Para o ano que vem,
porque neste pode já ser tarde para si, se decidir ir a Roma e ver o Papa, pode
levar o seu cão consigo e levá-lo a uma praia ali perto, a de Baubeach, situada
no Mar de Maccaresa, ao lado da reservada para a Polícia Italiana, com 15 anos
de existência e onde os cães são bem-vindos, desde que acompanhados pelos seus
donos. A sua lotação aponta para uma centena de cães, tem de área 7.000m2 e a iniciativa tem sido
um sucesso, já que entre os meses de Maio e Setembro do ano passado, por ali
passaram cerca de 7.000 cães e seu número tende a aumentar.
Para lá
entrar com o seu fiel amigo, ele precisará de ser avaliado por um “expert” em
comportamento animal. Se o seu cão for aprovado, você receberá de imediato um
guarda-sol e uma cadeira. A distribuição das áreas obedece ao tamanho dos cães,
todos podem brincar com os seus brinquedos individuais e uma equipa de funcionários
garante regularmente a desinfecção da areia (com produtos naturais). A praia
encontra-se apetrechada com bebedouros próprios para os cães, sacos para
recolher as suas fezes e até fornece protector solar para os animais com a pele
mais sensível. E como se isto não bastasse, os organizadores ainda oferecem
várias actividades, cursos e acompanhamento veterinário. O uso da praia obriga
a uma inscrição anual de 17 dólares americanos e ao
pagamento de uma entrada diária de 5 dólares (só para os cães maiores). Diga-se
em abono da verdade: de turismo entendem os italianos, porque nós só o
desaproveitamos.
Por onde andarão um ou mais empresários portugueses capazes de uma
iniciativa idêntica, já que aqui se remetem os proprietários caninos para lugares
inóspitos ou para o meio de calhaus, quer eles sejam nacionais ou estrangeiros?
Será que não temos praias que cheguem? Serão elas de qualidade inferior às
italianas? Sobra trabalho aos veterinários? A iniciativa não será rentável?
Quando nos libertaremos do bicho-de-sete-cabeças? Dizem alguns, em altos
lugares, gente a quem é reconhecida erudição, que a nossa classe empresarial
baixou à mediocridade no dia em que expulsámos os seus melhores membros, por
não terem querido ser baptizados à força. Bem que precisamos de uma escola de
empresários para substituir os que cá temos!
E enquanto eles não aparecerem (pode ser que surja um emigrante, alguém
nascido nas berças ou um estrangeiro com os olhos abertos), as arribas continuarão
a cair, as placas de proibição de acesso não pararão de aumentar e
continuaremos a malbaratar o legado dos nossos antepassados, de costas viradas
para o mar, tal qual “marinheiros de água doce”, que tendo tudo para ir além,
acabam por tropeçar uns nos outros. Quando terão os nossos cães direito a uma
praia, quer seja ela fluvial ou marítima, já que não existe nenhuma entre Nouakchott
e o Cairo?
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