domingo, 22 de novembro de 2015

ELES E AS ÁRVORES MORREM DE PÉ!

A frase “as árvores morrem de pé” é-nos particularmente grata, porque traz-nos à memória a Sr.ª D.ª Palmira Bastos (1875-1967), uma renomada actriz de teatro portuguesa, filha de pais espanhóis e actores de teatro ambulante, que já de avançada idade, a rondar os 90 anos, representou notavelmente uma peça de teatro com o mesmo nome, da autoria do espanhol Alejandro Casona (Alejandro Rodríguez Álvarez), levada à cena no Teatro Avenida donde viria a ser televisionada e por isso conhecida do grande público. Nela, como protagonista, Palmira Bastos diz no seu final: “Morta por dentro, mas de pé, de pé, como as árvores”, frase que ficou célebre na televisão portuguesa e que possivelmente marcou uma das maiores actuações de sempre desta memorável actriz. Também os cães morrem de pé, ao morrerem primeiro por dentro no cumprimento das suas missões ou encargos, quando sujeitos a grandes e sistemáticas tensões que os levarão ao desgaste e  inevitavelmente ao encurtamento dos seus dias, graças ao stress provocado pelo trabalho e pela participação nas mais variadas modalidades desportivas, que tornando-os obcecados, os sujeitam a duras sobrecargas e a tarefas repetitivas sem que eles desistam, finando-se mais tarde como autómatos, quando a “máquina” deixar de responder. Exige-se, em abono do bem-estar canino, que as respostas artificiais operadas pelo condicionamento não inibam as que lhe são naturais, que a cumplicidade entre homens e cães não se resuma somente aos momentos de trabalho, que o uso dos cães não suplante os seus momentos lúdicos, de supercompensação e descanso, porque tudo fazem, inclusive morrer de pé e lentamente, para nos servirem e agradarem. Gostar de cães não se coaduna com tamanho tormento, há que respeitá-los pelo que são e não pelo que representam, porque se sujeitam a vários traumas, sendo alguns deles de difícil eliminação.

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