quinta-feira, 17 de junho de 2010

Quando distribuir o penso diário?



Aqui está uma discussão já antiga e sempre acalorada, as opiniões dividem-se e cada um age como entende. Reportamo-nos ao horário da distribuição diária do penso a fornecer ao guardião, ainda que muitos cães sejam impróprios para o ofício e não tenham recebido qualquer tipo de adestramento prà função, o que para além de caricato pode-lhes ser fatal. Uns dizem que dão comida de manhã para que o cão se mantenha atento à noite, o que não deixa de ser verdade; outros dão comida à noite para que o cão melhor resista aos petiscos dos envenenadores, o que é também acertado. Porém, há que considerar o particular geográfico da casa, a dependência canina relativa ao relógio biológico e as variantes daí resultantes, considerando em simultâneo o treino específico de cada cão, o seu particular falível e a recapitulação dos seus códigos, porque as adaptações produzidas pelo treino não são eternas e umas são menos duradouras do que outras, sobretudo as de natureza inibitória.

A fixação do horário da distribuição do penso deve considerar a salvaguarda do cão segundo o particular geográfico da casa, antever o trabalho a realizar, a sua dureza, os horários de vigilância e os perigos a que o animal se encontra mais sujeito. Nos espaços urbanos, onde os assaltos ocorrem a qualquer hora do dia, o desgaste exercido pela função é muito maior do que o verificado nas zonas rurais, onde o policiamento recai essencialmente sobre as horas mortas e durante a noite, o que obriga a necessidades suplementares de energia e à divisão ou reforço dos pensos diários, atendendo à delonga e à dureza da vigilância face ao perigo do envenenamento.

Quando falamos de um só penso diário, estamos a referir-nos em exclusivo aos cães adultos, porque os cachorros carecem de várias refeições ao dia, que vão diminuindo gradualmente até atingirem a idade adulta. A quantidade do penso a distribuir deverá considerar o CAP (coeficiente altura-peso) de cada cão indicado pelo seu estalão, isto se ele indicar qual a altura e peso médios dos exemplares dessa raça, o que nalguns casos é omisso. Ao dividir-se a altura pelo peso encontra-se o CAP fornecido pelo estalão. Tomando como exemplo um CPA macho de 63 cm de altura, é desejável que ele apresente um CAP de 1.8 e pese exactamente 35 kg (63:1.8 = 35). Neste caso, o dos cães de CAP de 1.8, a quantidade de ração a distribuir diariamente deverá ser igual a 1/100 da sua altura (63 cm = 630 g). O CAP de 1.8 é típico dos versáteis cães médios e pode ser encontrado em várias raças de trabalho, desde que não sejam molossos, lebreiros ou miniatura. A partir do valor indicado pelo CAP de 1.8 se poderá chegar aos demais, considerando a mesma altura (ex: 1.8 dá 630 g, 2.2 dará X e X será igual a 630 x 1.8 a dividir por 2.2, logo X será sensivelmente igual a 515 g). Não se tratou aqui dos cães obesos dentro de cada raça, animais a precisar de dieta, porque não os imaginamos em condições para trabalhar. A ração que considerámos é a típica para os cães de actividade e deverá ter 28% de proteína e 20% de gordura. Para efeitos de trabalho quando consideraremos um cão adulto? Quando cessar a sua curva de crescimento vertical, algo que acontecerá entre os 12 e os 18 meses de idade.

Retornemos ao assunto principal: quando distribuir o penso diário. Qualquer desempenho canino deve considerar a natureza do cão e a sincronia que teima em manter com o relógio biológico, no intuito de lhe evitar maiores esforços e potenciar a sua prestação, já que o percentual de humidade e as oscilações de temperatura influem directamente no seu apetite e levam-no a comer em horários diferentes. Assim, o comer de manhã ou à noite só por si não está certo, porque o animal deve ser alimentado quando mais precisa e em função da estação do ano que atravessa. Ele opta por comer à noite pelo Verão ou quando a temperatura sobe e mostra apetite logo pela manhã no Inverno ou quando as temperaturas são mais baixas. E isto deve ser tomado em consideração, por implica num melhor suprimento do animal e diminui-lhe significativamente os riscos, mantendo-o capaz para a função e mais atento. Se invertermos esta tendência e o cão comer pela manhã no Verão, ele irá passar a noite de barriga vazia, exactamente quando a temperatura é mais baixa e convidativa para uma maior actividade, o que o torna mais vulnerável diante da oferta de petiscos indesejáveis. Do mesmo modo, se lhe distribuirmos o penso no Inverno à noite e diante de temperaturas mais baixas ou negativas, o cão enroscar-se-á para manter a temperatura corporal e acabará por dormir ou ficar desatento. A teimosia que leva à fixação do horário do penso, contrariando a influência do relógio biológico, serve melhor os propósitos dos donos que as necessidades energéticas dos cães. O cão deverá comer à noite no Verão e de manhã no Inverno.

A transição do penso matinal para o nocturno e vice-versa deve acontecer nas estações intermédias, respectivamente na Primavera e no Outono, de modo gradual e ao longo das suas 13 semanas de duração, na Primavera por adiantamento e no Outono por atraso. Estes cuidados não dispensam o treino da recusa de engodos, a sua recapitulação ou reciclagem, garantindo somente a melhor prestação funcional e autonomia desejável prà tarefa. Obedecendo ao mesmo princípio e porque muitos são os cães em muda constante, também os teores de gordura deverão ser administrados de acordo com a estação do ano, mais gordos nas estações frias e menos gordos nas estações quentes. A imutabilidade do penso distribuído aos cães tem sido responsável pelo aparecimento de várias doenças e tem contribuído para o encurtamento dos seus dias. O que aqui se disse reforça a importância da lei natural contra a ineficácia do artificialismo da norma humana, que ao ser fictícia, pode condenar os nossos preciosos auxiliares. Manifestamos desde já a nossa disponibilidade para prestar maiores esclarecimentos sobre este assunto que consideramos de vital importância.

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