Todos os anos, por alturas do S. Martinho, realiza-se a Feira Nacional do
Cavalo na Golegã, evento popular bastante concorrido que faz jus à máxima: “o
que melhor levamos desta vida é comer, beber e…satisfazer outros desejos”, já
que não faltam “comes e bebes” nas tascas e os romances proibidos acompanham a
realização do certame, com o seu quê de saudosista, marialva e até quixotesco,
porque não há gato-sapato que não ouse montar a cavalo, julgando-se mestre na
arte de bem cavalgar, cavaleiro andante, protector de desafortunadas damas e
até estribeiro-mor de el-Rei, ainda que seja um fardo de palha montado em cima
dum penco (pangaré). É costume por aquelas bandas, quiçá pela influência do
álcool e pelo gosto de aldrabar (remédios corriqueiros prá miséria crónica),
ouvir-se falar de doces enleios em quartos alugados e na venda de cavalos por
um preço astronómico, o que raramente corresponde à verdade. Desafortunadamente
passa-se o mesmo com a venda dos cachorros na boca dos seus criadores, que
acabam por vendê-los mais barato do que apregoam, com medo que ninguém lhes
pegue e acabem por ficar com eles todos. Assim vai a canicultura portuguesa, à
espera de dias melhores, profundamente ligada aos desígnios da classe média, doce
mãe para quem compra e despudorada madrasta para quem cria.
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
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