terça-feira, 30 de outubro de 2012

REVIVESCENTES TAL COMO OS DONOS


Perante a seca das carteiras e dos bolsos vazios (ainda há dias me roubaram pela segunda vez o saco do pão que se encontrava pendurado à porta da rua), homens e cães tentam sobreviver para além da presente crise económica, preparando-se para piores dias a quem alguém chamou de “refundação”. A revivescência é uma qualidade encontrada nalgumas plantas que, parecendo mortas, reverdescem em apenas algumas horas depois de anos de seca em zonas áridas, havendo quem veja nelas a solução para a fome da humanidade. Os portugueses e os seus cães parecem seguir o exemplo dessas plantas, porque o consumo reduziu, a barriga anda mal aconchegada e o que importa é enganar a fome. Melhor sorte não têm tido os cães, porque viram reduzidos para menos de metade os indices de proteína e de gordura do seu penso diário. Esta hibernação forçada, tornada pela esperança em revivescência, tem sido o antídoto utilizado para atravessar a escassez que por aqui grassa. Será que o aforismo “não há bem que não se acabe nem mal que sempre dure” tem alguma verdade? Os revivescentes, na sua secura, aguardam ainda por dias melhores!

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