperado encontro com febre,
provavelmente por causa das feridas que sofreu.
Todos
sabemos que lobos e cães são seres sociais e que dependem de alcateias e
matilhas para sobreviverem, tanto para se alimentarem como para se defenderem
de inimigos maiores. Os cães domésticos, por substituição, consideram membros
do seu grupo as pessoas do agregado familiar que os adoptou. Por força das
tarefas escolares comuns e pela familiarização, é natural que os cães escolares
se constituam em matilha, formando uma heterogénea a todos os níveis, mas
igualmente sólida e importante, tão importante que sempre que chega um novo cão,
logo um dos instalados ladra, como que a dizer-lhe “tu não pertences a este
grupo”.
Esta
sensação de poder e segurança que a matilha heterogénea escolar oferece promove
o bem-estar de todos os cães e torna-os mais ousados, independentemente da sua
idade, sexo, grupo somático, raça ou tamanho. Para que isto aconteça é
fundamental evitar a todo o custo as brigas entre os cães escolares, dando a
uns travamento e a outros incentivo, porque todos são importantes e necessitam
de crescer saudáveis, livres de medos e aptos para os diferentes desafios.
Escola onde os cães se digladiam não é uma escola, quando muito será um ringue
de luta de cães.
Certa
vez conheci um tipo que se dizia treinador de cães, individuo de pouco valor e
coragem, que mandava soltar os cães ao seu encargo e permitia que todos
andassem a atacar-se mutuamente sem qualquer intervenção da sua parte, atitude
que justificava com a “explicação” : “Eles entendem-se!” Alguns nunca chegaram a entender-se e outros
de tanto apanharem acabaram sem préstimo algum. Também é célebre a atitude de
uma senhora, dita adestradora, que em tempos teve um cão grande, a quem
consentia que mordesse em todos os cães que chegavam à sua escola, como se de
uma cerimónia protocolar se tratasse e fosse urgente subordinar desse modo os
desgraçados de quatro patas que ali chegavam. Que fique bem claro – Nenhum cão
vem para a escola para ser agredido pelos outros!
Os
benefícios da matilha heterogénea escolar, constituição que cabe em primeira
instância ao adestrador, são inúmeros, porque cada cão dá o melhor de si e
todos aprendem uns com os outros, o que aumentará a curiosidade de todos
(desenvolvimento do impulso ao conhecimento) e promoverá colectivamente o
alcance de superiores patamares atlético-funcionais – sim, os cães são agentes
de ensino uns dos outros e o meu cão será tão capaz quanto capazes forem os
seus colegas de classe. Convém não esquecer que os cães precisam da matilha e a
escolar existe para que se sintam alegres e confortáveis nela!
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