Tanto o método como a filosofia de uma escola canina podem também ser desnudados pelo tipo de acessórios que usam ou recomendam para os seus cães (coleiras, enforcadores, estranguladores, peitorais ou coletes). Por vezes assiste-se ao antagonismo entre o que se diz e o que se faz, já que os acessórios utilizados atentam contra a filosofia de ensino proclamada. E para que não restem dúvidas no que respeita à condução de cães, ela só acontece de duas maneiras: por desequilíbrio ou afeição, sendo a primeira coerciva e resultando a segunda dos vínculos afectivos entre condutor e cão anteriores ao treino. Ambas servem os nossos intentos e alcançam os benefícios fornecidos pela memória associativa canina, ainda que lá se chegue por caminhos diferentes, pelo contributo das memórias mecânica e afectiva presentes nos cães.
A recorrência aos enforcadores e estranguladores de bicos, estes últimos identificados como “de correcção e punição”, para além de providenciarem um ensino contra-relógio, evidenciam qual o modo de condução procurado e não conseguem esconder uma relação imprópria ou forçada entre os membros que constituem cada binómio, porque se desprezou a vantagem entre tratamento e treino e se desaproveitou o manancial fornecido pelo acompanhamento a par e passo dos diferentes ciclos infantis caninos. Perante a novidade do líder e diante da necessidade do condicionamento, a coerção usurpa o lugar da afeição e a condução por desequilíbrio transforma-se na opção válida, porque o tempo concorre contra nós e os cães têm a vida muito curta. Esganados ou picados, “às boas ou às más”, os lobos domésticos lá terão que aderir, mercê da sua desvantagem face aos acessórios utilizados, geralmente gélidos e de aço. “Puxão daqui, puxão dali”, os cães acabam encarreirados e bem depressa se esquece a hedionda pedagogia empregue. Abominamos esta prática porque a consideramos jurássica, violadora dos direitos do animal e rotulamo-la de “baixa técnica”.
A carência de vínculos afectivos binomiais, profundamente relacionada com o isolamento forçado dos cães, com a sua novidade, pouca jeiteira dos donos e dificuldade em exteriorizarem as suas emoções, tem vindo a ser colmatada pelo concurso à recompensa, geralmente do agrado dos animais e usado para recuperar o tempo perdido, transformando o treino numa experiência feliz aos olhos do cão. A opção é emergente e de recurso, visa o reforço positivo das acções e tenta operar em exclusivo pela memória afectiva. E nisto estamos de acordo, discordamos é da política de “uma no cravo e outra na ferradura”, quando ao reforço positivo se juntam acessórios típicos de outras metodologias e diametralmente opostos aos benefícios procurados. Quando assim é, vale a pena perguntar: em quem confiará o cão, no que o apaparica ou naquele que o enforca? Sabemos que a inibição de instintos e o controle dos impulsos não são gratuitos, que os cães carecem de regra e não são todos iguais, o que não entendemos são as atitudes extremadas sustentadas por alguns, que passam do beijinho para o pau, do biscoito para a coerção, da mão estendida em ajuda para a mão que enforca.
A coerência obrigou-nos a optar pelo estrangulador, dito “semi-estrangulador” por alguns e nisto não estão completamente errados, porque o acessório que adoptamos possibilita dois usos e é normalmente usado como semi-estrangulador, graças à fivela regulável nele presente. No entanto, ele pode funcionar também como um estrangulador tipo, bastando para isso operar o seu ajustamento. Normalmente usamo-lo a “meia acção” e alargamo-lo 2 dedos a mais em relação à largura do pescoço de cada cão (espaço entre argolas), o que não obsta à oxigenação cerebral animal e possibilita em simultâneo o seu controle, funcionando comodamente como se de uma coleira se tratasse, garantindo a concentração e não aumentando a frequência dos ritmos vitais (cardíaco e respiratório) dos cães convidados para o treino. Como adeptos da precocidade laboral e porque sempre tirámos vantagens disso, independentemente do peso alcançado pelos cachorros, sempre aconselhamos no pré-treino o uso da coleira, porque entendemos que o binómio se constitui no lar e deve acontecer de modo natural e nunca coercivo.
O estrangulador que usamos tem uma apresentação circular, é regulável e o seu corpo é de couro, tem uma fivela dupla, um passador de cabedal, é rematado por duas argolas e é ainda composto por uma corrente de 30 cm encimada por uma argola. A largura do cabedal é de 27 mm e a sua espessura é de 3 mm. Os seus bordos são rufiados (aparados) e a correia frontal apresenta onze furos de afinação, distantes entre si de 3 cm e as suas juntas são cosidas à mão depois de convenientemente aparadas. Comporta diâmetros dos 38 aos 52 cm, o que o torna próprio para a maioria das raças convidadas para o adestramento e quando bem cuidado acompanhará o cão para toda a vida. Nos grandes molossos e tomando como exemplo o cão de S. Bernardo, a largura do cabedal deverá ser de 3.5 cm, considerando a distância média das suas vértebras cervicais. Se um estrangulador padronizado necessita de ser cortado com 70 cm, um estrangulador para um molosso gigante deverá ser cortado a 100 cm (já houve casos em que essa medida foi ultrapassada).
A colocação do estrangulador deve obedecer a um ritual e carece de ser agradável para o cão, sinal de excursão e meio para a cumplicidade. Ele só deve ser colocado depois do cão se sentar e mais tarde pediremos ao animal que o vá buscar. Só deve ser usado para o trabalho e deverá ser retirado quando o animal se encontrar em descanso ou dispensado doutras tarefas. Não havendo a acção da trela, o estrangulador facilmente sairá do pescoço do cão e não raramente acabará trucidado e objecto de brincadeira. Pode ser perigoso conservar este acessório nos cachorros mais novos (os de 4 meses), porque facilmente embrulham as mãos na corrente, podendo com isso lesionar-se. A conservação do estrangulador passa pela sua limpeza, hidratação e impermeabilização. Existe no mercado uma gama de produtos próprios para esse efeito. As argolas e correntes deverão também ser cuidadas e o comum “limpa pratas” responde a essa exigência. Os estranguladores sujeitos à água salgada devem ser posteriormente lavados em água doce e depois de secos impermeabilizados. Escusado será dizer que cada cão deverá ter o seu próprio estrangulador.
Nenhum estrangulador pode substituir o afecto pelos cães e o contrário tem acontecido vezes sem conta. Este acessório faz parte do equipamento do cão e prepara-o para a divisão de tarefas, não deve ser entendido com uma grilheta ou meramente como um meio para a sua submissão. Ao invés, deve ser-lhe grato, indiciar-lhe o prazer no trabalho e por causa disso solicitar-lhe a melhor das disponibilidades. Apesar de existirem melhores ou piores acessórios, o modo de utilização alheio sempre estabelecerá a diferença. Eis em suma o que é e para que serve o estrangulador, enquanto ferramenta e acessório de ensino.
A recorrência aos enforcadores e estranguladores de bicos, estes últimos identificados como “de correcção e punição”, para além de providenciarem um ensino contra-relógio, evidenciam qual o modo de condução procurado e não conseguem esconder uma relação imprópria ou forçada entre os membros que constituem cada binómio, porque se desprezou a vantagem entre tratamento e treino e se desaproveitou o manancial fornecido pelo acompanhamento a par e passo dos diferentes ciclos infantis caninos. Perante a novidade do líder e diante da necessidade do condicionamento, a coerção usurpa o lugar da afeição e a condução por desequilíbrio transforma-se na opção válida, porque o tempo concorre contra nós e os cães têm a vida muito curta. Esganados ou picados, “às boas ou às más”, os lobos domésticos lá terão que aderir, mercê da sua desvantagem face aos acessórios utilizados, geralmente gélidos e de aço. “Puxão daqui, puxão dali”, os cães acabam encarreirados e bem depressa se esquece a hedionda pedagogia empregue. Abominamos esta prática porque a consideramos jurássica, violadora dos direitos do animal e rotulamo-la de “baixa técnica”.
A carência de vínculos afectivos binomiais, profundamente relacionada com o isolamento forçado dos cães, com a sua novidade, pouca jeiteira dos donos e dificuldade em exteriorizarem as suas emoções, tem vindo a ser colmatada pelo concurso à recompensa, geralmente do agrado dos animais e usado para recuperar o tempo perdido, transformando o treino numa experiência feliz aos olhos do cão. A opção é emergente e de recurso, visa o reforço positivo das acções e tenta operar em exclusivo pela memória afectiva. E nisto estamos de acordo, discordamos é da política de “uma no cravo e outra na ferradura”, quando ao reforço positivo se juntam acessórios típicos de outras metodologias e diametralmente opostos aos benefícios procurados. Quando assim é, vale a pena perguntar: em quem confiará o cão, no que o apaparica ou naquele que o enforca? Sabemos que a inibição de instintos e o controle dos impulsos não são gratuitos, que os cães carecem de regra e não são todos iguais, o que não entendemos são as atitudes extremadas sustentadas por alguns, que passam do beijinho para o pau, do biscoito para a coerção, da mão estendida em ajuda para a mão que enforca.
A coerência obrigou-nos a optar pelo estrangulador, dito “semi-estrangulador” por alguns e nisto não estão completamente errados, porque o acessório que adoptamos possibilita dois usos e é normalmente usado como semi-estrangulador, graças à fivela regulável nele presente. No entanto, ele pode funcionar também como um estrangulador tipo, bastando para isso operar o seu ajustamento. Normalmente usamo-lo a “meia acção” e alargamo-lo 2 dedos a mais em relação à largura do pescoço de cada cão (espaço entre argolas), o que não obsta à oxigenação cerebral animal e possibilita em simultâneo o seu controle, funcionando comodamente como se de uma coleira se tratasse, garantindo a concentração e não aumentando a frequência dos ritmos vitais (cardíaco e respiratório) dos cães convidados para o treino. Como adeptos da precocidade laboral e porque sempre tirámos vantagens disso, independentemente do peso alcançado pelos cachorros, sempre aconselhamos no pré-treino o uso da coleira, porque entendemos que o binómio se constitui no lar e deve acontecer de modo natural e nunca coercivo.
O estrangulador que usamos tem uma apresentação circular, é regulável e o seu corpo é de couro, tem uma fivela dupla, um passador de cabedal, é rematado por duas argolas e é ainda composto por uma corrente de 30 cm encimada por uma argola. A largura do cabedal é de 27 mm e a sua espessura é de 3 mm. Os seus bordos são rufiados (aparados) e a correia frontal apresenta onze furos de afinação, distantes entre si de 3 cm e as suas juntas são cosidas à mão depois de convenientemente aparadas. Comporta diâmetros dos 38 aos 52 cm, o que o torna próprio para a maioria das raças convidadas para o adestramento e quando bem cuidado acompanhará o cão para toda a vida. Nos grandes molossos e tomando como exemplo o cão de S. Bernardo, a largura do cabedal deverá ser de 3.5 cm, considerando a distância média das suas vértebras cervicais. Se um estrangulador padronizado necessita de ser cortado com 70 cm, um estrangulador para um molosso gigante deverá ser cortado a 100 cm (já houve casos em que essa medida foi ultrapassada).
A colocação do estrangulador deve obedecer a um ritual e carece de ser agradável para o cão, sinal de excursão e meio para a cumplicidade. Ele só deve ser colocado depois do cão se sentar e mais tarde pediremos ao animal que o vá buscar. Só deve ser usado para o trabalho e deverá ser retirado quando o animal se encontrar em descanso ou dispensado doutras tarefas. Não havendo a acção da trela, o estrangulador facilmente sairá do pescoço do cão e não raramente acabará trucidado e objecto de brincadeira. Pode ser perigoso conservar este acessório nos cachorros mais novos (os de 4 meses), porque facilmente embrulham as mãos na corrente, podendo com isso lesionar-se. A conservação do estrangulador passa pela sua limpeza, hidratação e impermeabilização. Existe no mercado uma gama de produtos próprios para esse efeito. As argolas e correntes deverão também ser cuidadas e o comum “limpa pratas” responde a essa exigência. Os estranguladores sujeitos à água salgada devem ser posteriormente lavados em água doce e depois de secos impermeabilizados. Escusado será dizer que cada cão deverá ter o seu próprio estrangulador.
Nenhum estrangulador pode substituir o afecto pelos cães e o contrário tem acontecido vezes sem conta. Este acessório faz parte do equipamento do cão e prepara-o para a divisão de tarefas, não deve ser entendido com uma grilheta ou meramente como um meio para a sua submissão. Ao invés, deve ser-lhe grato, indiciar-lhe o prazer no trabalho e por causa disso solicitar-lhe a melhor das disponibilidades. Apesar de existirem melhores ou piores acessórios, o modo de utilização alheio sempre estabelecerá a diferença. Eis em suma o que é e para que serve o estrangulador, enquanto ferramenta e acessório de ensino.
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