A frase “as árvores morrem
de pé” é-nos particularmente grata, porque traz-nos à memória a Sr.ª D.ª
Palmira Bastos (1875-1967), uma renomada actriz de teatro portuguesa, filha de
pais espanhóis e actores de teatro ambulante, que já de avançada idade, a
rondar os 90 anos, representou notavelmente uma peça de teatro com o mesmo
nome, da autoria do espanhol Alejandro Casona (Alejandro Rodríguez Álvarez),
levada à cena no Teatro Avenida donde viria a ser televisionada e por isso conhecida do
grande público. Nela, como protagonista, Palmira Bastos diz no seu final: “Morta
por dentro, mas de pé, de pé, como as árvores”, frase que ficou célebre na
televisão portuguesa e que possivelmente marcou uma das maiores actuações de
sempre desta memorável actriz. Também os cães morrem de pé, ao morrerem
primeiro por dentro no cumprimento das suas missões ou encargos, quando
sujeitos a grandes e sistemáticas tensões que os levarão ao desgaste e inevitavelmente ao encurtamento dos seus
dias, graças ao stress provocado pelo trabalho e pela participação nas mais
variadas modalidades desportivas, que tornando-os obcecados, os sujeitam a
duras sobrecargas e a tarefas repetitivas sem que eles desistam, finando-se
mais tarde como autómatos, quando a “máquina” deixar de responder. Exige-se, em
abono do bem-estar canino, que as respostas artificiais operadas pelo
condicionamento não inibam as que lhe são naturais, que a cumplicidade entre
homens e cães não se resuma somente aos momentos de trabalho, que o uso dos
cães não suplante os seus momentos lúdicos, de supercompensação e descanso,
porque tudo fazem, inclusive morrer de pé e lentamente, para nos servirem e
agradarem. Gostar de cães não se coaduna com tamanho tormento, há que
respeitá-los pelo que são e não pelo que representam, porque se sujeitam a
vários traumas, sendo alguns deles de difícil eliminação.
domingo, 22 de novembro de 2015
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