sexta-feira, 3 de julho de 2020

UMA LIÇÃO DE VIDA PARA AS ESCOLAS CANINAS

Segundo o “Indiatimes” de ontem, na cidade indiana de Mumbai, outrora conhecida como Bombaim, na passada Terça-Feira logo pela manhã, numa área com o nome de Aarey Colony e que dá para uma floresta, um leopardo carregou na boca um pequeno cachorro de rua e preparava-se para fugir com ele. No entanto, graças à rápida acção da mãe do filhote e à ajuda que recebeu dos cães abandonados ao seu lado, mesmo temendo todos o leopardo, conseguiram demovê-lo de levar a cria, de tanto que lhe ladrarem e rosnarem. Apesar de ter ficados com buracos na cabeça, feitos pelos aguçados dentes do leopardo, o cachorrinho sobreviveu, foi tratado e encontra-se bem, apesar de ter saído daquele inesperado encontro com febre, provavelmente por causa das feridas que sofreu.
Todos sabemos que lobos e cães são seres sociais e que dependem de alcateias e matilhas para sobreviverem, tanto para se alimentarem como para se defenderem de inimigos maiores. Os cães domésticos, por substituição, consideram membros do seu grupo as pessoas do agregado familiar que os adoptou. Por força das tarefas escolares comuns e pela familiarização, é natural que os cães escolares se constituam em matilha, formando uma heterogénea a todos os níveis, mas igualmente sólida e importante, tão importante que sempre que chega um novo cão, logo um dos instalados ladra, como que a dizer-lhe “tu não pertences a este grupo”.
Esta sensação de poder e segurança que a matilha heterogénea escolar oferece promove o bem-estar de todos os cães e torna-os mais ousados, independentemente da sua idade, sexo, grupo somático, raça ou tamanho. Para que isto aconteça é fundamental evitar a todo o custo as brigas entre os cães escolares, dando a uns travamento e a outros incentivo, porque todos são importantes e necessitam de crescer saudáveis, livres de medos e aptos para os diferentes desafios. Escola onde os cães se digladiam não é uma escola, quando muito será um ringue de luta de cães.
Certa vez conheci um tipo que se dizia treinador de cães, individuo de pouco valor e coragem, que mandava soltar os cães ao seu encargo e permitia que todos andassem a atacar-se mutuamente sem qualquer intervenção da sua parte, atitude que justificava com a “explicação” : “Eles entendem-se!”  Alguns nunca chegaram a entender-se e outros de tanto apanharem acabaram sem préstimo algum. Também é célebre a atitude de uma senhora, dita adestradora, que em tempos teve um cão grande, a quem consentia que mordesse em todos os cães que chegavam à sua escola, como se de uma cerimónia protocolar se tratasse e fosse urgente subordinar desse modo os desgraçados de quatro patas que ali chegavam. Que fique bem claro – Nenhum cão vem para a escola para ser agredido pelos outros!
Os benefícios da matilha heterogénea escolar, constituição que cabe em primeira instância ao adestrador, são inúmeros, porque cada cão dá o melhor de si e todos aprendem uns com os outros, o que aumentará a curiosidade de todos (desenvolvimento do impulso ao conhecimento) e promoverá colectivamente o alcance de superiores patamares atlético-funcionais – sim, os cães são agentes de ensino uns dos outros e o meu cão será tão capaz quanto capazes forem os seus colegas de classe. Convém não esquecer que os cães precisam da matilha e a escolar existe para que se sintam alegres e confortáveis nela!  

Sem comentários:

Enviar um comentário