As
autoridades de saúde mundiais estão a examinar uma possível relação entre os
cães e o aumento de casos da actual hepatite infantil, apesar de alertarem que
o risco das crianças contraírem hepatite ser muito baixo. Questionários
familiares mostraram “números relativamente altos de famílias com cães ou a
eles expostos de outro modo”, segundo disse a Agência de Saúde do Reino Unido
(UKHSA) (1),
adiantando que 62 dos 94 casos estiveram sujeitos à exposição de cães. A mesma
agência governamental adiantou que “o significado desta descoberta está a ser
explorado”, mas que tudo pode não passar de uma coincidência, porque a posse de
cães é muito comum no Reino Unido. Até ao momento, o actual surto não vitimou
ninguém, muito embora 11 crianças no Reino Unido tenham precisado de um
transplante de fígado.
A
hepatite é uma inflamação do fígado resultante de uma infecção viral ou dano
hepático também causado pelo álcool. Icterícia (amarelecimento da pele e dos
olhos) e vómitos têm sido os sintomas mais comuns nos casos do Reino Unido, que
ocorreram principalmente em menores de 5 anos. Um vírus comum chamado
adenovírus pode ser a causa do surto e foi detectado com mais frequência nas
amostras colectadas, disse a UKHSA. No entanto, é incomum que o adenovírus
cause hepatite em crianças previamente saudáveis e, cientes disso, os
investigadores estão à procura de possíveis factores contribuintes, nomeadamente
a infecção anterior por COVID ou uma alteração no próprio genoma do adenovírus.
No
intuito de identificar os sintomas da hepatite e de reduzir a sua transmissão,
os pais foram aconselhados a procurar os seus sintomas, sendo os mais comuns: 1
_ Urina escura ou fezes de cor pálida/cinzenta; 2 _ Comichão na pele; 3 _
pintura muscular e articular, 4 _ Perca de apetite; 5 _ Febre elevada; 6 _
Constante mal-estar e cansaço e 7 _ Icterícia, visível quando a pele e a
esclera (branco do olho) adquirem uma coloração amarela. Para reduzir objectivamente
a transmissão da doença é aconselhada uma boa higiene, incluindo a supervisão
da lavagem das mãos nas crianças mais pequenas, o que normalmente previne as infecções
que podem causar hepatite. É também aconselhada a vacinação contra as hepatites
A e B. No Reino Unido a vacina contra a Hepatite A não é gratuita porque o risco
de contágio para a maioria das pessoas é baixo. Contrariamente, a vacina contra
a Hepatite B é gratuita e foi adicionada em 2017 ao programa de imunização
infantil. Suspeita-se ainda e há quem disso faça teoria, que actual surto de
hepatite infantil encontre razões no recente isolamento e distanciamento social,
já que as crianças podem não ter sido expostas às comuns e usuais infecções.
Meera Chand, directora de infecções
clínicas e emergentes do UKHSA, disse a este propósito: “As nossas
investigações continuam a sugerir que existe uma associação com o adenovírus e
estamos agora a estudar com rigor essa possível associação.” A Organização
Mundial de Saúde (OMS) disse esta semana que quase 300 casos prováveis de
hepatite grave em crianças foram detectados em 20 países, neles se incluindo
nações como o Canadá, Estados Unidos, Israel e Japão. Até há dois dias atrás,
Portugal já registava 8 casos de Hepatite infantil aguda. Entretanto, a
comunidade médica internacional parece unânime ao alvitrar a hipótese de
estarmos perante um novo vírus. De momento não se confirmou ainda nenhuma associação
entre a exposição aos cães e actual hepatite infantil aguda.
(1) A Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UKHSA) é uma agência governamental responsável desde abril de 2021 pela protecção da saúde pública e combate às doenças infecciosas em todo o Reino Unido, substituindo a Saúde Pública da Inglaterra, sendo uma agência executiva do Departamento de Saúde e Assistência Social (DHSC).
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