Ao contrário do que sucede lá por fora (no
estrangeiro), o número de pistas tácticas e de endurance é muito reduzido em
Portugal, havendo ainda algumas desprezadas por ausência de adestradores
capazes, o que torna os seus obstáculos obsoletos e poleiros preferenciais para
toda a casta de passarada, não raramente rodeados de mato, o que acaba por
denunciar o seu desuso e a paupérrima capacitação dos cães ao nosso encargo.
Descobrimos casualmente uma escola de cães policiais em Fontana, no Estado
norte-americano da Califórnia, onde nos foi dado a observar o concurso aos
“bidons”, obstáculo constante do perímetro exterior (também entendido como de
aquecimento), de qualquer pista táctica digna desse nome. A diferença entre os
“nossos” e os bidons “deles”, assenta em exclusivo no revestimento escolhido,
porque optaram por revesti-los por tapetes de relva sintética e nós sempre
preferimos a borracha anti-derrapante, de cor negra para contrastar com os
pisos de saibro ou relvados das nossas pistas.
Como já nos debruçámos
pormenorizadamente sobre os benefícios dos bidons, não vamos agora fazê-lo. Ao
olharmos para as duas fotos acima, é visível a disparidade na execução técnica
dos condutores, porque o americano parte atrasado (quiçá porque o cão é rápido
e necessita de travamento) e a portuguesa vai na frente, carregando ânimo como
mandam as regras, o que de certa forma torna infeliz a foto proveniente dos
“States”. Ao entrarmos na página daquela escola, diga-se que para espanto
nosso, deparámo-nos com uma foto, onde é visível um malinois a executar o
“fuster” regulável ou de preparação, denunciado pelo despropósito na saída do
cão e pelo ângulo da rede relativo ao enquadramento da foto.
O Fuster é um obstáculo táctico próprio para os
cães de perseguição e assalto, preenchendo também o currículo das “manobras de
evasão”, quando importa que os cães se libertem das cercas de rede de arame,
quer se encontre cru ou plastificado, soldado ou esticado, numa altura até aos
2.5m, podendo os animais excepcionais transpô-las até ao dobro desse valor. O
ensino deste obstáculo começa num regulável, com 2m de altura e com 80cm de
largo, que evoluiu dos 45 graus de inclinação para a posição vertical,
valendo-nos na fase inicial treino duma mesa quadrada ou redonda, elevada a 1m
e com uma área de impacto de 1.44m2, também ela revestida a borracha, para
facilitar a saída dos instruendos, até que aprendam a sair dali em segurança.
Em Portugal só conhecemos uma pista que tem um
obstáculo desta categoria e com estes propósitos, ignorando se está ser bem
utilizado ou não (oxalá que sim!). À parte disto, importa dar os parabéns à
Joana Melo e ao “Radar”, pastor alemão que ela capacitou pelas pistas tácticas
por onde andaram, lado a lado connosco e contribuindo assim para a exaltação do
nosso ensino. Se nos é permitido um desabafo, dizemos: é tão pobrezinho o
parque de obstáculos nas escolas caninas portuguesas! O que será preciso para
que enriqueça, de um milagre ou muita reza?
Os milagres em Portugal sempre esconderam a nossa
impotência e sempre ouvimos dizer que “preces de burro não chegam ao céu”.
Espera-se que as novas gerações recém-chegadas à cinotecnia tragam algo de novo
e promissor, que enriqueçam a prestação canina e retomem o trabalho esquecido,
afinal tão necessário para a salvaguarda dos cães e para o socorro dos homens.
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