quinta-feira, 24 de junho de 2010

Média da carga horária semanal dos alunos da Acendura Brava

Os alunos da Acendura Brava são gente assídua e apostada no progresso dos seus cães, a julgar pela sua carga horária semanal. A média é de 9 horas e há gente que ultrapassa as 12 horas. Os menos dedicados dispensam, em igual período, entre 4 a 6 horas prò ensino dos seus cães. Os campeões da assiduidade chegam a participar nas actividades escolares 10 horas num só dia e 14 horas por fim-de-semana, o que nos enche de alegria e aumenta a nossa responsabilidade, porque progresso binomial deve ser proporcional ao seu empenho, e assim tem sido. Para que o treino surta efeito, são necessárias 6 horas semanais e somente um binómio apresenta uma carga horária abaixo desse valor, o mesmo que raramente procede à recapitulação doméstica. A sigla escolar “fidutia et labor” não perdeu o seu significado e importa felicitar os nossos alunos, aqueles que nos seguem por roda a parte e que connosco dividem os mesmos desafios.

O azeite pràs carraças

Já ouvimos aos mais pessimistas que Portugal, diante da actual crise económica, vai voltar às dificuldades das décadas de 40 e 50 do século passado. É possível encontrar este vaticínio junto de pessoas mais idosas e para quem a vida não foi fácil, gente que interpreta o futuro pela experiência que teve, num apego ao passado que legitima a sua história. Se são videntes ou não, não sabemos. Certo é que sobrevive entre nós uma pacovice crónica que nos distancia da ciência e nos remete para práticas ancestrais. Esta semana uma aluna nossa surpreendeu-nos e o caso não foi para menos, porque se muniu de azeite para arrancar uma carraça ao seu cão e ainda por cima é estudante de veterinária. Usar o azeite pode irritar o parasita e provocar regurgitação para o hospedeiro, aumentando assim as possibilidades de infecção. O caso teria passado desapercebido se o bicho não ficasse com uma pelada na cabeça. Antes que outros optem pela mesma técnica e prática, própria de tempos idos e resistente ao avanço científico, adiantaremos os procedimentos correctos contra estes parasitas que teimam em infestar os nossos cães no Verão.

O combate mais eficaz contra as carraças é a prevenção, por isso aconselhamos o uso simultâneo de coleiras e pipetas. O princípio activo de algumas delas já perdeu a sua eficácia e isso pode estar ou não relacionado com o seu preço de venda ao público. Como ninguém nos paga a publicidade, não adiantamos aqui as que recomendamos, mas particularmente daremos o nosso parecer. Antecipamos a sua troca diante de exercícios dentro de água ou nos animais sujeitos ao constante rastreio em áreas húmidas. Para a extracção das carraças usamos acetona, a mesma usada para retirar o verniz das unhas das senhoras e dos cavalheiros metrossexuais. Uma pequena gota deste solvente desprenderá o parasita ou ajudará na sua extracção. Para arrancar uma carraça e não deixar na pele do cão os seus apêndices sugadores, responsáveis pelas peladas nas áreas atingidas, convém rodá-la 90º e só depois proceder à sua extracção, munindo-nos para o efeito de uma pinça adequada. Para evitar a infestação destes ectoparasitas hematófagos no lar, convém proceder-se ao corte ou à queima da vegetação sazonal e à pulverização dos muros adjacentes com um produto próprio e segundo um calendário predefinido.

Dois para tudo e dois para nada

Ainda hoje temos alguma dificuldade em compreender qual a razão que obstou à transformação dos antigos ferreiros em serralheiros, quando uma arte é a continuação da outra e o José Saramago (agora falecido) passou da serralharia para a literatura e alcançou um Prémio Nobel, porque resistem os homens à mudança e tão poucos se adaptam, porque se agarram os portugueses ao passado e suspeitam do futuro, será porque dá trabalho ou porque toda Europa estará doente? Um anglo-saxónico que encontrei ocasionalmente a ver o Mundial de Futebol, daqueles very british e crentes na “lenda negra”, espantava-se com o querer, a arte e o fulgor das equipas latino-americanas, diante das formações africanas mais atléticas e das europeias fisicamente mais robustas. A razão do espanto do “beef” baseava-se na ignorância, teria aquela gente caído ali de pára-quedas ou seria descendente dos “conquerors”? Também nos espantam as dificuldades dos treinadores cinegéticos em se transformarem em adestradores cinotécnicos, muito embora saibamos que a resistência à novidade seja o principal dos seus entraves, porque a plasticidade humana (física e cognitiva), apesar de ser maior do que nos restantes animais, reclama por tempo próprio e não é constante. Somente os mais dotados conseguirão abraçar por mais tempo a adaptação. É evidente que o facto de sermos finitos também em nada ajuda e as doenças lembram-nos constantemente disso.

Dois cães de caça fazem equipa mais facilmente do que dois de guarda, podendo complementar-se e dividir tarefas entre si, contribuindo o mais apto para a capacitação do iniciado. Já o mesmo não acontece entre os cães de guarda, pelo menos naturalmente, atendendo ao particular do seu sentimento territorial e sucedâneo viver social. Os cães caçadores congregam-se para a caçar e os territoriais abominam a intrusão no seu território, não vendo com bons olhos qualquer tipo de parceria. Uma dupla de cães de caça pode ser de valor inestimável e dois de guarda podem não manifestar qualquer préstimo, porque mais cedo ou mais tarde, se forem ambos valentes, não evitarão a confrontação, guerrearão entre si e quererão ambos capitanear as acções. Ainda que arte de caçar possa ser aprimorada num cão (melhorada pelo treino), ele é naturalmente um caçador e isso sobre vem-lhe por instinto próprio. Adquirir um segundo cão para guarda obriga a cuidados específicos, para que o amatilhamento não interfira no rendimento esperado. Os homens dedicados ao ofício cinegético, por força da sua experiência anterior, tendem a desaproveitar os benefícios dos cães guardiães, por desconhecerem ou desrespeitarem as condições a que obrigam, porque grande é a diferença que vai do excursionista ao territorial. Dois cães de guarda exigem uma liderança forte e omnipresente, um líder inato e sempre atento. A matilha pode ajudar na caça, mas só trará entraves para os cães de guarda, dependentes do seu líder e sujeitos ao seu parecer. Sabemos com capacitar simultaneamente dois cães para guarda e estamos prontos para qualquer tipo de esclarecimento, basta contactar-nos!

Nibal, Rocky & Turco: Os filhos do Zucker

A robustez dos nossos CPA’S negros é advinda da contribuição dos preto-afogueados e dos lobeiros presentes na sua construção. Destacaram-se entre eles o Brusko e o Zucker, exemplares extremamente robustos e que transmitiram à sua prole idêntica robustez. O famoso Warrior d’Acendura Brava também resultou de um beneficiamento idêntico, mas o progenitor que mais estabeleceu a diferença foi o Zucker (filho do Kyrios-Scwartz e da Tranquila) e devemos ao Brusko o aparecimento de cães totalmente cinzentos. O Zucker era um exemplar preto-afogueado, de grande cabeça, bem aprumado e de excelente ossatura, com um perímetro torácico de 93 cm. Trazia consigo as marcas dos primórdios da raça, porque apresentava um manto ligeiramente encrespado, o seu crânio era bastante desenvolvido e os seus caninos eram excepcionalmente grandes. No resto, apesar de ter manifestado um notável impulso ao conhecimento, era igual aos demais e um excelente companheiro. Hoje o seu nome volta à baila, graças à presença dos seus netos e bisnetos, também eles esplendorosos, excepcionalmente robustos e funcionais. Quando olhamos para o Nibal, para o Rocky e para o Turco, descobrimos o que têm em comum: o Zucker como ascendente. O “Bom Gigante”, porque assim era tratado, continua vivo entre nós e continuará doravante para nosso gozo… se houver cuidado na selecção.

Posso ir descansado?

Como adiantámos na semana anterior, no texto “ NO HOTEL OU NO DOMICÍLIO “, é sempre melhor deixar o cão no seu território quando os donos se ausentam. Mas se o ele viver num apartamento e se tornar necessário levá-lo à rua, para que possamos ir descansados, importa prepará-lo para o particular e novidade da liderança, porque o animal não a aceitará de imediato, movido pela estranheza e dominado pela procura dos donos, factores que o induzirão à desobediência, mesmo que a pessoa encarregue para o efeito seja dele conhecida, porque nunca substituirá por completo os seus proprietários nem conseguirá colmatar a sua ausência – o cão é um animal de hábitos. Antes de ir de férias, porque não lhe sobra outro remédio e há que diminuir os riscos, ensaie com o condutor substituto as saídas ao exterior, praticando com ele os automatismos direccionais e os comandos inibitórios inerentes à excursão. Esse trabalho deverá ser desenvolvido debaixo da sua supervisão e evoluir da sua presença para a sua ausência, objectivo alcançável pelo domínio absoluto do novo condutor sobre o cão. Cabe-lhe também a si determinar quais os percursos recomendáveis. A “troca de condutores”, manobra escolar que visa a sociabilização e possibilita a condução do cão por uma segunda pessoa, desde que conheça os seus códigos funcionais, facilitará essa transferência e virá em seu auxílio. Por outro lado, importa preparar a pessoa responsável para os problemas ou situações mais comuns, diminuindo dessa forma os embaraçados provocados pela surpresa (ela deve ficar conhecedora das tendências e preferências do animal). Nunca deverá ser alguém que você já usou como cobaia (facilmente se entende porquê) e convém que seja um familiar ou alguém muito próximo à família, considerando o bem-estar do animal e a sua funcionalidade. Se o seu cão for aluno duma escola, dê o número do telefone do seu director à pessoa a quem irá confiar o cão, possibilitando dessa forma o apoio técnico para alguma eventualidade, mas não se esqueça de o avisar atempadamente, não vá acontecer que se encontre de férias também. Boa viagem, óptimo cruzeiro e boas férias.

Amigos, amigos, passwords à parte

Chama-se código ao conjunto de automatismos instalados num cão por via do condicionamento que possibilita o despoletar das suas respostas artificiais para determinado fim ou propósito. Como o seu conhecimento implica no domínio do cão, quem deverá conhecê-lo? O assunto é polémico e sempre volta à baila, as opiniões dividem-se e cada um age como entende, de acordo com as suas expectativas e objectivos. A maioria dos proprietários de cães para guarda interdita-o aos demais, porque tem o cão para sua segurança e não quer vê-lo desactivado. Os libertos dessa preocupação estendem-no a outros sem grande relutância e os partidários da cinoterapia servem-se dele como veículo para o bem-estar alheio. Diante das divergências, quem estará certo? Divulgar o código ou não, eis a questão!

Analisaremos o assunto à luz da sobrevivência canina, porque esse é o nosso objectivo primordial e raramente é tido em conta, ainda que inconscientemente, porque qualquer das opções tem reflexos e ninguém quer ver os seus cães condenados. Por força da “contra-ordem” (conjunto de exercícios que procura e oferece o domínio exclusivo do dono sobre o animal), o cão ensurdece-se para os outros e vive na dependência objectiva do seu líder, tornando-se dessa forma livre de interferências, anti-social e inteiramente à disposição do dono. Esta opção pode ter graves consequências, porque o desaparecimento do líder pode obrigar ao abate simultâneo ou imediato do cão, já que dificilmente constituirá equipa com outros, mercê da indução operada e por força do seu particular social, condições que o levarão a dominar sobre os demais e que o farão ocupar o lugar deixado pelo seu líder. A reeducação (conjunto de procedimentos que procura a descodificação dos cães), tem-se revelado pouco produtiva nestes casos, porque tanto a selecção operada quanto a operação da contra-ordem, tendem a anular os benefícios deste processo pedagógico. E quando são alcançados, difícil é a transição da descodificação para a reabilitação, porque o cão vive da experiência que teve e a sua privação levá-lo-á à letargia. O processo é dispendioso, moroso e não isento de confrontações, desenvolvido para além dos muros domésticos e dependente de condições extraordinárias, porque pode demorar alguns meses, há que contar com a resistência do animal, contrariar a sua territorialidade e persuadi-lo à aceitação doutro tipo de liderança. A castração, panaceia hoje muito em voga, não é soberana sobre todos os casos, porque alguns cães já foram previamente castrados e os cães de guarda tipo são sujeitos à inibição objectiva e sistemática do seu instinto sexual. Ela tanto pode ajudar como dificultar a reeducação, apressar o processo descodificador ou aumentar a letargia dos animais carenciados dum novo modo de vida. Face ao transtorno, às disposições legais, aos custos e à escassez de reeducadores sérios e dedicados, o abate tem sido a solução mais procurada.

Os proprietários de cães de companhia, que normalmente desobrigam os seus animais doutras tarefas para além desse particular, não fazem segredo ou tornam confidencial o seu código operativo, porque apostam na sociabilização, procuram a aceitação geral e entendem os seus cães como parte integrante da comunidade onde vivem, o que nos parece excelente para a sociedade e óptimo para os animais, se vivêssemos no mundo ideal e os cães não corressem riscos. Apesar do princípio ser notável e filantrópico, a publicação dos códigos aumenta a vulnerabilidade canina e pode contribui para a eliminação, roubo ou mau trato dos animais tornados comunitários, graças à extensão da liderança que pode impedir a sua auto-defesa. Os cães ditos terapêuticos, porque nem todos o são e todos podem vir a executar essa função de uma forma ou de outra, são treinados e codificados para a recuperação física e psicológica que ajudam na recuperação social dos indivíduos pelo desenvolvimento da sua auto-estima. Estes animais, de valor incalculável, trabalham geralmente com os donos ou em ambientes próprios para a sua finalidade, o que lhes garante a protecção e os isenta de maiores riscos. Porém, há que coadunar o seu viver social com a sua prestação, para que as veleidades exteriores ao ofício não o venham a comprometer.

Em abono da segurança e da sobrevivência do cão, também para garantir a sua eficácia funcional, justificamos a restrição dos códigos ao agregado familiar, para que o desaparecimento do líder não implique na eliminação do animal ou o seu uso se torne abusivo. Cabe ao líder o uso exclusivo dos códigos e a sua liderança não deve ser contestada ou dividida, ainda que seja obrigado à sua transmissão pelas razões atrás descritas, garantindo dessa forma a transferência do comando, que deverá acontecer excepcionalmente e por necessidade. Ainda que todos lá em casa saibam como “mexer” no cão, essa incumbência é uma prerrogativa do líder, porque a adição simultânea doutras lideranças sempre implicará na despromoção social do cão, podendo assim condenar o seu desempenho ou proceder à destruição dos códigos. O cão é uma opção familiar e importa que a família se una em torno da sua salvaguarda.

Disciplina, unidade & excursão

Agora não se fala de outra coisa, o Mundial de Futebol anda nas bocas do mundo e diariamente somos informados sobre todos os detalhes da formação nacional, como se não houvesse outras prioridades e não importasse resolver os graves problemas que afligem o País. A jogada não é inocente e resulta de uma antiga receita romana, atendendo às semelhanças entre as arenas e os estádios de futebol e entre os gladiadores do passado e os actuais futebolistas. O luso-brasileiro Deco está na berra, porque contestou as opções técnicas do seleccionador nacional (apesar de já se haver retratado), tem-se mostrado arredado do espírito de grupo, não canta o Hino Nacional e também por que é preciso encontrar um bode expiatório, caso a selecção seja mal sucedida, porque a culpa nunca é nossa e sempre somos vítimas dos que vêm de fora! Se a coisa der para o torto, o cidadão Anderson Luís de Souza acabará vituperado em praça pública e transitará de “mágico” para besta. Para além do aproveitamento da situação, importa destacar a ausência de unidade visível nesta equipa de “navegadores”, porque é praga que não queremos entre nós.

Quando saímos em excursão e levamos os nossos cães connosco, vamos alicerçados na disciplina que garante a unidade de propósitos do grupo, alcançando dessa maneira os benefícios oferecidos pelos diferentes ecossistemas, já que o sedentarismo castra a curiosidade canina, condiciona o enriquecimento do seu quadro experimental e pode causar entraves à sua adaptação. As vantagens para os condutores são mais ou menos as mesmas, muito embora visem uma maior capacitação da liderança pela novidade dos desafios. Manter a disciplina em campo aberto não é fácil, especialmente diante de algum contratempo e face a dificuldades inesperadas. No entanto, os objectivos só serão alcançados pelo concurso da disciplina de grupo que satisfaz o bom andamento dos trabalhos. A unidade dela advinda e da comunhão de propósitos, aumenta a responsabilidade de cada indivíduo e destaca o seu papel dentro do colectivo, reclamando dele maior disponibilidade. Quando saímos da Escola levamos a sua bandeira connosco, mesmo que ela tenha ficado no escritório do Centro, porque importa conservar o seu bom-nome e estender as suas mais-valias. O bom aluno é depurado pelo vencer das dificuldades, trabalha para a unidade e apresenta-se sempre pronto a servir, porque sabe que não está só e que pode contar com os outros, funcionando como estímulo e recebendo do grupo igual alento.

O adufe e o espanto

O adufe é um instrumento musical português, um pandeiro bimembrafone quadrado que foi introduzido pelos árabes na Península Ibérica entre os Séculos VII e XII. É geralmente tocado por mulheres e a madeira usada para a sua confecção é de pau de laranjeira. Hoje encontra-se essencialmente concentrado no Distrito de Castelo Branco. Um aluno nosso que nasceu nessas paragens, depois de inscrever a sua filha numa escola de equitação, admirou-se com o modo de instrução daquele estabelecimento de ensino. Para espanto seu, as aulas são colectivas e preferencialmente sujeitas à evolução circular. Mais espantados ficámos nós com a causa do seu espanto, porque recorremos ao mesmo método e sempre dissemos onde o fomos buscar. A evolução circular, a formação de esquadras, as evoluções do carrossel e até as normas relativas à segurança no escalonamento escolar que usamos, foram extraídas da equitação e das tácticas da cavalaria (a cavalo). Aconselhamos aos interessados no assunto a consulta dos seguintes textos dos cadernos escolares: “ O Círculo de 36 metros”; “ Manobras de Sociabilização” e “O Escalonamento Escolar”, a fim de dissiparem as suas dúvidas.

Biomecânica: Marchadores e trote suspenso

Um bom Pastor Alemão, no que à marcha diz respeito e porque é um trotador inato, deve abraçar e alcançar o trote suspenso, movimento gracioso que lhe é característico e indispensável. Antes que comecem por aí a dizer que só montados em bicicletas lá chegarão, adiantamos aqui os modos para o seu alcance, baseados na técnica e económicos para os condutores. O movimento é caracterizado pela suspensão da elevação que antecede a projecção dos seus membros e pode ser alcançado de duas maneiras: pelo contributo do “extensor de solo” (que é um avivador da marcha) ou pela técnica de mão do condutor, consoante os modos procurados (mecânicos ou de estímulo). Em qualquer dos casos a alegria do animal é indispensável e aconselha-se o uso do extensor aos condutores menos hábeis. A técnica de mão do condutor assenta sobre o puxar da mão de condução, para dentro e para cima, a cada passo de marcha, auxiliando assim a suspensão pretendida. Se não houver extensor de solo e a técnica do condutor for deficitária, um brinquedo na mão direita poderá produzir o mesmo efeito. A marcha suspensa, que acaba por facilitar a transição para o galope, espelha a boa saúde articular e contribui para a sua manutenção.

Caderno de Ensino: XVI. O "devagar"

ORIGEM. O indicador de modo “devagar” teve a sua origem no termo alemão “langsam”, de igual significado e propósito.

O QUE É O “DEVAGAR”. O “devagar” é um indicador de modo para os diferentes automatismos direccionais que sucede à sua instalação. O concurso dos diferentes indicadores de modo, ao possibilitar o desempenho canino seguro, dispensa o recurso a todo e qualquer comando inibitório, o que é imprescindível à concentração e à celeridade das acções, garantindo dessa forma a unidade binomial sem atropelos.

PARA QUE SERVE O “DEVAGAR”. Este indicador de modo serve para reduzir a velocidade do atleta ou executor canino, quando se intenta fazê-lo respeitar certas zonas de contacto, aprimorar qualquer figura de obediência ou alertá-lo para um perigo eminente ao seu redor ou colocado à sua frente.

INDICAÇÃO DO MODO. A indicação mais segura para a obtenção do modo é a requerida pelo comando verbal, muito embora nos estágios superiores da obediência ele possa ser solicitado somente pelo concurso da linguagem gestual e resultar da combinação nos comandos de “alto” e “junto”, que usados alternadamente operam a redução da velocidade e a concentração exigidas.

A RELAÇÃO ENTRE O EXERCÍCIO E O MODO. O recurso ao modo indicador não deve pressupor a quebra de ânimo dos cães, mas suceder à sua prestação confiante e alegre. Primeiro ensinam-se os obstáculos e só depois se avança para a exigência. O indicador de modo não deve servir como bengala para os condutores menos hábeis ou atleticamente pouco disponíveis. Por outro lado, o ensino de cães para deficientes, pode exigir para cada automatismo diferentes modos de execução, consoante as incapacidades a levar de vencida, transformando-o assim em ensino especial.

Líderes em terapia

Este fim-de-semana continuámos no exterior e desenvolvemos manobras típicas do carrossel, praticámos diferentes induções e aprimorámos o 3º automatismo de imobilização. Dedicámos algum tempo à transposição de obstáculos ocasionais e melhorámos o “quieto”. Estes conteúdos de ensino obedeceram a um tríplice objectivo: ao robustecimento da liderança, ao aumento de prontidão dos cães e à sua apresentação perante viandantes e estranhos. A terapia funcionou e o progresso foi visível. Fomos visitados pela Diana Oliveira, uma jovem interessada pelos benefícios da terapia canina, agora a concluir um trabalho escolar. Acabou por conduzir um dos nossos cães.

Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Ana/Loki, Bruno II/Iris II, Célia/Igor, Clara/Shara, Irina/Max, Joana/Flikke, João Moura/Bonnie, Joaquim/Maggie, Luís Leal/Rocky, Liliana/Bolt, Maria/Isis, Paulinha/Teka II Princesa/Ricky, Roberto/Turco, Rodrigo/Tarkan, Rui Ribeiro/Babel, Tatiana/Teka I, Tiago/Sane e Teresa/Buster. O Rui Coito fez-se presente e os cães agradaram-se dele, como já vem sendo hábito.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Quando o colectivo não resolve

Apesar da reconhecida contribuição do colectivo para a capacitação individual, sempre existirão binómios distantes desse benefício, gente e cães que necessitarão de aulas individuais para o seu progresso escolar, o que não é novidade, acontece noutras áreas e advém do particular dos indivíduos. Os condutores mais introvertidos e menos hábeis tendem a atrasar-se na absorção e prática dos conteúdos de ensino, acabando por condenar o rendimento global das classes ou a abandoná-las apressadamente, o que não deixa de ser um contra-senso face aos propósitos escolares. A perca dos binómios em treino sempre aponta para a impropriedade de quem os dirige, por maiores que sejam as suas dificuldades ou os problemas colocados pelos seus cães, porque é obra do adestramento encontrar-lhes solução. Procurar-nos-iam se não tivessem ou sentissem dificuldades?

Perante à opção pelo “Método da Precocidade”, apostado no desenvolvimento do impulso ao conhecimento canino pelo acompanhamento dos seus ciclos infantis e pelo concurso da experiência variada e rica, não devemos tratar os condutores abaixo de cão, como seres inferiores aos animais que conduzem. Homens e cães carecem de aprendizado, atendendo à percepção dos instintos comuns que os separam e à novidade da comunicação interespécies. Cabe à Escola e ao seu responsável directo adequá-los entre si, valendo-se dos meios ao seu alcance e tirando partido das estratégias possíveis, porque o avanço de uns não justifica o atraso de outros e importa não deixar ninguém para trás. O que eleva uma escola canina é a qualidade do seu ensino e os resultados alcançados, nomeadamente entre aqueles onde tal parecia impossível. A excelência dos mestres não se pode remeter somente ao aproveitamento ou transformação dos mais aptos, mas estender-se à adequação dos inaptos e à procura das suas mais-valias, encobertas à partida e por isso mesmo inimagináveis.

Na presença destes casos excepcionais e ainda que tal não nos seja solicitado, devemos convidar os binómios deficitários para as aulas individuais, ocasião que usaremos para a sua recuperação, longe dos entraves causados pela presença dos demais e melhor focalizados na origem e natureza dos problemas a resolver, já que o atraso no ensino pode resultar do desacompanhamento individual e certos indivíduos podem necessitar de pedagogias diferentes. As aulas individuais dão-nos essa vantagem, através da explicação demorada e da recapitulação sistemática dos exercícios, condições inerentes à correcta resolução. Mais cedo ou mais tarde, perante o aumento das disciplinas e dos conteúdos de ensino, a maioria dos condutores necessitará de explicações complementares e procurar-nos-á, o que nos obrigará a uma maior disponibilidade e flexibilidade. Mesmo que uma escola opte pelas aulas colectivas, ela não pode desprezar ou desconsiderar a importância das individuais, porque sempre será confrontada com o atraso de alguns dos seus binómios. De outro modo como poderemos salvaguardar os cães?

As implicações do "efeito campainha"

Entendemos as prestações caninas anómalas como efeitos da prestação deficitária dos seus condutores, segundo a clássica relação causa-efeito, porque os cães são pouco instintivos e profundamente sujeitos ao seu viver social, comportando-se pela experiência anterior e sempre reflectindo as marcas do seu grupo. É evidente que eles nascem diferentes, que uns têm alguns impulsos herdados mais desenvolvidos do que outros e que subsistem diferentes temperamentos e propensões. Mas mesmo assim, porque o cão é um caso raro de indução bem sucedida, muito coisa pode ser disfarçada, atenuada ou transformada. Atribuímos o nome de “efeito campainha” ao fenómeno que leva o cão a evoluir com a cabeça nivelada pelo dorso, como se nela carregasse uma pesada guizeira, postura de difícil eliminação que resulta duma condução descuidada e imprópria, responsável muitas vezes pelo cumprimento tardio das ordens e pelo surgimento de inúmeros acidentes, lesivos pró cão, para o dono e para terceiros, porque a postura atenta contra a unidade binomial e entrega o animal ao seu próprio juízo.

São várias as razões ambientais que levam ao aparecimento deste “efeito” e a genética dos indivíduos pode apropriar-se facilmente de algumas delas, reforçando-as e obstando à sua eliminação. As causas mais frequentes são: a ausência de vínculos afectivos binomiais, o atrelamento esporádico, tardio ou apressado, a ausência de disponibilidade dos donos (física, anímica e cognitiva), a sua opção pelo improviso e o desconhecimento relativo aos animais que transportam pela trela. Como a segura condução em liberdade sempre dependerá de um bom trabalho à trela, o “efeito” deverá ser combatido imediatamente após a sua apresentação, para que não se torne irreversível e se reverta numa tremenda menos valia. Tudo temos feito para que nunca aconteça, mas torna-se mais fácil educar cães do que pessoas, porque qualquer requisito técnico humano deve constituir-se em estímulo para o cão e isso nem sempre transparece.

Para que não restem dúvidas e o entendimento geral aconteça, nunca se deve conduzir um cão em constante travamento, com a mão de condução a exercer a sua força para trás, coisa fácil de acontecer quando o condutor não aguenta a marcha do cão e intenta conduzi-lo a passo ou condicioná-lo ao passo de andadura. Só os cães velhos ou estafados optam naturalmente pelo passo em detrimento da marcha. Para que a marcha canina aconteça de modo solto e cadenciado é necessário que a cada passada o condutor puxe o cão para o seu joelho esquerdo, aliviando-lhe assim a frente e possibilitando-lhe o libertar da traseira. O convite para o “junto” deverá ser tanto ou mais veemente quanto a resistência encontrada. O “efeito campainha” sempre resulta de duas coisas que podem ser combinadas ou não: do mau uso da mão de condução e do despreza pela cadência de marcha. Os cães sujeitos a estas “terapias” respondem com a postura que aqui condenamos, ainda que pela impropriedade da indução

As implicações do “efeito” são de vária ordem, pois condenam a obediência, põem em perigo a saúde dos animais e comprometem o seu desenvolvimento atlético e cognitivo. Sem o cão a olhar para o dono toda a obediência sai comprometida e condenada ao logro, devido ao atraso no cumprimento das ordens e à ausência de celeridade entre os automatismos., porque o cão apesar de presente faz-se ausente e ensurdece-se prós comandos. Esta postura canina coloca em risco a saúde dos animais que a adoptarem, porque induz ao selamento do dorso, aumenta a frequência dos seus ritmos vitais, sobrecarrega as suas articulações traseiras (também por causa disto se diz que a displasia é uma afecção multifactorial) e obriga à divergência de mãos, deslocando-se os animais com a cernelha abaixo da linha da garupa. Diz-se que a evidência do “efeito” compromete o desenvolvimento atlético e cognitivo dos cães seus portadores, o que é verdade e pode ser extensível a qualquer disciplina cinotécnica clássica, porque os animais não musculam para a função, evoluem precariamente e resistem à novidade dos desafios, tornando-se imprevisíveis e de difícil controlo. Um cão com estas características não deve ser convidado para os obstáculos porque carece de conserto e porque ao ser surpreendido por eles, reduzirá a velocidade por não ver a sua linha de transposição, o que o obrigará a saltos de recurso e a um sem número de pancadas, colocando dessa forma a sua integridade em risco e aumentando justificadamente a sua resistência contra a prática desportiva.

O ensino sobre obstáculos pressupõe o concurso da obediência e sempre esperará dela o estímulo e o desenvolvimento muscular, enquanto parte do apetrechamento próprio e indispensável, porque quem não controla e desenvolve a marcha, dificilmente conseguirá despoletar e gerir o galope do cão, imprimir a velocidade certa, suscitar as mudanças de velocidade necessárias ou fazer respeitar a curvatura natural dos saltos. Primeiro há que formar a equipa e só depois se partirá para os desafios. Partir na incerteza do sucesso é um tômbola que pode condenar os cães ao azar, sorte que não desejamos para os nossos. O “efeito campainha” tem a sua causa na impropriedade dos condutores, gente que faz mote da persuasão e resiste à mudança, que espera o que não semeia e induz os cães à suspeita, já que eles também têm instinto de sobrevivência.

No hotel ou domicílio?

Com o aproximar das férias os donos questionam-se onde deixar os seus cães: se num hotel canino ou no seu domicílio habitual. Melhor seria que partissem com os seus donos, o que nem sempre é possível devido às restrições impostas aos cães. Considerando o particular territorial destes animais e as suas implicações prò seu bem-estar, mais vale que fiquem no território que já conhecem e consideram seu, do que serem levados para outro seu desconhecido e forçados ao convívio com gente estranha, factores que ainda tornarão mais amargo o afastamento dos donos. Nesta perspectiva o recurso ao hotel canino é extraordinário, uma opção drástica perante a impossibilidade de outras. O planeamento que envolve as férias familiares deverá também considerar a situação do cão quer ele vá ou fique, para que o gozo da família não se reverta em maior angústia e desespero prò animal. O cão sempre estará melhor em sua casa, uma vez garantidas as suas condições de sobrevivência e mantidas as suas rotinas.

Doseadores de ração e bebedouros automáticos

Os acessórios acima descriminados são essenciais para a conservação do cão no seu domicílio, porque garantem a autonomia do guardião e podem evitar acidentes de vária ordem. São relativamente baratos e de fácil instalação. A soma do conjunto dificilmente ultrapassará os 70 € e apenas os bebedouros necessitarão do auxílio dum profissional. Convém que entre os acessórios se guarde uma distância mínima de 50 cm, para se evitar o entupimento das bóias e o travamento da ração, porque se o bebedouro estiver mesmo ao lado do doseador, o cão poderá depositar alguns grãos de ração no bebedouro, o que alterará o funcionamento da bóia e poderá impedir o fornecimento de água. Diante da mesma circunstância, depois de beber água, por força da humidade transportada, o cão poderá selar a saída da ração. Fica o aviso.

Quando distribuir o penso diário?



Aqui está uma discussão já antiga e sempre acalorada, as opiniões dividem-se e cada um age como entende. Reportamo-nos ao horário da distribuição diária do penso a fornecer ao guardião, ainda que muitos cães sejam impróprios para o ofício e não tenham recebido qualquer tipo de adestramento prà função, o que para além de caricato pode-lhes ser fatal. Uns dizem que dão comida de manhã para que o cão se mantenha atento à noite, o que não deixa de ser verdade; outros dão comida à noite para que o cão melhor resista aos petiscos dos envenenadores, o que é também acertado. Porém, há que considerar o particular geográfico da casa, a dependência canina relativa ao relógio biológico e as variantes daí resultantes, considerando em simultâneo o treino específico de cada cão, o seu particular falível e a recapitulação dos seus códigos, porque as adaptações produzidas pelo treino não são eternas e umas são menos duradouras do que outras, sobretudo as de natureza inibitória.

A fixação do horário da distribuição do penso deve considerar a salvaguarda do cão segundo o particular geográfico da casa, antever o trabalho a realizar, a sua dureza, os horários de vigilância e os perigos a que o animal se encontra mais sujeito. Nos espaços urbanos, onde os assaltos ocorrem a qualquer hora do dia, o desgaste exercido pela função é muito maior do que o verificado nas zonas rurais, onde o policiamento recai essencialmente sobre as horas mortas e durante a noite, o que obriga a necessidades suplementares de energia e à divisão ou reforço dos pensos diários, atendendo à delonga e à dureza da vigilância face ao perigo do envenenamento.

Quando falamos de um só penso diário, estamos a referir-nos em exclusivo aos cães adultos, porque os cachorros carecem de várias refeições ao dia, que vão diminuindo gradualmente até atingirem a idade adulta. A quantidade do penso a distribuir deverá considerar o CAP (coeficiente altura-peso) de cada cão indicado pelo seu estalão, isto se ele indicar qual a altura e peso médios dos exemplares dessa raça, o que nalguns casos é omisso. Ao dividir-se a altura pelo peso encontra-se o CAP fornecido pelo estalão. Tomando como exemplo um CPA macho de 63 cm de altura, é desejável que ele apresente um CAP de 1.8 e pese exactamente 35 kg (63:1.8 = 35). Neste caso, o dos cães de CAP de 1.8, a quantidade de ração a distribuir diariamente deverá ser igual a 1/100 da sua altura (63 cm = 630 g). O CAP de 1.8 é típico dos versáteis cães médios e pode ser encontrado em várias raças de trabalho, desde que não sejam molossos, lebreiros ou miniatura. A partir do valor indicado pelo CAP de 1.8 se poderá chegar aos demais, considerando a mesma altura (ex: 1.8 dá 630 g, 2.2 dará X e X será igual a 630 x 1.8 a dividir por 2.2, logo X será sensivelmente igual a 515 g). Não se tratou aqui dos cães obesos dentro de cada raça, animais a precisar de dieta, porque não os imaginamos em condições para trabalhar. A ração que considerámos é a típica para os cães de actividade e deverá ter 28% de proteína e 20% de gordura. Para efeitos de trabalho quando consideraremos um cão adulto? Quando cessar a sua curva de crescimento vertical, algo que acontecerá entre os 12 e os 18 meses de idade.

Retornemos ao assunto principal: quando distribuir o penso diário. Qualquer desempenho canino deve considerar a natureza do cão e a sincronia que teima em manter com o relógio biológico, no intuito de lhe evitar maiores esforços e potenciar a sua prestação, já que o percentual de humidade e as oscilações de temperatura influem directamente no seu apetite e levam-no a comer em horários diferentes. Assim, o comer de manhã ou à noite só por si não está certo, porque o animal deve ser alimentado quando mais precisa e em função da estação do ano que atravessa. Ele opta por comer à noite pelo Verão ou quando a temperatura sobe e mostra apetite logo pela manhã no Inverno ou quando as temperaturas são mais baixas. E isto deve ser tomado em consideração, por implica num melhor suprimento do animal e diminui-lhe significativamente os riscos, mantendo-o capaz para a função e mais atento. Se invertermos esta tendência e o cão comer pela manhã no Verão, ele irá passar a noite de barriga vazia, exactamente quando a temperatura é mais baixa e convidativa para uma maior actividade, o que o torna mais vulnerável diante da oferta de petiscos indesejáveis. Do mesmo modo, se lhe distribuirmos o penso no Inverno à noite e diante de temperaturas mais baixas ou negativas, o cão enroscar-se-á para manter a temperatura corporal e acabará por dormir ou ficar desatento. A teimosia que leva à fixação do horário do penso, contrariando a influência do relógio biológico, serve melhor os propósitos dos donos que as necessidades energéticas dos cães. O cão deverá comer à noite no Verão e de manhã no Inverno.

A transição do penso matinal para o nocturno e vice-versa deve acontecer nas estações intermédias, respectivamente na Primavera e no Outono, de modo gradual e ao longo das suas 13 semanas de duração, na Primavera por adiantamento e no Outono por atraso. Estes cuidados não dispensam o treino da recusa de engodos, a sua recapitulação ou reciclagem, garantindo somente a melhor prestação funcional e autonomia desejável prà tarefa. Obedecendo ao mesmo princípio e porque muitos são os cães em muda constante, também os teores de gordura deverão ser administrados de acordo com a estação do ano, mais gordos nas estações frias e menos gordos nas estações quentes. A imutabilidade do penso distribuído aos cães tem sido responsável pelo aparecimento de várias doenças e tem contribuído para o encurtamento dos seus dias. O que aqui se disse reforça a importância da lei natural contra a ineficácia do artificialismo da norma humana, que ao ser fictícia, pode condenar os nossos preciosos auxiliares. Manifestamos desde já a nossa disponibilidade para prestar maiores esclarecimentos sobre este assunto que consideramos de vital importância.

Ninhadas, na primavera ou no final do verão?

Há quem goste de ver os outros em maus lençóis, mas não é esse o nosso caso, porque só podemos com o mal dos outros quando ele não nos atinge, o que é difícil em Portugal onde tropeçamos uns nos outros e somos vítimas do mesmo fado. Apesar do Muro de Berlim já ter caído e ter cessado a guerra-fria, continuamos historicamente por cá a defender o sectarismo, o que nos parece uma manifestação de tribalismo exacerbada e uma opção pouco inteligente. Daqui aconselhamos todos os canicultores a optarem por fazer ninhadas no final do Verão e não no início da Primavera, porque é mais fácil encontrar clientes no Natal do que na época estival, a menos que as reservas justifiquem o empreendimento. Vender cães no Verão é vendê-los ao desbarato, porque a oferta é maior que a procura e acabam por ser vendidos a preços irrisórios, contribuindo dessa maneira para o descrédito de todos os criadores e para a sua penúria. Como as cadelas têm dois cios anuais, importa escolher qual deles aproveitar, porque o tempo das vacas gordas há muito que acabou, levando consigo a especulação que valeu a alguns e dos quais hoje não temos memória. Uma das formas mais eficazes para combater o abandono dos cães é a de optar pelas ninhadas planeadas, já que o mercado dos cães em Portugal se encontra saturado. Se a maior fatia da actual crise económica irá ser paga pela classe média, a mesma que procura e mantém os cães, então a sua venda encontra-se seriamente comprometida. Alertamos para que a fartura não aumente a miséria já existente.

A noiva prò meu cão ou o noivo prà minha cadela

Em matéria de beneficiamentos não basta juntar dois cães e já está! O assunto é delicado e carece de conhecimento, porque a qualidade dos cachorros será advinda das virtudes e defeitos dos seus progenitores. Cruzar dois cães muito bons não garante uma descendência excelente e por vezes dois cães maus dão alguns exemplares excepcionais (já vimos alguns casos). Por detrás de qualquer linha de criação existem pressupostos e eles diferem de criador para criador, havendo alguns mais dedicados ao deslumbre da morfologia, outros a funcionalidade das raças e a maioria nem a uma coisa nem a outra. O ideal, aquilo que se continua a procurar, é a junção do belo ao funcional, milagre que raramente acontece e que deixa alguma frustração.

Na Acendura preocupamo-nos com a funcionalidade das raças e não descoramos a sua morfologia, valendo-nos para isso do contributo das variedades recessivas na criação, operando dessa forma a recuperação das características que enalteceram cada raça ou grupo somático. Daqui se antevê que não defendemos a consanguinidade ou enveredamos apenas pelas variedades dominantes, hoje catalogadas como responsáveis directas pela perpetuação de doenças típicas que obstam à longevidade e melhor desempenho dos indivíduos seus descendentes. Apesar de nunca termos produzimos um campeão de beleza, temos entregue cães para o contentamento dos seus donos e isso enche-nos de alegria, porque os animais facilmente constituem equipa e sem dificuldade alcançam a cumplicidade e a complementaridade. Respeitando os pressupostos de outros, a quem já adquirimos exemplares para as nossas fileiras, adiantaremos seguidamente os nossos.

A nossa filosofia na criação abraça o eugenismo e despreza o raquitismo, o pernaltismo e os exemplares mais débeis, tendo como referência os distintos estalões raciais. Defendemos para os machos um CAP mínimo de 1.8 e para as fêmeas 2. Procuramos a harmonia entre a envergadura e a estrutura de base, desde que ela garanta futuramente um galope de 6 metros por segundo e uma marcha horária mínima de 7.8 km. Entendemos o abatimento de metacarpos como uma incapacidade e privilegiamos os bons aprumos. Não procuramos exemplares excessivamente angulados porque apresentam dificuldades na transição de andamentos e dispensamos os indivíduos de recta angulação por causa do selamento do dorso. No que concerne à biomecânica dos membros procuramos uma morfologia tipicamente trotadora. Trabalhamos em quadro aberto e produzimos ninhadas heterozigóticas cromáticas, sabendo que as variedades recessivas não sobreviverão sem o contributo das dominantes e estas só ganharão com o concurso das outras. Seleccionamos os indivíduos a partir da excelência sensorial e apostamos na renovação dos sangues pelo contributo de outras linhas de criação (idênticas ou diferentes, nacionais ou estrangeiras).

No que ao carácter diz respeito, considerando o garante prà função e o fim terapêutico canino, optamos pelos exemplares dominantes e submissos, destinando os primeiros para o ofício guardião e os segundos para cães de companhia. Não procuramos cães muito dominantes nem muito submissos, porque uns podem tornar-se incontroláveis e os outros não manifestar qualquer préstimo. Garantimos o equilíbrio dos seis principais impulsos herdados (ao alimento, ao movimento, à luta, à defesa, ao poder e ao conhecimento) e damos maior peso ao último que atrás mencionámos, conscientes dos novos desafios que irão ser colocados aos cães. Apesar de procurarmos e perpetuarmos outros predicados, eis em síntese aquilo que nos norteia. Esclarecidos acerca de alguns dos nossos pressupostos nas áreas da selecção e criação, avancemos para a temática objectiva do texto.

Antes de proceder ao acasalamento dos cães estabeleça o contrato com o proprietário do outro cão e garanta o escoamento da sua prole, porque pode correr o risco de ver aumentado o número de cães ao seu encargo, em especial se for o dono da cadela. Se não tem o Know-How suficiente nesta área procure o conselho e a direcção de quem o tenha, minimizando dessa forma o logro e melhor garantindo a qualidade da ninhada. Antes de efectuar à cópula certifique-se se tem ou o outro tem, todas as condições para a tarefa (económicas e logísticas). Proceda ao acasalamento na altura do ano mais conveniente, quando tem maior disponibilidade e a venda dos cachorrinhos se tornar mais fácil. Requisite os serviços do seu veterinário e inquira da sua disponibilidade, porque nem sempre as coisas correm bem e ele sabe como ajudá-lo. Informe-se atempadamente do particular da raça que pretende aumentar, incidindo sobre os defeitos e incapacidades que lhe são mais comuns, garantindo e exigindo a isenção da sua proliferação. A escolha do outro progenitor deverá ser múltipla e não forçada por circunstâncias ou conveniências alheias ao beneficiamento que, como o próprio nome indica, deverá produzir indivíduos de qualidade superior à encontrada nos seus pais. Como é nosso apanágio, não descartaremos aqueles que reclamarem a nossa ajuda.

Caderno de Ensino: XV. O "busca"

O QUE É O “BUSCA”. O “busca” é um código que despoleta a autonomia direccional canina para a procura de pessoas ou objectos através do faro.

O QUE ACONTECE PRIMEIRO: O CÓDIGO OU A ACÇÃO? A acção acontece primeiro e é típica dos cães (uma resposta natural), porque nascem cegos e valem-se do faro prà procura do leite materno. A somar a isto, eles só transpiram pela língua e pelas plantas palmares, o que os obriga, quando se encontram por demais aquecidos, a colocar as suas patas dentro dos bebedouros.

PORQUE CERTOS CÃES SÃO TÃO MAUS FAREJADORES? Existem razões genéticas e ambientais para o facto, mas tanto umas como outras são da responsabilidade humana, por inibição, desaproveitamento, ignorância, má selecção ou estultícia.

QUANDO DEVE COMEÇAR O SEU APROVEITAMENTO E COMO PROCEDER Á INSTALAÇÃO DO CÓDIGO. Aqui não há lugar a dúvidas: logo após o desmame e poucos dias depois da adopção ou chegada ao novo lar. Começaremos pela procura do prato da comida, evoluiremos pela detecção do esconderijo do dono e procederemos a ocultação dos brinquedos. A instalação do código deve antecipar as acções, acontecendo assim sem maiores entraves. Este é o trabalho que recomendamos entre as 6 semanas e os 4 meses de idade para os cachorros.

A IMPORTÂNCIA DA RECOMPENSA. Só a recompensa estimula a avidez da prestação canina, porque a sua inexistência induz ao desinteresse animal. Sem prémio não há corrida!

PESSOAS OU OBJECTOS? O comando tanto serve para uma coisa como para a outra. Essa universalidade pode comprometer as distintas especialidades e causar entraves nas tarefas específicas, preocupações alheias ao cão familiar, que geralmente se queda pela procura e transporte dos pertences dos donos, o que é de extrema utilidade. A capacidade para distinguir e identificar maior número de objectos é genética.

“RONDA” E “BUSCA”. Esta é uma confusão a evitar e que foi visível durante anos entre os cães militares, no período que antecedeu o aparecimento das distintas especialidades, quando os cães acumulavam funções diversas e se tentava tirar partido da sua versatilidade, o que condenava os “resgatados” a umas tantas dentadas, o que na gíria militar se designa como “abate por fogo amigo”. Entendemos nós que, após a instalação do comando de “ronda”, o “busca” só deverá ser reclamado para a procura de objectos, para se evitar a possível confusão na cabeça dos guardiães.

DE CABEÇA LEVANTADA OU DE FOCINHO AO CHÃO? Existem especialidades que reclamam ambas as acções e outras que apenas valorizam uma delas, consoante se procure o rasto ou a rápida detecção pelos círculos odoríferos. Assim como cada serviço tem um simulacro próprio e um anfiteatro operacional diferente, do mesmo modo se procuram cães com diversos processos de detecção (um prisioneiro em fuga, desde que tenha ocasião para isso, facilmente iludirá um cão de rasto e um “soterrado” poderá perecer perante a delonga de um cão de cabeça levantada).

CRESCENDO OPERATIVO. O desenvolvimento e a adequação dos cães para a tarefa deve ser gradual e acontecer de acordo com a satisfação dos resultados obtidos. Evoluiremos do lar para o exterior, da planície para a montanha, dos ecossistemas húmidos para os secos, dos horários nocturnos para os diurnos, do espaço rural para o urbano, aumentaremos a distância da área a bater e retardaremos o início da busca.

PROPÓSITOS E OBJECTIVOS. A prática da pistagem não deve compreender somente o uso dos cães, mas deve ser primeiro desenvolvida em prol do seu bem-estar, porque é uma actividade que lhes é grata e contribui para o reforço dos vínculos binomiais necessários ao bom desempenho noutras disciplinas cinotécnicas, podendo inclusive ser usada apenas com esse fim, já que um cão acostumado a procurar o dono dificilmente o perderá de vista. Deseja-se que os cães consigam pistar com sucesso em altitudes até 1.500 m, em ecossistemas onde a humidade seja nula ou quase nula, debaixo de qualquer amplitude térmica e em condições extraordinárias (na procura de pessoas ou objectos para além das 72 horas do seu desaparecimento). O exercício do “busca” em altitudes superiores à atrás indicada é próprio para cães excepcionais e para binómios excelentes (profissionais ou semi-profissionais).

O “BUSCA” E A PROCURA DE CÃES DESAPARECIDOS. Os clássicos treinadores de cães, quiçá pelo peso dos seus pergaminhos e mais apostados nas exibições, abominam este serviço e escondem-se quando são solicitados para tal, quer empurrando o encargo para outros quer desculpando-se com a especificidade dos seus cães, que segundo eles se destinam a serviços “mais nobres”. Essa presunção não lhes encherá a barriga e quando acordarem talvez venha a ser tarde demais. O público reclama por um serviço destes e muita gente ficaria agradecida.

AS OPERAÇÕES DE “BUSCA” E O PERDIGUEIRO NACIONAL. Temos em Portugal um cão inato para a pistagem: o Perdigueiro Português. Os indivíduos desta raça são maioritariamente dóceis, fáceis de constituir equipa, são vigorosos, arrojados e resistentes, cuidadosos e silenciosos a actuar, capazes de rastrear dos dois modos e são extremamente glutões, o que os coloca sempre disponíveis para a tarefa atendendo ao peso da recompensa. Infelizmente não são universais e apresentam algumas dificuldades diante de baixas temperaturas. Porém, podem tornar-se excelentes cães de resgate e salvamento nos perímetros urbanos e rurais.

Poucos a trabalhar para muitos

Neste último fim-de-semana foram poucos os binómios que se apresentaram ao treino, muita gente anda a banhos e as mães carregaram a filharada para o litoral. No entanto, uma pequena célula trabalhou afincadamente para o progresso das classes, funcionando como embrião para o desenvolvimento colectivo, capitaneados pelo Bruno II (o alentejano) e pela Ana Pinto. O nosso Würstchen (porque não podemos revelar a sua alcunha escolar) voltou com o Pepe e abraçou os trabalhos com o ânimo usual. O Rui Coito continua a ensaiar para o “Padrinho IV” e tem melhorado as suas performances. A Princesa levou o seu séquito para Tróia e a nossa aluna eslava rumou pra o Algarve acompanhada pelo Max. A condutora da Luna fez gazeta e o Luís Leal foi prà Praceta. A Isabel Paiva não compareceu, O Master foi com Guia de Marcha para a Lourinhã e pouco ou nada sabemos sobre a recuperação do Zappa.

Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Ana/Loki, António Cunha/Zorro, Bruno/Pepe, Bruno II/Iris II, Célia/Igor, Joaquim/Maggie, Liliana/Bolt, Rodrigo/Tarkan, Tiago/Sane, Teresa/Buster e Vitor Hugo/Yoshi.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

10 de Junho: A unicidade portuguesa

Já não chamam ao 10 de Junho “Dia da Raça”, mas “Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas”, o que nos parece bem atendendo ao particular dos portugueses no mundo, aos que nos transmitiram o seu legado e àqueles que por cá andam, para além da diversidade das suas origens ou antiguidade à sombra da Bandeira, porque esta velha Nação diariamente se renova e expande-se por toda a parte. A capacidade que temos de constituir família em qualquer latitude e entre todos os povos da Terra, torna-nos únicos e há muito que encetámos esse caminho, sem esforço e como se fosse algo natural em nós, dentro do carácter finito da humanidade e no retorno à origem comum, ainda que nem sempre tenhamos a percepção disso, fustigados pelo momento e dominados pela circunstância. O sentimento universal português é difícil de descrever, sendo uma pedra no sapato para muitos, mas fácil de ser comprovado pelos rumos que tomámos, opção intrínseca que nos transportará, se os houver, aos séculos vindouros. Alegro-me de ser português, porque na minha humildade nada fiz para isso, considerando a grandeza da Pátria, os seus feitos, o número dos seus filhos e a sua riqueza multicultural. Por causa disso, não me envergonho de chorar quando oiço o seu Hino, porque o meu pranto espelha agradecimento, relembra a nossa história e exalta a minha filiação, mesmo que eu seja o mais miserável dos seus filhos, que o sou, sem falsas modéstias e diante daqueles que me congregaram. Desejo a todos um Bom Dia de Portugal.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

I wanted to be a superman

Os mais jovens ignoram o que vai pela cabeça dos mais maduros e nós mesmos surpreendemo-nos com o avançar da idade, ainda que os mais radicais pensem que somos como fruta extra madura, daquela prestes a cair da árvore, que ao esborrachar-se no chão, correrá o seu destino e evidenciará a sua inutilidade. Quando tinha ¼ da idade que tenho hoje, pensava que um homem de 30 anos era velho, via os mais idosos como incapazes e como gente sem préstimo, porque não corriam, apresentavam dificuldades de vária ordem, eram geralmente azedos e pareciam viver num mundo à parte. É evidente que não os havia conhecido na sua mocidade, para mim sempre foram velhos e agora que me aproximo deles, descubro o quanto estava enganado. Um dia destes tive um sonho, coisa a que nunca fui muito dado, mas fustigado pela tradição judaico-cristã, logo procurei para ele um significado.

Nele quadruplicava a minha força, resistência e inteligência, tinha mais 25 cm de altura, uma envergadura nunca vista, outra tez e outra cor de olhos, mãos e pés doutro desenho e revelava-me imortal. E porque os sonhos têm destas coisas, vi-me sair daquela criatura, confrontei-me com ela e reparei na estranheza daquele super-homem. Ainda que gostasse, aquele homem não era eu e acordei sobressaltado, disposto a compreender os avisos e trapalhadas do meu subconsciente, questionando-me porque raio me tinha assolado tal ideia, muito embora ela não me parecesse alheia ou de todo estranha e apontasse para um “Déjà vu”.

Depois de muito matutar (porque não acredito no acaso, procuro a lógica das coisas e o seu significado e nem sempre o encontro), descobri finalmente quem era aquela criatura: o cão, animal a que me tenho dedicado com afinco nestes últimos trinta anos, um companheiro tão moldável como a plasticina, mais devotado que os amigos de ocasião, capaz de façanhas para ele inimagináveis e um altruísta de eleição, um verdadeiro super-homem ou simplesmente um cão, porque ele vai onde não consigo, suporta o que não aguento, ultrapassa as minhas limitações, zela pela minha segurança e sempre aposta no meu bem-estar. Todo o cão é um super-cão e espelha em simultâneo o melhor ou o pior dos seus donos. Com o que sonhará um adestrador que vive para o que faz e ainda lhe falta tempo?

Meus amigos, os vossos cães serão aquilo que vocês quiserem e quando não o são, a culpa será sempre vossa, porque não se fizeram entender, não os compreenderam, não encontraram a linguagem certa ou desprezaram as condições para tal. Tudo resulta da experiência dividida e o resultado alcançado é proporcionalmente igual ao vosso empenho. De outro modo como reverteremos o carinho dispensado em protecção, o trabalho numa tarefa específica e alcançaremos a complementaridade? Perante a incapacidade de nos podermos transformar, o cão vem em nosso auxílio, equilibrando-nos e fazendo-nos chegar aonde não chegaríamos sozinhos. Ele não é e não pode ser um Deus, porque vive na nossa estrita dependência, o que nos obriga a salvaguardá-lo eficazmente. Afinal sonhei de olhos abertos, porque a bizarria do sonho transportou-me para a realidade e mostrou-me o quanto devo aos meus cães.

Massacre de animais em Fátima

Recebemos um e-mail de uma amiga nossa acerca deste assunto, que junto anexou as suas fontes: http://www.peticaopublica.com/PeticãoVer.aspx?pi=P2010N2307. Apostados na veracidade dos factos, que a verificarem-se, merecerão da nossa parte a mais veemente reprovação, optámos pela sua consulta. A notícia, com carácter de denúncia, é evasiva no que concerne aos acontecimentos, não identifica os criminosos nem os seus mandantes, muito embora o assunto possa ser plausível, atendendo ao particular do santuário e ao secretismo de tais acções. E dizemos isto pelo corpo do texto adiantado: “ Caro(a)s Amigo(a)s, é tempo de dizer basta, às tristes notícias que têm chegado através desta rede sobre práticas levadas a cabo pelos energúmenos responsáveis pelo Santuário de Fátima, contra animais indefesos e até agora impunes. Consta que o Santuário de Fátima deu ordens para que os guardas capturem qualquer cão e gato que deambulem nas imediações do Santuário, QUER TENHAM UM DONO OU NÃO. Sim dono, porque se o cão fugir dos donos e aparecer la perto do Santuário há uns guardas que para impedir que eles entrem no santuário. De seguida são enjaulados e pela calada da noite espancados até à morte!! Todos juntos pelos que não se conseguem defender a si próprios. Se pelos que já foram vitimas nada podemos fazer, temos por obrigação de não permitir que volte a acontecer.”

Não estamos em crer que Sua Reverência o Bispo de Leiria/Fátima tenha alguma coisa a ver com isto ou os responsáveis directos pelo Santuário, porque Fátima vive dele e de imediato a Câmara adiantaria os seus bons ofícios, procedendo à captura dos animais, de acordo com as suas incumbências e segundo o disposto na Lei. A acontecerem estes actos de pura crueldade, eles serão certamente da responsabilidade de um ou mais funcionários ou de um frade mal-humorado, que tomados de excesso de zelo, darão azo à sua selvajaria. Ao dizermos isto não estamos a defender causa alheia e nem podíamos, porque temos como primeiro objectivo a defesa dos cães. Em abono da razão e a partir da lógica, parece-nos improvável a responsabilidade das pessoas adiantadas. Queira Deus! Publicámos esta notícia na possibilidade da dúvida, porque os cães são-nos caros e a sua salvaguarda é nosso ofício. Não subscrevemos a referida petição porque não revela as suas fontes, não prova qualquer facto e rasa o conceito de um mal apressado julgamento popular. Pela calada da Internet tudo é possível e nós sabemos isso melhor do que ninguém! A ser verdade, perante a evidência de provas e diante da prática criminosa, muitos seriam os que voluntariamente custeariam a instauração duma acção contra aqueles que dizem ser os responsáveis por aquilo que todos condenamos, algo muito mais eficaz do que a mera denúncia ou a simples petição.