Excepcionalmente ao abordarmos o Howavart, não vamos abordar pormenores
morfológicos ou adiantar o seu estalão, porque qualquer o pode fazer mediante
consulta, o que nos liberta imediatamente de algum embaraço e possibilita a sua
abordagem como cão familiar e de guarda, funções que executa como poucos e que
continuam a justificar a presença desta raça entre nós, ainda que pouco
conhecida em Portugal e pouco divulgada no Mundo. À primeira vista lembra um
pastor alemão de pelo comprido com as orelhas abatidas ou um mestiço dessa raça,
mas visto mais de perto percebemos que não é nada disso e reconhecemos-lhe
características molossóides, uma inesperada “souplesse” de andamentos e uma nobreza de carácter inconfundível. Hoje
a maioria dos Howavarts são negros mas também os há preto-afogueados e
vermelhos.
A sua história é muito antiga e remonta aos inícios do Séc. XIII,
notabilizando-se na altura um exemplar desta raça que livrou das mãos dos
eslavos um príncipe alemão recém-nascido, que haviam sitiado o castelo do seu
pai, acabando por matá-lo. Em 1473, em plena Idade Média, a raça foi
considerada por Heinrich Mynsinger uma das mais nobres entre as cinco
reconhecidas como tal. Passado o período medieval e no início do Séc. XX a raça
entrou em declínio e quase desapareceu, vindo gradualmente a ser substituída
por outras raças de trabalho, nomeadamente pelo Cão de Pastor Alemão. Por volta
de 1915, um grupo capitaneado pelo zoólogo alemão Kurt Friedrich König decidiu
salvar a raça, melhorando-a com o Kuvaszok Húngaro, Pastor Alemão, Terra Nova,
Leonberg, Bouvier Bernois e até com um cão de caça africano. Em 1937, graças a
esse esforço, o Clube de Canicultura Alemão viria reconhecer em o Howavart. Com a eclosão da II Guerra
Mundial, que muito requisitou Howavarts pelas suas qualidades, sobraram no seu
final muito poucos exemplares. Em 1947, um grupo de entusiastas pela raça,
liderado por Otto Schramm, levou a cabo a sua recuperação, ao fundar o Clube
“Rassezuchtverein für Howavart-Hunde Coburg”, trazendo o Howavart até aos
nossos dias. Em 1964, o Clube de Canicultura Alemão reconheceu o Howavart como
a 7ª raça de trabalho do país, facto que incrementou a sua procura e
proliferação para além das fronteiras germânicas (não existem muitos exemplares
em Portugal).
O Howavart é um cão seguro de carácter, maioritariamente silencioso,
pouco efusivo nas suas manifestações, de olhar sério e observador, que não se
intimida facilmente e não liga para provocações, dificilmente confunde alvos e
quando carrega é para valer. É resistente ao castigo, territorial, gregário e
protector, goza de boa sociabilização com os outros animais e é naturalmente
impoluto e incorruptível, pouco dado a qualquer tipo de chantagens e que não usa
a sua tremenda força gratuitamente. Sobra-lhe da herança molossóide a tendência de
pensar e agir livremente, alguma teimosia e resistência, dispensando maiores
preparos na disciplina de guarda, porque opera ataques multidireccionais e a
vários golpes a zonas vitais, tanto pela retaguarda como pela frente dos
agressores, tornando-se quando experimentado praticamente indefensável, muito
embora seja um cão mais defensivo do que ofensivo, mais inclinado ao
contra-ataque do que ao ataque propriamente dito.
Exige um dono experiente e comedido, conciso e apegado aos
procedimentos, porque antevê e reage contra os abusos e injustiças. Quando
comparado com o Rottweiler é mais distante e menos afectuoso, mais reservado e
menos brincalhão, reagindo a diferentes motivações. Tem um senso de justiça
tremendo, não carrega nos mais fracos e tende a proteger as crianças, suportando
sem queixas as suas tropelias e participando nas suas brincadeiras. A raça
apresenta dimorfismo sexual.
Se o seu carácter enche o
olho a quem gosta de cães sérios e nada dados a tremeliques, a sua biomecânica
não lhe fica atrás, apesar de ter um quociente de envergadura médio de 1.7 e
pesar mais 12% do que um Pastor Alemão, do qual é em média um pouco mais alto e
pesado. Na verdade estamos na presença de um falso lento, porque o seu
semblante é pachorrento e as suas rectas articulações traseiras não indiciam a
sua capacidade de manobra e velocidade. Com facilidade atinge o trote em
suspensão e o seu galope consegue cobrir 8m/s, quando instantâneo, linear e
rasgado, sendo próprio para as pistas tácticas onde normalmente se destaca. Tem
uma excelente capacidade de impulsão, é célere na natação, não se intima
facilmente pelo fogo e equilibra-se perfeitamente sobre estruturas estreitas ou
periclitantes. É muito resistente e rústico, apresentando melhor desempenho nas
estações frias. Os Howavarts vermelhos, menos comuns, têm iguais performances
atléticas durante o ano inteiro, porque aquecem menos e necessitam de menor
tempo de recuperação. Apesar do seu tamanho ou talvez por causa dele, é
bastante comum encontrar Howavarts com 55 pulsações por minuto em descanso e
por vezes até com menos.
Dos pontos de vista físico, sensorial, psicológico e cognitivo, o Howavart encontra-se superiormente apetrechado para qualquer disciplina ou utilidade canina, não apresentando dificuldades de assimilação em qualquer uma delas, quiçá pelo melhoramento de que a raça foi alvo no Século passado. Actualmente, os Howavarts estão a ser mais usados como cães familiares, de salvamento (dentro e fora de água), guardiões, no rastreamento e na perseguição de criminosos. Tudo o que aqui dissemos acerca desta raça, não o fizemos pela boca de outros mas pelo contacto directo com alguns exemplares que dela treinámos, cães que nos ficaram na memória pela grandeza do seu desempenho e dedicação aos seus donos, que por sua vez nos aguçaram o apetite para sabermos mais sobre o Howavart., um excelente cão que para muitos continua a ser um ilustre desconhecido.
Dos pontos de vista físico, sensorial, psicológico e cognitivo, o Howavart encontra-se superiormente apetrechado para qualquer disciplina ou utilidade canina, não apresentando dificuldades de assimilação em qualquer uma delas, quiçá pelo melhoramento de que a raça foi alvo no Século passado. Actualmente, os Howavarts estão a ser mais usados como cães familiares, de salvamento (dentro e fora de água), guardiões, no rastreamento e na perseguição de criminosos. Tudo o que aqui dissemos acerca desta raça, não o fizemos pela boca de outros mas pelo contacto directo com alguns exemplares que dela treinámos, cães que nos ficaram na memória pela grandeza do seu desempenho e dedicação aos seus donos, que por sua vez nos aguçaram o apetite para sabermos mais sobre o Howavart., um excelente cão que para muitos continua a ser um ilustre desconhecido.
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