sexta-feira, 29 de agosto de 2014

IR A ROMA, VER O PAPA E LEVAR O CÃO À PRAIA!

Para o ano que vem, porque neste pode já ser tarde para si, se decidir ir a Roma e ver o Papa, pode levar o seu cão consigo e levá-lo a uma praia ali perto, a de Baubeach, situada no Mar de Maccaresa, ao lado da reservada para a Polícia Italiana, com 15 anos de existência e onde os cães são bem-vindos, desde que acompanhados pelos seus donos. A sua lotação aponta para uma centena de cães, tem de área 7.000m2 e a iniciativa tem sido um sucesso, já que entre os meses de Maio e Setembro do ano passado, por ali passaram cerca de 7.000 cães e seu número tende a aumentar.
Para lá entrar com o seu fiel amigo, ele precisará de ser avaliado por um “expert” em comportamento animal. Se o seu cão for aprovado, você receberá de imediato um guarda-sol e uma cadeira. A distribuição das áreas obedece ao tamanho dos cães, todos podem brincar com os seus brinquedos individuais e uma equipa de funcionários garante regularmente a desinfecção da areia (com produtos naturais). A praia encontra-se apetrechada com bebedouros próprios para os cães, sacos para recolher as suas fezes e até fornece protector solar para os animais com a pele mais sensível. E como se isto não bastasse, os organizadores ainda oferecem várias actividades, cursos e acompanhamento veterinário. O uso da praia obriga a uma inscrição anual de 17 dólares americanos e ao pagamento de uma entrada diária de 5 dólares (só para os cães maiores). Diga-se em abono da verdade: de turismo entendem os italianos, porque nós só o desaproveitamos.
Por onde andarão um ou mais empresários portugueses capazes de uma iniciativa idêntica, já que aqui se remetem os proprietários caninos para lugares inóspitos ou para o meio de calhaus, quer eles sejam nacionais ou estrangeiros? Será que não temos praias que cheguem? Serão elas de qualidade inferior às italianas? Sobra trabalho aos veterinários? A iniciativa não será rentável? Quando nos libertaremos do bicho-de-sete-cabeças? Dizem alguns, em altos lugares, gente a quem é reconhecida erudição, que a nossa classe empresarial baixou à mediocridade no dia em que expulsámos os seus melhores membros, por não terem querido ser baptizados à força. Bem que precisamos de uma escola de empresários para substituir os que cá temos!
E enquanto eles não aparecerem (pode ser que surja um emigrante, alguém nascido nas berças ou um estrangeiro com os olhos abertos), as arribas continuarão a cair, as placas de proibição de acesso não pararão de aumentar e continuaremos a malbaratar o legado dos nossos antepassados, de costas viradas para o mar, tal qual “marinheiros de água doce”, que tendo tudo para ir além, acabam por tropeçar uns nos outros. Quando terão os nossos cães direito a uma praia, quer seja ela fluvial ou marítima, já que não existe nenhuma entre Nouakchott e o Cairo?

Sem comentários:

Enviar um comentário