Apesar dos cães crescerem mais rápido
que os homens, alguns donos teimam em vê-los cachorrinhos por mais tempo, o que
poderá no futuro acarretar-lhes graves dissabores ou amargos de boca. Quando em
matilha e sem interferência humana, os cachorros de quatro meses começam a
seguir os cães adultos para todo o lado e irão aprender com eles tudo o que
lhes é necessário: a achar pistas, a caçar, a identificar perigos e inimigos e
a respeitar a hierarquia. A consolidação do viver social canino irá acontecer por
volta dos seis meses de idade, um pouco antes da maturidade sexual dos
infantes, quando se torna imperativo respeitar a liderança e as regras por ela
estabelecidas para evitar o desmembramento da matilha. Exactamente por esta
razão, aceitamos os cachorros na “idade da cópia”, seguindo o Método da
Precocidade preconizado por Trumler e usamo-lo também para aumentar a
capacidade de aprendizagem dos cachorros e operar a possível correcção
morfológica a partir da plasticidade presente nesse ciclo infantil (física,
psicológica e cognitiva dos 4 aos 6 meses).
A ausência de uma autêntica liderança
humana antes da maturidade sexual dos cachorros pode dificultar o adestramento,
a sociabilização e a aceitação de regras, assim como induzir a métodos ou meios
mais coercivos para o alcance da procurada harmonia binomial, coisa que à
partida ninguém deseja. Assim, o estabelecimento da hierarquia que edifica a
liderança e alcança o controlo dos cães, deve acontecer dos 4 para os 6 meses
de idade dos cachorros, segundo a propensão natural que manifestam no seu
quadro de crescimento e que fundamenta o seu viver social. Deixar para a
maturidade sexual ou para depois dela o exercício da liderança certamente não
será a melhor das pedagogias, porque a adolescência canina traz consigo a
rebeldia e a resistência que a sustenta, promovendo a picardia entre donos e
cães pelo duelo das vontades.
A precariedade, impropriedade, delonga
ou inexistência da liderança humana tem sido responsável por dois fenómenos:
pela procura acentuada das escolas caninas e pela castração sistemática dos
cães. E no meio disto, ainda há quem se atavie com coleiras de choques
eléctricos, prepotência desnecessária, lesiva para os animais e que sempre
deixa marcas. Diante deste quadro, compreendemos perfeitamente uma das razões
do concurso á castração, a resultante da incapacidade dos donos em se fazerem
ouvir. A castração operada antes da maturidade sexual deixa qualquer cão
totalmente abananado e transforma-o num eunuco sem vontade própria e a operada
depois da maturidade emocional pode ter somente como consequência o
desinteresse sexual. Não obstante, para nós a escolha é óbvia: preferimos
educar atempadamente do que correr riscos desnecessários ou condenar os cães à
castração.
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