Muitos
dos animais considerados domésticos há muito que perderam a sua utilidade e por
causa disso alguns deles encontram-se em risco de extinção. Estamos a
lembrar-nos, por exemplo, dos burros e seus híbridos, dos bois de trabalho e
dos muares destinados à carroça e ao arado. O avanço tecnológico tornou-os
obsoletos e agora transformaram-se num encargo sustentado, a duras penas, por
um grupo de apaixonados. Se o desuso do esforço animal acabou por libertar
alguns, o uso desportivo de outros continua a perpétuar a sua cativação, tal
tem sido o caso do cão, que prossegue com os homens na caça e se vê sujeito a
conjunto de modalidades competitivas, ditas desportivas, para gáudio dos seus
criadores, proprietários e condutores, que nem sempre respeitam a integridade
física e psicológica dos seus companheiros. É evidente que estas actividades
dão trabalho a muita gente e geram poder, admiração, aceitação e riqueza,
porque se não fora isso, há muito que seriam desleixadas ou postas de parte, o
que nos leva a considerar a canicultura, também, como um jogo de interesses ou
um meio para levar vantagem. Entendemos nós, e que nisto Deus nos conserve, uma
vez garantida a salvaguarda dos cães e o seu bem-estar, que eles possam valer
aos homens para além da exploração de que têm sido alvo, tantas vezes usados como
moeda de troca, meio de aliciamento, ginetes de carreira, lobos ferozes e
cavalos de tróia. Será que virá o dia em que deixaremos os cães em paz, em que
veremos os seus acessórios, obstáculos e carregos num museu etnográfico, ao
lado de velhos arados e como marca de tempos idos? Virá esse dia? Se vier,
dificilmente será nesta geração, o que desde já lamentamos, porque já se vai
fazendo tarde, muito embora a abolição da escravatura humana só tenha
acontecido na 2ª metade do Sec.XIX (ainda não fez duzentos anos).
terça-feira, 30 de outubro de 2012
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