segunda-feira, 2 de novembro de 2015

BRENO D’ACENDURA BRAVA: NASCIDO EM ALCAINÇA PARA RASTREAR NA ALEMANHA

Apesar de termos exportado (também importámos) Pastores Alemães para todos os continentes, de enviarmos alguns para várias polícias africanas, de vermos congelado o sémen de dois deles para futura utilização (já na década de 90) e da sua qualidade ser respeitada um pouco por toda a parte, por se evidenciarem em distintos serviços e provas, nunca embandeirámos em arco, porque mais nos importava a satisfação dos donos que o nosso enaltecimento. Debaixo deste princípio e não por ingratidão aos cães, raramente fizemos menção dos seus feitos. Tardiamente, porque já morreu, vamos falar aqui do Breno D’Acendura Brava, um pastor nascido na Escola de Alcainça/Mafra, em 03/11/97, filho de Brusko-Grau da Quinta do ABC (cinzento) e da Zulmi (preta-afogueda), um cão de trabalho e um rastreador de nomeada, registado sob o nº 175245 no LOP e conduzido pela Sr.ª Liliana Wieman, uma cidadã argentina casada com um alemão, um alto funcionário da Tabaqueira Philip Morris, dos quais não temos hoje notícia. A foto que introduz este artigo é do Breno já em avançada idade, facto comprovado pelas faces brancas e ausentes de máscara.
 Este preto-afogueado de pelo duro, com alguns remoinhos no manto, decorrentes dos cães de pêlo de arame usados nos primórdios da raça, de construção maioritária em lobeiro e em negro, resultante das linhas do Brusko, Warrior e Schwartz, cães que se notabilizaram entre nós, o primeiro por ser um rastreador pouco visto, o segundo por ter um coeficiente de aprendizagem altíssimo e o último pela sua valentia, não era um cão de encher o olho quando comparado com os outros da sua idade que produzíamos naquela época, medindo 64cm de altura e pesando 36kg, contrariamente aos seus colegas de classe, todos eles acima dos 42kg, uns de tamanho dentro do limite de tolerância admitido pela raça e outros um pouco acima dele (entre os 69 e 73cm). Trabalhou entre nós 1 ano e ainda nos lembramos das suas prestações e da sua irreverência, assim como da introversão e humildade da sua dona. Herdou do pai o excelente nariz, do Warrior a curiosidade e o gosto por aprender e do seu avô Schwartz a tenacidade, a teimosia e o tamanho (este exemplar negro media apenas 60cm de altura, sobrando-lhe em valentia o que lhe faltava em tamanho). O Breno viria a acompanhar as andanças da família, primeiro para a Suíça e depois para a Alemanha.
E foi na Alemanha que se notabilizou como cão de trabalho e um excelente pisteiro, mantendo-se no activo e concorrendo a provas até aos 12 anos de idade, alcançando na sua esmagadora maioria a nota de “excelente” e por vezes 100 pontos nos 100 possíveis! Nascido à sombra do Convento de Mafra, viria a revelar-se um rastreador de nomeada em terras teutónicas, tendo igual prestação nas diferentes Estações do Ano. Não sabemos com que idade se finou, mas temos a certeza de duas coisas: que teve uma vida plena e uma dona que sempre o amou! Cães de idêntica qualidade e com a mesma matriz encontram-se nas mãos de ex-alunos nossos, merecendo especial destaque a cadela Dharma, propriedade do Sr. Luis Matos, uma fêmea vermelha em tudo igual ao melhor que já produzimos e que carrega o excelente impulso ao conhecimento que notabilizou o Warrior D’Acendura Brava e o McLarambee do Casal da Coutana, seus ascendentes. Cães da mesma linha poderão ainda ser vistos junto dos Srs. António da Cunha, Augusto Ribeiro, Isabel Paiva da Silva, Joana Moura, Maria Duarte, Pedro Carvalho, Rui Santos e Tiago Coelho Soares, entre outros. Resta dizer que o Breno descendia directamente das antigas linhas alemãs de trabalho e, como tantos outros, cumpriu com o propósito para que foi criado.

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