No ano passado 5 a 10% dos
cães militares usados pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos mostraram
evidências claras de stress pós-traumático, quando usados nas diferentes
guerras e conflitos como detectores de explosivos, de soldados inimigos e no
varrimento de edifícios, afecção mental até agora desconsiderada por várias
razões e que hoje se encontra comprovada, em tudo idêntica àquela que poderá
afectar os seus tratadores e demais soldados, apesar desse stress
pós-traumático poder também acontecer entre os cães de uso policial e até
civil, como acabámos de referir na rubrica anterior. A doença entre os cães
militares manifesta-se maioritariamente através do medo de soldados, disparos e
rebentamentos, temores que normalmente alteram o seu comportamento em relação
aos seus tratadores, tornando-os mais agressivos, dependentes ou tímidos,
impedindo assim o cumprimento das suas tarefas. A doença já havia sido
detectada em 2010 pelo Dr. Walter F. Burghardt Jr., Chefe de Medicina
Comportamental no Hospital de Cães Militares Daniel E. Holland, na Base da
Força Aérea de Lackland, localizada em San António no Texas/USA. Contudo, as
opiniões não são unânimes e alguns veterinários não reconhecem o stress
pós-traumático como um fenómeno comportamental.
O tratamento da doença
varia consoante os casos, crendo muitos clínicos que a sua cura peremptória
dificilmente sucederá, já que os cães são precariamente equilibrados, o que
alvitra a possibilidade de reincidirem nos traumas. Segundo o que a experiência
tem revelado, quanto mais cedo for detectada a doença melhor, porque as
hipóteses de cura são substancialmente maiores. Geralmente usam-se ansiolíticos
a curto prazo e nos casos mais difíceis antidepressivos a longo prazo. Para
além da ajuda medicamentosa, os cães deverão ser treinados outra vez para se
tornarem insensíveis aos eventos e situações angustiantes, cabendo aos seus
tratadores acompanhá-los no vencer das dificuldades. A somar a isto, há
clínicos que defendem o uso de contra procedimentos na recuperação dos animais,
estratégia que tem sido bem-sucedida pelo reforço do comportamento que induz ao
acerto nas tarefas, apesar de não se poder apagar da memória canina a
ocorrência de um ou mais traumas somente pelo ensino de habilidades de
enfrentamento. Raros são os casos de cães enviados para um Hospital Militar situado
na Holanda e especializado no combate a esta doença, porque normalmente são
avaliados e tratados no terreno pelos seus clínicos usuais e até nos locais onde
são ou foram adestrados.
Sem comentários:
Enviar um comentário