domingo, 22 de novembro de 2015

O MATERIAL TEM SEMPRE RAZÃO

Literalmente ao virar da esquina, encontrei um trintão com um Bulldog Francês de oito meses a passear, o homem a reboque e o cão esganado por enforcador metálico, que evoluía disparatado e debaixo de engasgo. Segundo o parecer daquele impróprio condutor canino, sem o concurso do estrangulador jamais conseguiria trazer o animal à rua, porque puxa que nem um desalmado e não atenta para os reparos. Adiantou ainda que no princípio usou um peitoral e que o cão foi objecto de instrução escolar lá para os lados de Algés, não esclarecendo quanto tempo por lá andou e quais os resultados obtidos, muito embora tudo indique que a assiduidade escolar de ambos não tenha sido muito grande considerando as dificuldades patenteadas. Apostado em resolver-lhe o problema de “histórico” do cão, peguei no animal e operei a devida correcção, pormenor que durou 5 minutos e que muito espantou o homem, não sem que antes tivesse dado cabo da minha mão esquerda por conta da trela ser de fita e abrasiva. Nestas coisas do adestramento, como em tantas outras, o material tem sempre razão, as trelas deverão ser redondas e de material não abrasivo, o que tornará cómodo e facilitará de sobremaneira o trabalho a efectuar pelos condutores. Como complemento, importa dizer que os cães braquicéfalos, considerando as suas dificuldades respiratórias e cardíacas, deverão usar coleiras e não enforcadores ou estranguladores e, como o Bulldog Francês é naturalmente bruto, o uso de peitorais pode ser contraproducente, uma vez que podem instigá-lo à tracção e perpetuar o arraste.

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