O QUE É O “ALTO”. É o primeiro comando de imobilização a ensinar a um cão e como tal deve constituir-se em automatismo. Serve para interromper a marcha do animal e não havendo outros comandos específicos para o efeito, pode usurpar o seu lugar e ser usado como travamento noutras disciplinas cinotécnicas advindas da obediência, em substituição do “larga” ou “solta”, por exemplo. Ao contrário do que se julga e tanto se faz, o comando não é inibitório e por isso deve ser dado debaixo de uma entoação e dicção calmas, segundo a divisão das suas sílabas para que o cão rapidamente o assimile sem maior stress, confusão ou aversão. O “alto” que preconizamos pressupõe o cão de pé e dispensa o contributo dos comandos descendentes que lhe sucedem (“senta” e “deita”). Devido à sua natureza instantânea tem como reforço o “quieto”, que o pode substituir quando se procura um travamento peremptório e imediato ou nos casos em que se prestem ao mesmo propósito, porque o “quieto” é um trinco e é válido por si mesmo. Na condução linear, caracterizada pelo alinhamento do binómio em marcha, tanto um como o outro podem ser usados, desde que o objectivo seja deixar o cão de pé. Este comando é uma decorrência do “junto” e é normalmente tirado a partir da imobilização do condutor.
PARA QUE SERVE. O “alto” é o comando indicado para as imobilizações instantâneas e pouco duradouras, desde que as circunstâncias o permitam e os riscos sejam nulos, tanto para o cão como para terceiros. Este automatismo mantém os indíces de alerta e põe o animal de sobreaviso, pronto para o arranque e para a detecção., ainda que normalmente dê acesso às restantes imobilizações. Usamo-lo também quando intentamos abrir a porta de casa ou pretendemos acondicionar o cão no carro. É na posição de “alto” que os cães devem permanecer para serem escovados, ainda que convenientemente ajudados para se evitar o seu incómodo ou cansaço. Entre os militares em desfile, o “alto” tem substituído o arcaico “senta” na execução do “marcar passo”, desobrigando os tratadores a nova ordem e evitando o caricato da situação, uma vez que o cão assistia sentado ao exercício do seu condutor, estando uma ordem adiantado.
“ALTO” E DO “HALT” (a questão das linguagens). Quem ouvir alguns treinadores da nossa praça, quando no exercício das suas funções se vêem obrigados a dar ordens, julgá-los-á uns eruditos e uns linguistas de créditos firmados, porque falam entre iguais em português e em alemão para os cães, transitando instantaneamente da filosofia de uma língua para a outra, sem lugar a tropeços ou confusões. Para alguns o “alto” vira “halt” e os comandos seguintes seguem a tendência germânica. Há quem argumente que a opção tem a ver com o uso abusivo do cão, que sendo ensinados numa língua pouco comum, os cães dificilmente obedecerão a terceiros e melhor resistirão ao seu domínio ou controle, o que é subjectivo atendendo ao particular da mensagem entre homens e cães, particularmente entre aqueles mais mecanizados e melhor adestrados, porque o cumprimento das ordens resulta maioritariamente de gestos e posturas, é reforçado pelo tom de voz que os acompanha e apenas 7% da ordem fica a dever-se especificamente à palavra empregue. De outro modo, caso os cães entendessem o sentido abstracto das palavras, certamente os comandos se tornariam obsoletos. A resolução do problema passa, no nosso modesto entender, pelo contributo da contra-ordem, que ao gerar a fixação exclusiva na pessoa do condutor e ao atribuir-lhe a exclusividade de comando, leva o cão a desprezar as acções normativas dos demais, porque ainda que usem dos mesmos códigos, contudo não deixarão de ser alheios e estranhos à liderança. E como toda a obediência pressupõe o recurso à contra-ordem, que é o seu melhor meio de certificação, o que é válido para o “alto” é também para as demais figuras de obediência.
COMO É FEITO O “ALTO”. A instalação do comando é tradicionalmente iniciada à trela, porque se torna mais fácil e célere, mas pode ser alcançada por outros meios ou através doutros subsídios. O condutor ao imobilizar a marcha deve soltar o comando, tendo o cuidado de não ser repentino e de se colocar a meio comprimento do cão, coisa possível pelo aliviar da mão na trela após o travamento efectuado. Em simultâneo, deve manter a postura erecta e não se tombar sobre o animal, garantindo o paralelismo e a tangente entre ambos, como é próprio de qualquer figura binomial. Como se trata de um comando, a postura do condutor deve ser-lhe cativa e induzir à sua execução, mantendo os indíces de alerta do animal e procedendo de igual modo. O “alto” de “perna aberta” ou com uma adiantada devem ser banidos, porque convidam o cão para o relaxe ou para a brincadeira (ele deve entender que está a trabalhar). A mão de travamento deve actual pela rotação do pulso para dentro, do mindinho para o polegar, libertando a pressão depois da imobilização do cão, sem tirar a mão do mesmo sítio. No início da condução em liberdade, o “alto” deve ser antecedido pelo comando de “junto”, o que facilita o travamento e garante o alinhamento. A execução gestual do comando obedece a dois movimentos, exactamente como o seu número de sílabas. No primeiro momento a mão esquerda sobe ao ombro direito e no segundo desce em direcção à cabeça do animal. O comando em termos mímicos deve sugerir uma barreira e um conforto, ser operado com confiança e na certeza da acção. Aos que fazem da expressão corporal uma linguagem, diremos que a mão do condutor desce do ombro direito, à medida que a sua cara se vai virando para o lado oposto. A mão desce fechada e abre-se, tal qual o desabrochar de uma flor, junto à cabeça do cão, rodando graciosamente para a frente, até se imobilizar na frente do animal. O que transforma o adestramento numa arte não é a execução isolada do cão, mas a cumplicidade de movimentos que torna possível a interacção e que estabelece a unidade de propósitos. E neste sentido, tem o condutor trabalho árduo pela frente.
PEDAGOGIA. Antes de nos reportarmos especificamente aos erros mais comuns, queremos referir aqui a importância de 3 princípios fundamentais do treino canino e advindos da pedagogia geral de ensino, porque estamos a falar sobre adaptação animal, são eles: o princípio da individualização, o princípio da progressão e o princípio da adaptação, muito embora os restantes seis não possam sem descorados. O primeiro diz-nos que cada cão possuiu uma individualidade biológica e psicológica que se adapta de forma diferente a exercícios de treino semelhantes, o que não deixa de ser um alerta para os que têm a mania das pressas. O princípio da progressão (a quem o da sobrecarga fica a dever eficácia), alerta para a importância da frequência dos exercícios, para a sua intensidade e tempo, porque quando se vai depressa demais não há adaptação mas sim ruptura, pelo que devem ser considerados o número de sessões semanais, a carga de cada sessão e número de horas gastos no exercício. O princípio da adaptação defende que os momentos de recuperação devem ser respeitados e os de supercompensação aproveitados, devido ao desfasamento temporal entre o momento em que o exercício é executado e o aparecimento do respectivo processo de adaptação. Qualquer comando necessita de tempo e os indivíduos devem ser considerados, cada cão é diferente e cada binómio é particular. Fazer bem não é automático e carece de aperfeiçoamento, perdurar a execução plena de um exercício depende de recapitulação e o progresso só acontece pela procura. A constância e a tenacidade nas acções, quando salvaguardados os momentos de supercompensação e a motivação certa, são qualidades exigíveis a um bom condutor. O ensino apressado é um camião de vícios que obriga a um sem número de improvisos.
OS ERROS MAIS COMUNS NA FIGURA. Em abono da verdade, não se podem repartir os erros entre condutor e cão, porque a prestação canina é um acto reflexo. Uma vez isto compreendido, facilmente se antevê a quem cabe a responsabilidade: à técnica individual empregue pelo condutor. Os erros técnicos (que aqui são anti-técnicos) resultam da entoação do comando, da postura dispensada e do uso da mão. O comando de “alto” não pode ser de emergência ou tomado abruptamente, porque cabe ao líder tomar as decisões de acordo com a adaptação canina, doutro modo seria o cão a ensinar obediência ao dono e inverter-se iam os papéis. O comando não deve ser gritado ou banalizar-se, usado sistematicamente como recurso ou usurpado para a inibição. Quando isto acontece, caso o cão não seja mais capaz que o seu líder, a resposta animal poderá não ser a esperada e resultar do improviso facilitado pelo stress da novidade. E debaixo de stress duas coisas podem acontecer, de acordo com a índole do executante, ou o animal assusta-se ou reage intempestivamente, actos desnudados pela mímica que adquire. Como dissemos no primeiro parágrafo, o comando deve ser dado dentro de uma entoação e dicção sem atropelos, o que equivale a dizer isento de ira e de stress. Não obstante, deseja-se que cada condutor adquira uma voz poderosa, clara e bem modelada, porque só assim poderá fazer bom uso da linguagem verbal, que é um importante subsídio para o treino. Condutores que se agacham no exercício do comando tendem a comprometer o alinhamento e a tangente requeridos, tanto podem provocar o atraso cão como estimulá-lo para a brincadeira. Os condutores que se desequilibram de ombros incorrem nos mesmos vícios e recebem idêntica prestação. Os líderes que desprezam o “junto” terão dificuldades acrescidas no “alto” e os que mantêm a pressão da mão arriscam-se ao encaracolar do animal ou descobrirão que afinal ele se sentou, o que se compreende, particularmente quando a seguir ao “alto” vem o “senta”.
CORRECÇÃO DOS ERROS MAIS COMUNS: 1. Do cão que se cruza à frente do dono. O erro resulta usualmente da imobilização inesperada ou improvisada. Por vezes encontra razões no movimento ascendente e para dentro do condutor e pode também ser procedente de uma liderança que confunde os momentos evasão com os de trabalho. Os condutores mais baixos e com menos amplitude de braços, quando acompanhados por cães grandes, concorrem para o mesmo fenómeno. A correcção passa pelo abrir da mão para a esquerda e partir daí proceder ao “alto”. 2. Do cão que se atrasa ou esconde atrás do condutor. A anomalia é comum aos condutores que se deslocam debruçados sobre os cães, àqueles que se comportam tal qual “rebenta albardas”, que são violentos ou que não possuem os necessários vínculos afectivos com os animais que conduzem. Esta prestação é também típica dos cães muito-submissos e inibidos. Normalmente o atraso já vem de “junto” e quando assim é, importa corrigi-lo primeiro e proceder à imobilização depois. Inúmeras vezes o erro resulta do mau condicionamento anterior, graças à compreensão errada da figura por parte do condutor. A solução passa por conservar o “junto” e só depois proceder à imobilização, na procura do adiantamento do animal. Os cães mais débeis de carácter necessitam de carinhos redobrados e por vezes a simples imobilização do dono já dispensa o comando. Neste caso, os animais devem ser profusamente felicitados e familiarizados com o comando a partir da imobilização. 3. Do cão que se adianta. Isto acontece quando a valentia do cão suplanta a acção normativa do líder, diante de cães mimados ou profundamente assustados. Em qualquer dos casos o adiantamento já é anterior à figura e decorrente de um “junto” esforçado. Os cães condenados ao confinamento sistemático concorrem justificadamente para o fenómeno, assim como os super dotados e os dominantes. A solução passa pelo alcance do “junto” e pelo travamento atempado. Nestes casos a recapitulação doméstica torna-se imprescindível (princípio pedagógico da sobrecarga).
DE COMANDO PARA AUTOMATISMO. Lançando mão dos princípios pedagógicos da reversibilidade, da continuidade e da actividade apreensível, sabemos que o comando só passa a automatismo quando são respeitadas as seguintes condições: repetição sistemática da figura, procura de aperfeiçoamento e evolução do simples para o complexo (segundo a resposta positiva canina). E isto porquê? Porque as adaptações adquiridas no treino são transitórias e algumas permanecem mais tempo do que outras, porque uma nova sessão de treino deve ser aplicada quando ainda não desapareceu o efeito da sessão anterior e porque o sucesso depende da capacidade que o cão tem para resolver os exercícios. A capacitação, claro está, é responsabilidade e obra do dono. Terminámos com a frase emblemática: “o assunto não se esgota aqui, estamos prontos para maiores explicações”.
PARA QUE SERVE. O “alto” é o comando indicado para as imobilizações instantâneas e pouco duradouras, desde que as circunstâncias o permitam e os riscos sejam nulos, tanto para o cão como para terceiros. Este automatismo mantém os indíces de alerta e põe o animal de sobreaviso, pronto para o arranque e para a detecção., ainda que normalmente dê acesso às restantes imobilizações. Usamo-lo também quando intentamos abrir a porta de casa ou pretendemos acondicionar o cão no carro. É na posição de “alto” que os cães devem permanecer para serem escovados, ainda que convenientemente ajudados para se evitar o seu incómodo ou cansaço. Entre os militares em desfile, o “alto” tem substituído o arcaico “senta” na execução do “marcar passo”, desobrigando os tratadores a nova ordem e evitando o caricato da situação, uma vez que o cão assistia sentado ao exercício do seu condutor, estando uma ordem adiantado.
“ALTO” E DO “HALT” (a questão das linguagens). Quem ouvir alguns treinadores da nossa praça, quando no exercício das suas funções se vêem obrigados a dar ordens, julgá-los-á uns eruditos e uns linguistas de créditos firmados, porque falam entre iguais em português e em alemão para os cães, transitando instantaneamente da filosofia de uma língua para a outra, sem lugar a tropeços ou confusões. Para alguns o “alto” vira “halt” e os comandos seguintes seguem a tendência germânica. Há quem argumente que a opção tem a ver com o uso abusivo do cão, que sendo ensinados numa língua pouco comum, os cães dificilmente obedecerão a terceiros e melhor resistirão ao seu domínio ou controle, o que é subjectivo atendendo ao particular da mensagem entre homens e cães, particularmente entre aqueles mais mecanizados e melhor adestrados, porque o cumprimento das ordens resulta maioritariamente de gestos e posturas, é reforçado pelo tom de voz que os acompanha e apenas 7% da ordem fica a dever-se especificamente à palavra empregue. De outro modo, caso os cães entendessem o sentido abstracto das palavras, certamente os comandos se tornariam obsoletos. A resolução do problema passa, no nosso modesto entender, pelo contributo da contra-ordem, que ao gerar a fixação exclusiva na pessoa do condutor e ao atribuir-lhe a exclusividade de comando, leva o cão a desprezar as acções normativas dos demais, porque ainda que usem dos mesmos códigos, contudo não deixarão de ser alheios e estranhos à liderança. E como toda a obediência pressupõe o recurso à contra-ordem, que é o seu melhor meio de certificação, o que é válido para o “alto” é também para as demais figuras de obediência.
COMO É FEITO O “ALTO”. A instalação do comando é tradicionalmente iniciada à trela, porque se torna mais fácil e célere, mas pode ser alcançada por outros meios ou através doutros subsídios. O condutor ao imobilizar a marcha deve soltar o comando, tendo o cuidado de não ser repentino e de se colocar a meio comprimento do cão, coisa possível pelo aliviar da mão na trela após o travamento efectuado. Em simultâneo, deve manter a postura erecta e não se tombar sobre o animal, garantindo o paralelismo e a tangente entre ambos, como é próprio de qualquer figura binomial. Como se trata de um comando, a postura do condutor deve ser-lhe cativa e induzir à sua execução, mantendo os indíces de alerta do animal e procedendo de igual modo. O “alto” de “perna aberta” ou com uma adiantada devem ser banidos, porque convidam o cão para o relaxe ou para a brincadeira (ele deve entender que está a trabalhar). A mão de travamento deve actual pela rotação do pulso para dentro, do mindinho para o polegar, libertando a pressão depois da imobilização do cão, sem tirar a mão do mesmo sítio. No início da condução em liberdade, o “alto” deve ser antecedido pelo comando de “junto”, o que facilita o travamento e garante o alinhamento. A execução gestual do comando obedece a dois movimentos, exactamente como o seu número de sílabas. No primeiro momento a mão esquerda sobe ao ombro direito e no segundo desce em direcção à cabeça do animal. O comando em termos mímicos deve sugerir uma barreira e um conforto, ser operado com confiança e na certeza da acção. Aos que fazem da expressão corporal uma linguagem, diremos que a mão do condutor desce do ombro direito, à medida que a sua cara se vai virando para o lado oposto. A mão desce fechada e abre-se, tal qual o desabrochar de uma flor, junto à cabeça do cão, rodando graciosamente para a frente, até se imobilizar na frente do animal. O que transforma o adestramento numa arte não é a execução isolada do cão, mas a cumplicidade de movimentos que torna possível a interacção e que estabelece a unidade de propósitos. E neste sentido, tem o condutor trabalho árduo pela frente.
PEDAGOGIA. Antes de nos reportarmos especificamente aos erros mais comuns, queremos referir aqui a importância de 3 princípios fundamentais do treino canino e advindos da pedagogia geral de ensino, porque estamos a falar sobre adaptação animal, são eles: o princípio da individualização, o princípio da progressão e o princípio da adaptação, muito embora os restantes seis não possam sem descorados. O primeiro diz-nos que cada cão possuiu uma individualidade biológica e psicológica que se adapta de forma diferente a exercícios de treino semelhantes, o que não deixa de ser um alerta para os que têm a mania das pressas. O princípio da progressão (a quem o da sobrecarga fica a dever eficácia), alerta para a importância da frequência dos exercícios, para a sua intensidade e tempo, porque quando se vai depressa demais não há adaptação mas sim ruptura, pelo que devem ser considerados o número de sessões semanais, a carga de cada sessão e número de horas gastos no exercício. O princípio da adaptação defende que os momentos de recuperação devem ser respeitados e os de supercompensação aproveitados, devido ao desfasamento temporal entre o momento em que o exercício é executado e o aparecimento do respectivo processo de adaptação. Qualquer comando necessita de tempo e os indivíduos devem ser considerados, cada cão é diferente e cada binómio é particular. Fazer bem não é automático e carece de aperfeiçoamento, perdurar a execução plena de um exercício depende de recapitulação e o progresso só acontece pela procura. A constância e a tenacidade nas acções, quando salvaguardados os momentos de supercompensação e a motivação certa, são qualidades exigíveis a um bom condutor. O ensino apressado é um camião de vícios que obriga a um sem número de improvisos.
OS ERROS MAIS COMUNS NA FIGURA. Em abono da verdade, não se podem repartir os erros entre condutor e cão, porque a prestação canina é um acto reflexo. Uma vez isto compreendido, facilmente se antevê a quem cabe a responsabilidade: à técnica individual empregue pelo condutor. Os erros técnicos (que aqui são anti-técnicos) resultam da entoação do comando, da postura dispensada e do uso da mão. O comando de “alto” não pode ser de emergência ou tomado abruptamente, porque cabe ao líder tomar as decisões de acordo com a adaptação canina, doutro modo seria o cão a ensinar obediência ao dono e inverter-se iam os papéis. O comando não deve ser gritado ou banalizar-se, usado sistematicamente como recurso ou usurpado para a inibição. Quando isto acontece, caso o cão não seja mais capaz que o seu líder, a resposta animal poderá não ser a esperada e resultar do improviso facilitado pelo stress da novidade. E debaixo de stress duas coisas podem acontecer, de acordo com a índole do executante, ou o animal assusta-se ou reage intempestivamente, actos desnudados pela mímica que adquire. Como dissemos no primeiro parágrafo, o comando deve ser dado dentro de uma entoação e dicção sem atropelos, o que equivale a dizer isento de ira e de stress. Não obstante, deseja-se que cada condutor adquira uma voz poderosa, clara e bem modelada, porque só assim poderá fazer bom uso da linguagem verbal, que é um importante subsídio para o treino. Condutores que se agacham no exercício do comando tendem a comprometer o alinhamento e a tangente requeridos, tanto podem provocar o atraso cão como estimulá-lo para a brincadeira. Os condutores que se desequilibram de ombros incorrem nos mesmos vícios e recebem idêntica prestação. Os líderes que desprezam o “junto” terão dificuldades acrescidas no “alto” e os que mantêm a pressão da mão arriscam-se ao encaracolar do animal ou descobrirão que afinal ele se sentou, o que se compreende, particularmente quando a seguir ao “alto” vem o “senta”.
CORRECÇÃO DOS ERROS MAIS COMUNS: 1. Do cão que se cruza à frente do dono. O erro resulta usualmente da imobilização inesperada ou improvisada. Por vezes encontra razões no movimento ascendente e para dentro do condutor e pode também ser procedente de uma liderança que confunde os momentos evasão com os de trabalho. Os condutores mais baixos e com menos amplitude de braços, quando acompanhados por cães grandes, concorrem para o mesmo fenómeno. A correcção passa pelo abrir da mão para a esquerda e partir daí proceder ao “alto”. 2. Do cão que se atrasa ou esconde atrás do condutor. A anomalia é comum aos condutores que se deslocam debruçados sobre os cães, àqueles que se comportam tal qual “rebenta albardas”, que são violentos ou que não possuem os necessários vínculos afectivos com os animais que conduzem. Esta prestação é também típica dos cães muito-submissos e inibidos. Normalmente o atraso já vem de “junto” e quando assim é, importa corrigi-lo primeiro e proceder à imobilização depois. Inúmeras vezes o erro resulta do mau condicionamento anterior, graças à compreensão errada da figura por parte do condutor. A solução passa por conservar o “junto” e só depois proceder à imobilização, na procura do adiantamento do animal. Os cães mais débeis de carácter necessitam de carinhos redobrados e por vezes a simples imobilização do dono já dispensa o comando. Neste caso, os animais devem ser profusamente felicitados e familiarizados com o comando a partir da imobilização. 3. Do cão que se adianta. Isto acontece quando a valentia do cão suplanta a acção normativa do líder, diante de cães mimados ou profundamente assustados. Em qualquer dos casos o adiantamento já é anterior à figura e decorrente de um “junto” esforçado. Os cães condenados ao confinamento sistemático concorrem justificadamente para o fenómeno, assim como os super dotados e os dominantes. A solução passa pelo alcance do “junto” e pelo travamento atempado. Nestes casos a recapitulação doméstica torna-se imprescindível (princípio pedagógico da sobrecarga).
DE COMANDO PARA AUTOMATISMO. Lançando mão dos princípios pedagógicos da reversibilidade, da continuidade e da actividade apreensível, sabemos que o comando só passa a automatismo quando são respeitadas as seguintes condições: repetição sistemática da figura, procura de aperfeiçoamento e evolução do simples para o complexo (segundo a resposta positiva canina). E isto porquê? Porque as adaptações adquiridas no treino são transitórias e algumas permanecem mais tempo do que outras, porque uma nova sessão de treino deve ser aplicada quando ainda não desapareceu o efeito da sessão anterior e porque o sucesso depende da capacidade que o cão tem para resolver os exercícios. A capacitação, claro está, é responsabilidade e obra do dono. Terminámos com a frase emblemática: “o assunto não se esgota aqui, estamos prontos para maiores explicações”.
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