Os mais jovens ignoram o que vai pela cabeça dos mais maduros e nós mesmos surpreendemo-nos com o avançar da idade, ainda que os mais radicais pensem que somos como fruta extra madura, daquela prestes a cair da árvore, que ao esborrachar-se no chão, correrá o seu destino e evidenciará a sua inutilidade. Quando tinha ¼ da idade que tenho hoje, pensava que um homem de 30 anos era velho, via os mais idosos como incapazes e como gente sem préstimo, porque não corriam, apresentavam dificuldades de vária ordem, eram geralmente azedos e pareciam viver num mundo à parte. É evidente que não os havia conhecido na sua mocidade, para mim sempre foram velhos e agora que me aproximo deles, descubro o quanto estava enganado. Um dia destes tive um sonho, coisa a que nunca fui muito dado, mas fustigado pela tradição judaico-cristã, logo procurei para ele um significado.
Nele quadruplicava a minha força, resistência e inteligência, tinha mais 25 cm de altura, uma envergadura nunca vista, outra tez e outra cor de olhos, mãos e pés doutro desenho e revelava-me imortal. E porque os sonhos têm destas coisas, vi-me sair daquela criatura, confrontei-me com ela e reparei na estranheza daquele super-homem. Ainda que gostasse, aquele homem não era eu e acordei sobressaltado, disposto a compreender os avisos e trapalhadas do meu subconsciente, questionando-me porque raio me tinha assolado tal ideia, muito embora ela não me parecesse alheia ou de todo estranha e apontasse para um “Déjà vu”.
Depois de muito matutar (porque não acredito no acaso, procuro a lógica das coisas e o seu significado e nem sempre o encontro), descobri finalmente quem era aquela criatura: o cão, animal a que me tenho dedicado com afinco nestes últimos trinta anos, um companheiro tão moldável como a plasticina, mais devotado que os amigos de ocasião, capaz de façanhas para ele inimagináveis e um altruísta de eleição, um verdadeiro super-homem ou simplesmente um cão, porque ele vai onde não consigo, suporta o que não aguento, ultrapassa as minhas limitações, zela pela minha segurança e sempre aposta no meu bem-estar. Todo o cão é um super-cão e espelha em simultâneo o melhor ou o pior dos seus donos. Com o que sonhará um adestrador que vive para o que faz e ainda lhe falta tempo?
Meus amigos, os vossos cães serão aquilo que vocês quiserem e quando não o são, a culpa será sempre vossa, porque não se fizeram entender, não os compreenderam, não encontraram a linguagem certa ou desprezaram as condições para tal. Tudo resulta da experiência dividida e o resultado alcançado é proporcionalmente igual ao vosso empenho. De outro modo como reverteremos o carinho dispensado em protecção, o trabalho numa tarefa específica e alcançaremos a complementaridade? Perante a incapacidade de nos podermos transformar, o cão vem em nosso auxílio, equilibrando-nos e fazendo-nos chegar aonde não chegaríamos sozinhos. Ele não é e não pode ser um Deus, porque vive na nossa estrita dependência, o que nos obriga a salvaguardá-lo eficazmente. Afinal sonhei de olhos abertos, porque a bizarria do sonho transportou-me para a realidade e mostrou-me o quanto devo aos meus cães.
Nele quadruplicava a minha força, resistência e inteligência, tinha mais 25 cm de altura, uma envergadura nunca vista, outra tez e outra cor de olhos, mãos e pés doutro desenho e revelava-me imortal. E porque os sonhos têm destas coisas, vi-me sair daquela criatura, confrontei-me com ela e reparei na estranheza daquele super-homem. Ainda que gostasse, aquele homem não era eu e acordei sobressaltado, disposto a compreender os avisos e trapalhadas do meu subconsciente, questionando-me porque raio me tinha assolado tal ideia, muito embora ela não me parecesse alheia ou de todo estranha e apontasse para um “Déjà vu”.
Depois de muito matutar (porque não acredito no acaso, procuro a lógica das coisas e o seu significado e nem sempre o encontro), descobri finalmente quem era aquela criatura: o cão, animal a que me tenho dedicado com afinco nestes últimos trinta anos, um companheiro tão moldável como a plasticina, mais devotado que os amigos de ocasião, capaz de façanhas para ele inimagináveis e um altruísta de eleição, um verdadeiro super-homem ou simplesmente um cão, porque ele vai onde não consigo, suporta o que não aguento, ultrapassa as minhas limitações, zela pela minha segurança e sempre aposta no meu bem-estar. Todo o cão é um super-cão e espelha em simultâneo o melhor ou o pior dos seus donos. Com o que sonhará um adestrador que vive para o que faz e ainda lhe falta tempo?
Meus amigos, os vossos cães serão aquilo que vocês quiserem e quando não o são, a culpa será sempre vossa, porque não se fizeram entender, não os compreenderam, não encontraram a linguagem certa ou desprezaram as condições para tal. Tudo resulta da experiência dividida e o resultado alcançado é proporcionalmente igual ao vosso empenho. De outro modo como reverteremos o carinho dispensado em protecção, o trabalho numa tarefa específica e alcançaremos a complementaridade? Perante a incapacidade de nos podermos transformar, o cão vem em nosso auxílio, equilibrando-nos e fazendo-nos chegar aonde não chegaríamos sozinhos. Ele não é e não pode ser um Deus, porque vive na nossa estrita dependência, o que nos obriga a salvaguardá-lo eficazmente. Afinal sonhei de olhos abertos, porque a bizarria do sonho transportou-me para a realidade e mostrou-me o quanto devo aos meus cães.
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