Os
saltos executados pelos cães pretendem-se convexos e não côncavos atendendo ao
seu bem-estar, saúde e serviço. O modo de saltar dos cães está directamente
ligado à sua morfologia, nomeadamente ao particular do seu dorso e tipo de
angulações traseiras. O treino quando bem conseguido tende a melhorar o
desempenho dos animais, tanto no poupar das suas energias como no aumento das
suas capacidades. Com o tempo e o treino alcançam-se saltos mais convexos e
perfeitos. Para além da influência da morfologia e do treino nos saltos
caninos, há que considerar os factores psicológicos individuais presentes na
disponibilidade para saltar, genéticos e ambientais, que tanto poderão funcionar
como redutores ou potenciadores do esforço empreendido pelos cães. Para melhor compreensão
do que acabámos de dizer, trazemos até aos nossos leitores dois GIFS sobre um
obstáculo vertical composto, onde é possível avaliar o salto de dois cachorros irmãos
de ninhada, ambos rectos de traseira, selados, de momento com a garupa mais
alta do que a cernelha e sensivelmente do mesmo tamanho. No GIF abaixo temos a
correcta execução e no seguinte a anómala. O primeiro trata-se de um salto
convexo e o segundo de um côncavo. Passemos às avaliações e explicações:
No
GIF que temos acima é possível ver que o cão já entra ao obstáculo em galope
rasgado, que a sua cabeça se encontra nivelada com a barreira de entrada a
saltar e que a partir dela descreve um arco perfeito de transposição, chegando
ao solo perfeitamente equilibrado de pés, o que demonstra que partiu para
obstáculo alegre e decidido. A execução do cão é deliciosamente convexa para um
cão com as suas características e a presença do dono vê-se encorajadora, muito
embora o condutor “tenha borrado a pintura” na saída do salto, ao causar
impacto visual e com isso travamento ao cão que precisava de desacelerar
lentamente. Cães que saltam assim amam os seus donos e são felizes, dificilmente
se lesionarão ou virão a ter mazelas provocadas pelos exercícios, crescerão
fortes, audazes e sadios, sempre prontos para novos desafios, encontrando nos
seus donos a motivação e a segurança que precisam para ir adiante.
Neste
outro GIF, o que temos imediatamente acima, é-nos dado a observar um cão
completamente desalentado a partir para o salto, que mesmo obrigado, não entra
a galope e evoluiu em marcha forçada, com o focinho bem abaixo da altura da
primeira barreira a transpor, saltando curto e por desequilíbrio pelo desuso da
espádua e abuso da garupa, alcançando o solo numa marcha algo escangalhada e
imprópria para um cão da sua idade e envergadura. Dito isto, está na cara que
estamos na presença de um salto côncavo e lesivo para o animal, que a continuar
assim não alcançará os índices atléticos desejáveis e possíveis para a sua raça.
A que se deverá tamanha resistência e a aversão ao obstáculo, uma vez que o cão
treina desde os 4 meses (tem agora 8), é robusto e saudável, e também capaz de
escorraçar à ordem qualquer intruso? A questão pouco ter a ver com o obstáculo
em si mesmo, mas com a desconfiança que o animal tem pela dona, com o medo do
castigo, com o receio de errar e de ser vivamente repreendido. O cão com
carinho vai lá, a dona tem que deixar de ser áspera, o animal ainda é um
cachorro e está louco por aprender, quem o irá ensinar? É urgente que a dona
faça as pazes com o cão, antes que ele se transforme num imprestável ou ela o
rotule disso!
Nada
no adestramento deverá ser forçado e tudo deverá provir da confiança que os
cães depositam em nós, só possível pela dedicação, paciência e amparo que lhes prestamos,
para além de altas dosagens de empatia e sensibilidade, que uma vez postas em
prática, tendem a eliminar os nossos arrufos e os rudes laivos do nosso descontentamento.
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