Não
vou falar sobre a valsa, dança de elite germânica (austro-alemã) e género
musical de compasso ternário ou binário composto, muito embora para facilitar a
sua leitura possa ser escrita em compasso ternário, sendo o primeiro tempo
forte e os outros dois fracos, nem tão pouco de Döbling, famoso e próspero 19º
distrito de Viena, local onde entre tantas coisas boas, a alegria ferve com o
vinho novo, mas de um incidente ali passado e que envolveu 4 intervenientes
directos: dois homens, uma senhora e um cão. Às primeiras horas do dia de hoje,
quando passeava com a sua namorada e o seu cão na rua Krottenbach, no distrito
vienense de Döbling, o homem de 29 anos começou a agredir a namorada, senhora
de 40 anos, depois de uma discussão, desferindo-lhe várias bofetadas no rosto e
ferindo-a levemente (isto lembra-me um desacato em área mal frequentada).
Um
jovem motociclista que por ali passava, obrigado a parar por causa de um semáforo
vermelho, ao assistir á discussão, correu em socorro da senhora, envolvendo-se
numa briga com o agressor, que a determinado momento teria retirado o açaime ao
seu cão, incitando-o a morder o motociclista, o que felizmente não aconteceu. O
agressor e dono do cão acabou por insultar também a polícia chamada ao local,
razão pela qual foi temporariamente preso. Sujeito a um teste de alcoometria,
veio a revelar-se que tinha 2,5mg/l de álcool no sangue, que o seu cão pertence
a uma raça que requer uma licença especial que não tinha e que o seu dono não
pode conduzi-lo debaixo da influência do álcool. Em contravenção com a Lei de
Manutenção de Animais de Viena, foi-lhe emitida uma proibição de entrada e de
aproximação, para além de uma proibição provisória de porte de armas (qual será
profissão deste senhor, o seu modo de vida?).
A violência cresce por toda a parte, o mundo está cada vez mais violento, mesmo aqui em “Terras de Santa Maria”, País tradicionalmente de brandos costumes que gradualmente vai perdendo essa característica. Alguns associam imediatamente o crime aos emigrantes; outros aos africanos e aos ciganos (nacionais e romenos), outros ainda às máfias do Leste, não faltando quem diga que a polícia prende os criminosos e que os tribunais soltam-nos. Eu não penso assim, julgo que os países europeus estão a assistir a um surto de violência por via da Internet, que fornece pronta e gratuitamente - sempre que necessário - subsídios para o crime e para a violência, não que a sua existência seja má, muito pelo contrário, má é natureza humana que a usa para a prática do mal (estou a lembrar-me, entre outros e muitos casos, daquele estudante que queria estoirar à bomba a Faculdade de Ciências em Lisboa). Que se desiludam aqueles que julgam ser a natureza humana boa e inocente, porque se assim fosse, a vida seria aqui um verdadeiro paraíso e não precisaríamos de leis, os padres não andariam por aí a sodomizar crianças e jovens, alguns polícias não se dedicariam ao narcotráfico e certos pais não violariam as suas próprias filhas. Eu não queria dizer isto, mas hoje vivemos num tempo em que não só tememos a violência como temos medo de denunciá-la. Estaremos assim porventura a salvo? Julgo que não e que é urgente enfrentá-la e dar-lhe luta. E nisto, todos somos poucos, porque o combate começa dentro de cada um de nós.
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