terça-feira, 10 de maio de 2022

LADRÃO DE CÃES AOS 89 ANOS

 

Roubar cães é uma actividade criminosa que se acentuou com a pandemia devido ao isolamento a que obrigou, alcançando os animais preços astronómicos. Ainda que na maioria dos casos os cães continuem a ser roubados pelo seu valor monetário ou para reforçar a triste e comovente imagem dos pedintes, surgem ainda casos bastante inesperados como o sucedido no distrito de Groß Buchholz, na cidade alemã de Hannover, onde um ladrão de 89 anos de idade roubou o pequeno Jack Russell Terrier de uma jovem de 27 anos, deixado à porta de um supermercado enquanto a dona fazia compras lá dentro. O pequeno animal chama-se Lucki, tem a provecta idade de 13 anos, tem problemas cardíacos e não pode passar sem medicamentos. O roubo do animal aconteceu na passada quarta-feira, dia 04 de maio e depois de uma procura sem sucesso, a dona do animal, preocupada com a saúde do cãozinho, decidiu comunicar o sucedido à polícia, que ao consultar as imagens das câmeras existentes no supermercado, constatou que um idoso era o ladrão. Segundo fez saber a mesma polícia, dois dias depois do desaparecimento do cão, sexta-feira, dia 06 de maio, a jovem dona do cão avistou um homem mais velho que correspondia à descrição do ladrão, quando este intentava arrancar um anúncio acerca do desaparecimento do cão em causa. A jovem falou com o idoso sobre o cão e este admitiu ter-lhe roubado o animal, encaminhando-a depois para sua casa onde voltou a abraçar o seu cão.

O acto criminoso e reprovável do octogenário pode ter resultado de várias causas, algumas delas até capazes de o inocentar, atendendo a que naquela idade a senilidade e vários estados depressivos são bastante comuns, achaques que afectam de sobremaneira ao seu discernimento e raciocínio, ao ponto de desejar um cão e de deitar a mão ao primeiro que lhe surja na frente, sem se preocupar minimamente se o animal é pertença de alguém. Muitos idosos que vivem infelizmente sozinhos têm como família e único companheiro um pequeno cão, por vezes tão anti-social e irritante quanto eles, que os faz agarrar à vida e que os liberta momentaneamente das repetidas ânsias que a morte usa para se tornar desejável aos seus olhos. E isto é tão verdade que, quando o cãozinho vai na frente, logo é seguido pelo idoso (o contrário também sucede e não é tão raro acontecer). Daqui apelo aos meus leitores para que sejam pacientes com os idosos que se fazem acompanhar pelos seus cães, que invariavelmente ladram e rosnam para os nossos, provocando-os vezes sem conta e dando-lhes cabo da paciência, porque aqueles cãezinhos embirrantes são tudo ou quase tudo para quem os segura pela trela. E já agora, cumprimentem sempre os idosos, mesmo que eles não respondam ao cumprimento, para que se sintam inseridos, respeitados e desejados, já que são exactissimamente gente que sente como nós.

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