sexta-feira, 29 de agosto de 2014

PERFIL DUM FIGURANTE E PAINEL DE FIGURANTES

Como na disciplina de guarda ser figurante não é sinónimo de cobaia, ainda que nalguns casos isso seja imperativo, particularmente quando a indução se justifica e a idade dos cães isso exige, importa estabelecer o perfil físico e psicológico do figurante ideal, considerando o melhor preparo dos cães e a sua futura prestação. Tendo em conta a estatura média do homem europeu, convém que o figurante tenha 1.8m de altura, 85kg de peso, uma idade compreendida entre os 18 e os 35 anos, seja atleta, desinibido, resistente à dor, destemido e combativo, sem temor ao cães mas sem se expor gratuitamente, já que os indivíduos mais baixos e leves, apesar de oferecerem maior mobilidade e equilíbrio, intimidam menos, são mais frágeis e podem induzir os cães a ataques menos eficazes, o que perante um homem maior lhes pode ser fatal, por força do hábito perante surpresa. Para cães destinados à guarda real, esse figurante poderá ser habilitado ou não numa modalidade desportiva dessa categoria. Se optarmos por figurante com essas credenciais, é de todo conveniente que seja oriundo do “ring francês”, devido ao seu preparo para ataques multi-direccionais e a qualquer zona do corpo, o que de poderá vir a capacitar os animais para ataques cirúrgicos.
Mal andará uma escola canina se providenciar somente um ou dois figurantes, “os fregueses do costume”, porque os cães bem depressa os identificarão e poderão desinteressar-se de indivíduos com outras características. Para que isso não aconteça, convém ter à disposição um painel de figurantes com características bem diversas entre si e de ambos os sexos, para abranger o maior número de subtipos presentes na nossa sociedade. Com o desemprego que grassa entre os jovens, por vezes levados pela revolta ou pela procura de uma carreira, muitos são aqueles que se dedicam às artes marciais e aos desportos de combate, pelo que importa convidá-los, quando possível, para o papel de figurantes, para que os cães conheçam os seus golpes, aprendam a defender-se deles e contra-ataquem. Quem melhor que um praticante do jogo do pau poderá usar um bastão ou um stick?
Exceptuando os casos de raiva manifesta, geralmente de origem traumática, os cães tendem a desinteressar-se pelas senhoras, porque são naturalmente afáveis, não incorrem em abusos e não constituem para eles qualquer tipo de ameaça, o que não quer dizer que todas as mulheres sejam pacíficas, não se encontrem bem preparadas fisicamente e não agridam indivíduos do sexo oposto. Cada vez mais se vêem mulheres nos exércitos e na polícia, mesmo nas especialidades mais árduas e exigentes e a disputar rounds com outras. Por estranho que pareça, o número de maridos agredidos cresce a cada dia que passa e se não temos conhecimento de mais, é porque muitos dos lesados não apresentam queixa, para não se exporem ao ridículo. Como o crime e a violência não têm sexo, os figurantes femininos são parte imprescindível na preparação dos cães de guarda, facto que há muito conhecemos e que sempre nos levou ao recrutamento de senhoras para esse efeito. Citamos aqui o nome de algumas delas por ordem alfabética: Guadalupe Gomes, Isabel Silva, Margarida Jales, Joana Melo, M.ª João Costa Lobo, Maria Duarte, Sofia Firmino e Sofia Leite. Destas, algumas vieram a fazer de duplos numa série televisiva infanto-juvenil que teve como protagonista um cão, libertando as actrizes, consideradas as “más da fita”, de todo e qualquer aperto.
Com o advento de alguns cidadãos de Leste pouco recomendáveis e com a abertura das fronteiras que possibilitou o livre trânsito de pessoas e bens, muitos cães de guarda são agora neutralizados por sprays dos mais variados gases, pelo que importa somar ao ataque armado com bastão ou arma de fogo o ataque com o spray, para que os cães não evoluam para a lata, cessem precocemente os seus ataques e acabem ludibriados, temporariamente ou para sempre. Nos cães entregues à defesa de perímetros, convém condicioná-los a afastarem-se do raio de acção dos sprays, sem contudo deixarem de avisar e de intimidar. O que é válido para os cães de guarda é-o também para os de defesa pessoal, uma vez que estas armas cabem em qualquer bolso ou mala e já vêm acopladas ou disfarçadas em chapéus-de-chuva, telemóveis, bolsas, canetas e outros utensílios de uso pessoal, o que irá obrigar ao reforço dos ataques a alvos imóveis.
Obrigar à variação de figurantes é uma exigência mais do que justa para quem paga a capacitação do seu guardião, prepará-lo para a novidade de confrontos é um dever para quem recebe por esse serviço, porque se algo falhar… será o cão a sofrer as consequências! Por norma, quando se brinca no treino, o cão fica com a vida por um fio.

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