Já há muito tempo que não ouvimos o pregão “é para o menino e para a menina” ou aquele que dizia: “cada cor, seu paladar!” Todavia, as pessoas continuam a escolher cães pelo seu particular estético ou morfológico e embriagam-se pelo particular da cor, na escolha subjectiva que ignora a diferença existente entre as distintas variedades cromáticas dentro de cada raça. A procura por Pastores Alemães negros tem aumentado, talvez por causa do direito à diferença e também por imporem mais respeito, razões alheias ao aparecimento e utilização destes pastores, que sendo recessivos são menos vistos. Em todas as variedades cromáticas existem bons e maus cães (mais maus do que bons), ainda que em cada variedade subsistam diferenças, propriedades ou impropriedades advindas ou relativas à cor dos indivíduos. Criámos ao longo de três décadas Pastores Alemães Negros, produzindo cães homozigóticos ou heterozigóticos e deles partindo para outras variedades recessivas, hoje pouco visíveis e advindas da contribuição do factor azul (lobeiros-pretos e cinzentos totais).
Entendemos nós e disso fazemos norma, não aconselhar como primeiro cão um de variedade recessiva, atendendo às possíveis disparidades entre ele e um da variedade dominante, porque elas existem e há que estar preparado, para que a cumplicidade actue e a divisão de tarefas aconteça sem percalços. O que leva à opção pelos animais de cor dominante é a uniformidade do seu desenvolvimento físico-cognitvo e uma maior garantia das qualidades para o trabalho proposto. Devido ao seu particular, o Pastor Negro é um cão para especialistas, para alguém que procura na diferença algo diminuído ou omisso na selecção dominante, o que obriga ao conhecimento prévio, próximo e prático de cães desta última variedade. Temos como propósito elaborar no futuro um trabalho exclusivo sobre a variedade negra presente no CPA, porque pouco se disse, muito menos se sabe e o assunto é deveras extenso. Até lá, manifestaremos aqui alguns (pouquíssimos) pormenores técnico-práticos que realçam a unicidade do Pastor Alemão Negro, de acordo com a nossa experiência, observação e uso. Começaremos pelas desvantagens e culminaremos pela pedagogia, despojando-nos dos aspectos históricos por razões óbvias e anteriormente explicadas.
DESVANTAGENS. O cão negro, quando resultado de beneficiamentos homozigóticos sistemáticos, tende à diminuição da envergadura e porte, à formação de cabeças esguias e à apresentação de uma ossatura mais leve. Na maioria dos casos apresenta-se menos angulado de traseira e com o dorso paralelo ao solo, factores ligados à pouca ou nenhuma participação dos padreadores escolhidos para a selecção actual, que implicam numa diminuição acentuada da sua capacidade de marcha. A sua curva de crescimento é um pouco mais curta, porque atinge a maturidade sexual mais cedo e por conseguinte a emocional, o que obriga à precocidade e a um menor desenvolvimento cognitivo, ainda que guarde a casa mais cedo ou que de imediato absorva as suas tarefas. Não é um pisteiro excelente e apresenta grandes dificuldades em climas secos ou diante de temperaturas elevadas. Procura ataques de surtida e dispensa as vozes de aviso, passando imediatamente da fixação para o ataque. Carece de um acompanhamento objectivo dos seus ciclos infantis, para que o enriquecimento da experiência directa possibilite o desenvolvimento do seu impulso ao conhecimento. Absorve por demais o travamento e automaticamente assimila a regra, o que o transforma num autómato e escravo das rotinas. Resiste à ginástica cinotécnica. Vê diminuída a sua prestação nas épocas estivais e nessas ocasiões o seu manto avermelha-se, necessita de se refrescar amiúde e diminui os seus indíces de prontidão. Mais do que nos seus congéneres, o Pastor Negro sempre dependerá da mestria dos seus líderes.
VANTAGENS. Transita mais facilmente da marcha para o galope. Prontamente absorve a constituição binomial e executa as tarefas que lhe são distribuídas. É um cão de guarda tipo e um guarda-nocturno de créditos firmados. Assimila sem dificuldade qualquer comando inibitório, desconfia naturalmente de estranhos, é silencioso e não denuncia a sua presença. É um exímio nadador (as suas membranas interdigitais anteriores são mais redondas e menos cavadas do que as encontradas nas restantes variedades cromáticas), prefere os círculos odoríferos, o que o transforma num excelente cão de salvamento e resgate (pela brevidade da detecção). É um observador inato e dissumalado, escusa-se a provocações e aguarda a sua hora. Apresenta uma maior resistência à dor e suporta razoavelmente os períodos de invernia, sendo um especialista em climas de montanha e próprio para a prospecção em altitude. O seu sentimento territorial é muito acentuado e sobrevive pelo respeito à hierarquia, o que lhe facilita o desempenho como cão militar, policial ou familiar, sacrificando a sua vida pela defesa dos seus donos. O seu odor é menos intenso do que o encontrado nas restantes variedades cromáticas. Resiste sem dificuldades ao aumento do percentual da humidade e opta pela ocultação no seu desempenho de sentinela. Não é pedinchão e mantém por mais tempo os índices de operacionalidade perante a escassez de alimento, porque é rústico e sumariamente instintivo. O pastor Negro atingirá um rendimento aceitável com um condutor medíocre e atingirá a excelência pela participação de um bom líder.
SELECÇÃO. Que nos perdoem os adeptos desta variedade cromática, mas o Pastor Negro está para o CPA em geral como o zambujeiro para a oliveira, verdade comprovada pelo histórico da raça. Ele pode e deve ser um melhorador para ela (a exemplo do lobeiro), mas jamais deverá constituir-se em variedade dominante ou subsistir isoladamente, porque se assistiria a uma regressão ou a uma evolução extra padrão. Entendemos, mercê da experiência obtida (a nossa e a alheia) e pelo produto dela resultante, que os melhores exemplares negros provêm dos beneficiamentos heterozigóticos cromáticos, exactamente como aconteceu na proto-selecção. O afastamento sistemático do negro na actual selecção tem contribuído para o surgimento de exemplares imaturos, serôdios, altamente instintivos e menos versáteis, porque se atribuiu maior peso à carga morfológica em detrimento dos índices laborais, havendo alguns criadores de CPA de utilidade, tanto nas Américas como na Europa, que têm alguma dificuldade em aceitar o actual cão preto-afogueado como produto autêntico, genuíno e histórico.
PEDAGOGIA. O reclamado acompanhamento dos ciclos infantis no Pastor Alemão Negro, obriga ao enriquecimento da sua experiência directa e ao atraso da instalação dos automatismos de imobilização e travamento, porque a sua curva de crescimento é mais curta e absorção da regra é-lhe automática, comprometendo assim o seu desenvolvimento cognitivo e a sua prestação enquanto guardião. A opção deverá recair sobre a ginástica e sobre evolução sucessiva pelos diversos ecossistemas, suscitando-lhe assim um rendimento alheio ao que normalmente é propenso. A variedade cromática indicada para qualquer condutor inexperiente é a lobeira (azul parcial; cinzento parcial), porque é a que se estabiliza mais tarde, pode esperar pelos requisitos técnico-práticos dos seus líderes, tem uma maior plasticidade, é naturalmente farejadora e é detentora de forte impulso ao movimento, suscitando-se a partir dele os restantes impulsos herdados inerentes às tarefas procuradas. O retorno do lobeiro não se ficou a dever à moda, mas sim à necessidade e diante da fraca prestação do preto-afogueado actual, cuja dominância comprometeu a versatilidade do CPA, o seu desempenho e procura. Nada no cão negro é gratuito, mas nenhum satisfaz tão bem o investimento feito.
Se não tem muito tempo para o cão e a sua experiência é reduzida, não opte por um Pastor Alemão Negro, em prol das suas expectativas e a bem do animal. A adopção de um cão destes requer tacto, sensibilidade, grande disponibilidade, conhecimento prévio e alguma experiência, afim de melhor o aproveitar e a atingir a excelência que ele tem para dar. Existem outras variedades cromáticas mais fáceis de manusear, que dispensam o seu maior empenho e que de pronto o satisfarão. Mas se persistir na escolha, contacte-nos e procure maiores esclarecimentos (de preferência antes de adquirir o cão).
Entendemos nós e disso fazemos norma, não aconselhar como primeiro cão um de variedade recessiva, atendendo às possíveis disparidades entre ele e um da variedade dominante, porque elas existem e há que estar preparado, para que a cumplicidade actue e a divisão de tarefas aconteça sem percalços. O que leva à opção pelos animais de cor dominante é a uniformidade do seu desenvolvimento físico-cognitvo e uma maior garantia das qualidades para o trabalho proposto. Devido ao seu particular, o Pastor Negro é um cão para especialistas, para alguém que procura na diferença algo diminuído ou omisso na selecção dominante, o que obriga ao conhecimento prévio, próximo e prático de cães desta última variedade. Temos como propósito elaborar no futuro um trabalho exclusivo sobre a variedade negra presente no CPA, porque pouco se disse, muito menos se sabe e o assunto é deveras extenso. Até lá, manifestaremos aqui alguns (pouquíssimos) pormenores técnico-práticos que realçam a unicidade do Pastor Alemão Negro, de acordo com a nossa experiência, observação e uso. Começaremos pelas desvantagens e culminaremos pela pedagogia, despojando-nos dos aspectos históricos por razões óbvias e anteriormente explicadas.
DESVANTAGENS. O cão negro, quando resultado de beneficiamentos homozigóticos sistemáticos, tende à diminuição da envergadura e porte, à formação de cabeças esguias e à apresentação de uma ossatura mais leve. Na maioria dos casos apresenta-se menos angulado de traseira e com o dorso paralelo ao solo, factores ligados à pouca ou nenhuma participação dos padreadores escolhidos para a selecção actual, que implicam numa diminuição acentuada da sua capacidade de marcha. A sua curva de crescimento é um pouco mais curta, porque atinge a maturidade sexual mais cedo e por conseguinte a emocional, o que obriga à precocidade e a um menor desenvolvimento cognitivo, ainda que guarde a casa mais cedo ou que de imediato absorva as suas tarefas. Não é um pisteiro excelente e apresenta grandes dificuldades em climas secos ou diante de temperaturas elevadas. Procura ataques de surtida e dispensa as vozes de aviso, passando imediatamente da fixação para o ataque. Carece de um acompanhamento objectivo dos seus ciclos infantis, para que o enriquecimento da experiência directa possibilite o desenvolvimento do seu impulso ao conhecimento. Absorve por demais o travamento e automaticamente assimila a regra, o que o transforma num autómato e escravo das rotinas. Resiste à ginástica cinotécnica. Vê diminuída a sua prestação nas épocas estivais e nessas ocasiões o seu manto avermelha-se, necessita de se refrescar amiúde e diminui os seus indíces de prontidão. Mais do que nos seus congéneres, o Pastor Negro sempre dependerá da mestria dos seus líderes.
VANTAGENS. Transita mais facilmente da marcha para o galope. Prontamente absorve a constituição binomial e executa as tarefas que lhe são distribuídas. É um cão de guarda tipo e um guarda-nocturno de créditos firmados. Assimila sem dificuldade qualquer comando inibitório, desconfia naturalmente de estranhos, é silencioso e não denuncia a sua presença. É um exímio nadador (as suas membranas interdigitais anteriores são mais redondas e menos cavadas do que as encontradas nas restantes variedades cromáticas), prefere os círculos odoríferos, o que o transforma num excelente cão de salvamento e resgate (pela brevidade da detecção). É um observador inato e dissumalado, escusa-se a provocações e aguarda a sua hora. Apresenta uma maior resistência à dor e suporta razoavelmente os períodos de invernia, sendo um especialista em climas de montanha e próprio para a prospecção em altitude. O seu sentimento territorial é muito acentuado e sobrevive pelo respeito à hierarquia, o que lhe facilita o desempenho como cão militar, policial ou familiar, sacrificando a sua vida pela defesa dos seus donos. O seu odor é menos intenso do que o encontrado nas restantes variedades cromáticas. Resiste sem dificuldades ao aumento do percentual da humidade e opta pela ocultação no seu desempenho de sentinela. Não é pedinchão e mantém por mais tempo os índices de operacionalidade perante a escassez de alimento, porque é rústico e sumariamente instintivo. O pastor Negro atingirá um rendimento aceitável com um condutor medíocre e atingirá a excelência pela participação de um bom líder.
SELECÇÃO. Que nos perdoem os adeptos desta variedade cromática, mas o Pastor Negro está para o CPA em geral como o zambujeiro para a oliveira, verdade comprovada pelo histórico da raça. Ele pode e deve ser um melhorador para ela (a exemplo do lobeiro), mas jamais deverá constituir-se em variedade dominante ou subsistir isoladamente, porque se assistiria a uma regressão ou a uma evolução extra padrão. Entendemos, mercê da experiência obtida (a nossa e a alheia) e pelo produto dela resultante, que os melhores exemplares negros provêm dos beneficiamentos heterozigóticos cromáticos, exactamente como aconteceu na proto-selecção. O afastamento sistemático do negro na actual selecção tem contribuído para o surgimento de exemplares imaturos, serôdios, altamente instintivos e menos versáteis, porque se atribuiu maior peso à carga morfológica em detrimento dos índices laborais, havendo alguns criadores de CPA de utilidade, tanto nas Américas como na Europa, que têm alguma dificuldade em aceitar o actual cão preto-afogueado como produto autêntico, genuíno e histórico.
PEDAGOGIA. O reclamado acompanhamento dos ciclos infantis no Pastor Alemão Negro, obriga ao enriquecimento da sua experiência directa e ao atraso da instalação dos automatismos de imobilização e travamento, porque a sua curva de crescimento é mais curta e absorção da regra é-lhe automática, comprometendo assim o seu desenvolvimento cognitivo e a sua prestação enquanto guardião. A opção deverá recair sobre a ginástica e sobre evolução sucessiva pelos diversos ecossistemas, suscitando-lhe assim um rendimento alheio ao que normalmente é propenso. A variedade cromática indicada para qualquer condutor inexperiente é a lobeira (azul parcial; cinzento parcial), porque é a que se estabiliza mais tarde, pode esperar pelos requisitos técnico-práticos dos seus líderes, tem uma maior plasticidade, é naturalmente farejadora e é detentora de forte impulso ao movimento, suscitando-se a partir dele os restantes impulsos herdados inerentes às tarefas procuradas. O retorno do lobeiro não se ficou a dever à moda, mas sim à necessidade e diante da fraca prestação do preto-afogueado actual, cuja dominância comprometeu a versatilidade do CPA, o seu desempenho e procura. Nada no cão negro é gratuito, mas nenhum satisfaz tão bem o investimento feito.
Se não tem muito tempo para o cão e a sua experiência é reduzida, não opte por um Pastor Alemão Negro, em prol das suas expectativas e a bem do animal. A adopção de um cão destes requer tacto, sensibilidade, grande disponibilidade, conhecimento prévio e alguma experiência, afim de melhor o aproveitar e a atingir a excelência que ele tem para dar. Existem outras variedades cromáticas mais fáceis de manusear, que dispensam o seu maior empenho e que de pronto o satisfarão. Mas se persistir na escolha, contacte-nos e procure maiores esclarecimentos (de preferência antes de adquirir o cão).
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