quinta-feira, 5 de março de 2015

MAIS VALE SER FRACO MAS PRECAVIDO DO QUE SER FORTE E INCAUTO

Também nos cães força e inteligência raramente combinam, pelo menos essa é a experiência que temos e que nos tem  servido de lição. Os cães mais fortes correm riscos desnecessários e desconsideram o perigo, enquanto os mais fracos, ao serem mais cautelosos, medem os riscos e não se expõem gratuitamente. Os primeiros tendem a sucumbir precocemente e os segundos a sobreviver-lhes. Conhecedores deste particular, quando somos obrigados a optar entre um cão muito-dominante e um dominante, optamos sem reservas pelo último, que em contraposição ao primeiro, por ser mais atento e moldável, com mais facilidade aprenderá os seus limites, adoptará as regras e aquilatará dos riscos para a sua salvaguarda, predicados que o outro mais assimilará pela inibição do que pelo conselho, teimando em evoluir por modo próprio. A excessiva dominância visível nalguns cães, diga-se em abono da verdade que cada vez são mais raros, acaba por causar-lhes entraves cognitivos pela inusitada prevalência dos impulso à luta e ao poder, o que à partida torna-os indesejáveis e condiciona o seu uso.
Os cães mais valentes e que enchem o olho aos sonhadores (que invariavelmente reclamam para si mesmos o estatuto de justiceiros), são animais ardilosos e recalcitrantes, carentes de travamento acérrimo e duma liderança inquestionável, normalmente desafiadores e predispostos ao disparate, que inventam serviço e não esperam ordem, que dispensam a provocação nas suas arremetidas e que insistem na procura de alvos, não se compadecendo dos fracos e chegando a atacar os donos debaixo de contrariedade ou confusão. Cães assim não foram feitos para andar ao nosso lado, mas para varrer tudo o que se atravessar na nossa frente! E como se isto não bastasse, na cegueira pela peleja, são capazes de saltar de um carro em andamento ou de se jogarem dum prédio de vários andares abaixo, para satisfazerem os seus insaciáveis instintos e impulsos, sendo por isso mesmo suicidas. Eu não quero e penso que ninguém quer um cão que seja carne para canhão, ao invés, quero um que aprenda a desviar-se da trajectória das balas, que tenha noção do certo e do errado, que não confunda inimigos e seja controlado, que tenha noção do perigo para viver mais tempo ao meu lado.

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