quarta-feira, 11 de março de 2015

OS CÃES DA OKETZ (עוקץ יחידת) SERÃO MELHORES?

Quando se fala em cães de guerra vêm-nos logo à memória os que se encontram a prestar serviço no Afeganistão e nem nos lembramos doutras guerras, conflitos ainda mais antigos, onde os cães são também chamados a intervir, como é o caso da guerra palestino-israelita, que dura há décadas e sem fim à vista, tardando a paz que Yitzhak Rabin tanto procurou e que se tornou mais difícil depois do seu assassinato. Todos os exércitos nacionais têm orgulho nas suas unidades cinotécnicas, considerando-as as melhores e as Forças de Defesa Israelita não escapam à regra quando se pronunciam a sobre a sua Unidade Oketz, uma força possivelmente fundada em 1939, desmantelada 15 anos mais tarde e reactivada em 1974. Mas serão os cães da Oketz superiores aos de outras forças internacionais? E se são, donde lhes virá a supremacia?
Avaliando aquilo que nos chega, do ponto de vista operacional, nada há de surpreendente que justifique uma clara supremacia daqueles cães em relação aos seus congéneres doutras paragens, porque os métodos, os exercícios e os cães são em tudo iguais aos outros. A haver diferenças e certamente as haverá, mais terão a ver com o particular daquela guerra e dos seus opositores do que com a novidade de métodos, a qualidade dos cães e a dos seus treinadores (tratadores). A primeira grande vantagem que apresentam é o seu aparecimento de surpresa, e se o segredo é alma do negócio, na guerra ele induz à vitória por retardar ou impossibilitar a defesa, ainda que jamais pensássemos haver tanta informação das “IDF” (Israel Defense Forces) na Internet, onde não faltam comentários, fotos e vídeos, alguns até altamente comprometedores e nada honrosos.
Naquele cenário de guerrilha urbana, que por vezes lembra a caça ao homem na fronteira entre os Estados Unidos e o México, onde a desproporção de meios é por demais evidente, para além do efeito surpresa, os cães partem debaixo doutras vantagens, porque são mais polícias do que soldados, já que os seus oponentes encontram-se desarmados, temem-nos, são inexperientes, não sabem como combatê-los e raramente lhes fazem frente, pondo-se em fuga na maioria dos casos, o que facilita de sobremaneira o seu trabalho e mantém-lhes a moral, potenciando assim os seus ataques e capturas pela certeza do sucesso.
Qualquer cão nestas condições produzirá o efeito esperado, ainda mais quando enquadrado entre soldados humanos que com ele dividem as acções, restando-lhe somente operar as capturas. Como as acções são recorrentes, a moral vai alta, os inimigos/cobaias não faltam e não lhes causam dano, estes cães, com possibilidade de treinarem no meio das missões, partem para elas ávidos e resolutos, tornando-se gradualmente mais atentos, decididos e eventualmente letais, condições que os tornarão superiores a outros menos solicitados e com menor experiência.
A Unidade Oketz, ao que tudo indica, encontra-se bem apetrechada de meios e instalações, nomeadamente de pistas tácticas e de aparelhos mecânicos para o exercício dos cães, sendo uma unidade independente das forças especiais israelitas dedicada ao treino canino para uso em operações militares. Originalmente foi criada para dar combate aos sequestradores e hoje prepara os seus cães de ataque para acções urbanas e rurais, quando importa perseguir e caçar indivíduos subversivos.
Para além destes, outros são treinados para sentinelas e batedores, para guardar perímetros e instalações-chave, para detectar inimigos infiltrados e dar-lhes caça, para perseguir alvos seleccionados, auxiliar nas defesas fronteiriças, para procurar armas, munições e explosivos escondidos, encontrar pessoas em prédios desmoronados e extrair terroristas de edifícios fortificados. Estes cães encontram-se ainda preparados para todo e qualquer tipo de transporte, embarque e desembarque em diferentes ecossistemas e anfiteatros operacionais, invadindo ou defendo posições que lhe são confiadas, constituindo-se como parte das tropas de guarnição e assalto. O contributo militar canino é tão importante que, no Afeganistão, os talibãs não hesitam em bombardear os canis dentro das unidades militares, fazendo deles um dos seus alvos preferenciais.
Como não podia deixar de ser, porque são cães de guerra, treinam o ataque a alvos imóveis, progridem debaixo de fogo e exercitam-se exaustivamente em obstáculos de vária índole. Hoje a Oketz prefere o Pastor Belga Malinois aos Rottweilers e Pastores Alemães de outrora, muito embora mantenha nas suas fileiras alguns deles, porque o cão Belga é suficiente para atacar eficazmente o inimigo, é mais pequeno e o particular do seu manto, (curto, menos denso e de cor neutra) é mais resistente à insolação e presta-se à camuflagem naqueles ecossistemas. O Malinois da foto seguinte apresenta-se com botas de protecção, próprias para as patrulhas mais longas, para pisos quentes, duros e rochosos, e também para evoluções entre erva alta ou arbustos espinhosos, acessórios que os cães de guerra não tiveram na Guerra Colonial Portuguesa e no Vietname, o que limitou a sua acção e contribuiu para um sem número de infecções e doenças. E se elas são indispensáveis nestes ecossistemas, sê-lo-ão também naqueles mais frios e gelados, com temperaturas negativas constantes e pisos de gelo, não sendo de estranhar que façam parte do equipamento dos cães de trenó.
A supremacia dos cães da Oketz (a quem muitos chamam “craques”), quando comparados com outros, resulta da experiência de guerra israelita e do conhecimento objectivo e profundo dos seus inimigos, do intercâmbio com outras unidades estrangeiras e do avanço da sua cinotecnia, que teve o seu início na década de 30 do Século passado, factores determinantes para o treino que garante o sucesso nas suas missões. Oxalá a guerra acabe, queira Deus que a paz não tarde e que árabes e judeus possam viver como irmãos, sem raids, rockets, bombardeamentos, homens-bomba e cães à perna! 

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