quinta-feira, 16 de julho de 2020

ALGUMAS RAZÕES E IMPLICAÇÕES DOS SALTOS CÔNCAVOS E CONVEXOS

Os saltos executados pelos cães pretendem-se convexos e não côncavos atendendo ao seu bem-estar, saúde e serviço. O modo de saltar dos cães está directamente ligado à sua morfologia, nomeadamente ao particular do seu dorso e tipo de angulações traseiras. O treino quando bem conseguido tende a melhorar o desempenho dos animais, tanto no poupar das suas energias como no aumento das suas capacidades. Com o tempo e o treino alcançam-se saltos mais convexos e perfeitos. Para além da influência da morfologia e do treino nos saltos caninos, há que considerar os factores psicológicos individuais presentes na disponibilidade para saltar, genéticos e ambientais, que tanto poderão funcionar como redutores ou potenciadores do esforço empreendido pelos cães. Para melhor compreensão do que acabámos de dizer, trazemos até aos nossos leitores dois GIFS sobre um obstáculo vertical composto, onde é possível avaliar o salto de dois cachorros irmãos de ninhada, ambos rectos de traseira, selados, de momento com a garupa mais alta do que a cernelha e sensivelmente do mesmo tamanho. No GIF abaixo temos a correcta execução e no seguinte a anómala. O primeiro trata-se de um salto convexo e o segundo de um côncavo. Passemos às avaliações e explicações:
No GIF que temos acima é possível ver que o cão já entra ao obstáculo em galope rasgado, que a sua cabeça se encontra nivelada com a barreira de entrada a saltar e que a partir dela descreve um arco perfeito de transposição, chegando ao solo perfeitamente equilibrado de pés, o que demonstra que partiu para obstáculo alegre e decidido. A execução do cão é deliciosamente convexa para um cão com as suas características e a presença do dono vê-se encorajadora, muito embora o condutor “tenha borrado a pintura” na saída do salto, ao causar impacto visual e com isso travamento ao cão que precisava de desacelerar lentamente. Cães que saltam assim amam os seus donos e são felizes, dificilmente se lesionarão ou virão a ter mazelas provocadas pelos exercícios, crescerão fortes, audazes e sadios, sempre prontos para novos desafios, encontrando nos seus donos a motivação e a segurança que precisam para ir adiante.
Neste outro GIF, o que temos imediatamente acima, é-nos dado a observar um cão completamente desalentado a partir para o salto, que mesmo obrigado, não entra a galope e evoluiu em marcha forçada, com o focinho bem abaixo da altura da primeira barreira a transpor, saltando curto e por desequilíbrio pelo desuso da espádua e abuso da garupa, alcançando o solo numa marcha algo escangalhada e imprópria para um cão da sua idade e envergadura. Dito isto, está na cara que estamos na presença de um salto côncavo e lesivo para o animal, que a continuar assim não alcançará os índices atléticos desejáveis e possíveis para a sua raça. A que se deverá tamanha resistência e a aversão ao obstáculo, uma vez que o cão treina desde os 4 meses (tem agora 8), é robusto e saudável, e também capaz de escorraçar à ordem qualquer intruso? A questão pouco ter a ver com o obstáculo em si mesmo, mas com a desconfiança que o animal tem pela dona, com o medo do castigo, com o receio de errar e de ser vivamente repreendido. O cão com carinho vai lá, a dona tem que deixar de ser áspera, o animal ainda é um cachorro e está louco por aprender, quem o irá ensinar? É urgente que a dona faça as pazes com o cão, antes que ele se transforme num imprestável ou ela o rotule disso!
Nada no adestramento deverá ser forçado e tudo deverá provir da confiança que os cães depositam em nós, só possível pela dedicação, paciência e amparo que lhes prestamos, para além de altas dosagens de empatia e sensibilidade, que uma vez postas em prática, tendem a eliminar os nossos arrufos e os rudes laivos do nosso descontentamento. 

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