Recebemos finalmente notícias do João Paulo Pereira Fonseca (Paulo da Diva). Apesar de só agora manifestarmos o seu e-mail, ele já nos havia contactado no passado dia 21. Aqui o atraso foi nosso e lamentavelmente ainda não lhe respondemos. Manda cumprimentos para o Filipe, Salsichinha, Chico, Xana, Sofia e Rita Rua, alegrou-se com os novos alunos da Escola e agradou-se da boa forma do Pepe. Depois de lamentar o descarte da Diva, porque não tinha como levá-la para a Suiça, adianta que um dia voltará a ter outro CPA, muito embora, segundo o seu parecer, não hajam dois cães iguais. Contudo, sente-se triste pelo sucedido. Diz-se leitor assíduo do Blog. Despede-se com um abraço geral para todos os condutores e dedica um especial ao adestrador. Sobre a sua vida em terra helvética nada adianta, mas julgamos, atendendo à sua experiência anterior, que ele e a sua família se adaptaram bem e que estarão agora bem integrados. Daqui enviamos os nossos votos de saúde e prosperidade para a Família Fonseca, sogra inclusive (que grande cozinheira ela é), desejando ao Paulo a realização dos seus projectos e ambições. Aproveitamos a oportunidade para mandar um abraço para a nossa amiga Helena Sofia Noronha Firmino, companheira de jornada e figura presente nas nossas fileiras por vários anos. Beijinhos para o Zazou, Nobel e Bonna.
quarta-feira, 31 de março de 2010
A emboscada
Vulgarmente entende-se por emboscada uma espera para atrair alguém de improviso, no intuito de lhe armar uma cilada ou um ardil para o ofender ou agredir. Do ponto de vista militar, a emboscada é uma pequena operação ofensiva realizada de surpresa por uma força instalada contra elementos inimigos em movimento e é típica da guerra de guerrilha, muito embora possa ser operada por um corpo regular de tropas. A prática da emboscada tem entre nós outros propósitos e procura outros objectivos, destina-se aos cães de protecção civil e procura o aviso canino, porque importa evitar os ataques sem aviso e por isso mesmo imprevisíveis. E neste sentido bem que poderia ser aqui entendida como “contra-emboscada”, porque trabalhamos contra a surpresa e não buscamos o dolo de ninguém.
A manobra consiste na ocultação do binómio e na sinalização pelo cão de alguém que se aproxima ou passa. Impedido da perseguição e captura (isento da contribuição do impulso ao movimento), porque o animal se encontra devidamente atrelado, ele começará a avisar da presença de estranhos e gradualmente a maiores distâncias. Os locais escolhidos para este trabalho são geralmente isolados para não obstarem à sociabilização e facilitarem a concentração e detecção. A procura destas condições pode levar-nos ao trabalho nocturno, a locais remotos ou a áreas densamente arborizadas. E porque sempre trabalhamos para a eliminação do risco, os restantes condutores escolares transformam-se em viandantes. O alerta atempado canino é uma necessidade que traz vantagens para o cão e para o dono, porque o animal dificilmente é surpreendido e o dono ganha tempo para se precaver.
Estamos na presença da verdadeira emboscada quando a sinalização é desprezada e se procura o ataque de surpresa, coisa que abominamos por ser alheia, vil, cobarde e fratricida. A prática da emboscada deve ser estendida aos cães que ladram demais e ser por inibição usada para o seu silêncio. O recurso à emboscada solicita ao cão 4 vozes: o bufar, o latir, o ladrar e o rosnar e todas devem ser procuradas, porque são subsídios para a compreensão dos cães e do mundo à sua volta. As 3 primeiras são próprias do aviso e a última, dependendo do modo e da intensidade, tanto pode ser uma advertência como uma ameaça. Indo para além da mais-valia da comunicação interespécies, qualquer grupo somático canino pode e deve concorrer à emboscada, porque nenhum lhe é impróprio, é do agrado geral e reforça os laços binomiais, podendo ser usada para isso e estendida a todos os cachorros, porque mais vale atribuir tarefas do que sujeitarmo-nos ao disparate.
Depois de ocultados, o dono deve alertar o cão para a tarefa, convidando-o à atenção e sussurrando-lhe a ordem, debaixo da vulnerabilidade e instabilidade que provocará o aviso, coisa fácil quando isolados e entregues a si próprios. Em qualquer das fases do trabalho o “silêncio é de ouro” e o viandante evoluirá da progressão ruidosa para a mais dissimulada e menos perceptível. Quando o cão já souber ao que vai, o dono dispensa a ordem e finge-se acossado de pesado sono ou entregue à distracção. O objectivo é alcançado quando o cão sinaliza a presença do estranho a uma distância igual ou superior aos 150 metros, muito embora alguns consigam fazê-lo a distâncias muitíssimo superiores, de acordo com o seu particular e em função das condições adjacentes. A recompensa deve premiar os aprovados, especialmente as suas prestações mais ténues e muito do sucesso operacional cabe ao que representa o papel de estranho ou intruso.
A emboscada é um simulacro que intenta devolver ao cão a excelência da sua máquina sensorial, muitas vezes castrada por obrigações sociais e ambientais que lhe são alheias e nocivas, isto se a impropriedade não resultar de uma má selecção ou doutra propositada, que sendo especicista é violadora dos direitos do animal. A emboscada é uma manobra tipicamente defensiva e transforma-se em ofensiva quando se procura o indicado no 1º período do 3º parágrafo. Arregimentar os cães para a tarefa é muito fácil, predispor donos é que é difícil, porque a vida ao ar livre traz para alguns algum desconforto, incómodo, estranheza, insegurança, temor e dissabor. O aproveitamento da mais-valia canina só se justifica quando decorrente da sua resposta natural e nunca para além dos seus limites, percepção ou experiência. Os cães mais pequenos e atletas contrastam com os maiores e mais pesados, que geralmente aproveitam a tarefa para dormir uma soneca. Este foi um dos trabalhos deste fim-de-semana. Obrigado, em nome dos cães, àqueles que participaram.
A manobra consiste na ocultação do binómio e na sinalização pelo cão de alguém que se aproxima ou passa. Impedido da perseguição e captura (isento da contribuição do impulso ao movimento), porque o animal se encontra devidamente atrelado, ele começará a avisar da presença de estranhos e gradualmente a maiores distâncias. Os locais escolhidos para este trabalho são geralmente isolados para não obstarem à sociabilização e facilitarem a concentração e detecção. A procura destas condições pode levar-nos ao trabalho nocturno, a locais remotos ou a áreas densamente arborizadas. E porque sempre trabalhamos para a eliminação do risco, os restantes condutores escolares transformam-se em viandantes. O alerta atempado canino é uma necessidade que traz vantagens para o cão e para o dono, porque o animal dificilmente é surpreendido e o dono ganha tempo para se precaver.
Estamos na presença da verdadeira emboscada quando a sinalização é desprezada e se procura o ataque de surpresa, coisa que abominamos por ser alheia, vil, cobarde e fratricida. A prática da emboscada deve ser estendida aos cães que ladram demais e ser por inibição usada para o seu silêncio. O recurso à emboscada solicita ao cão 4 vozes: o bufar, o latir, o ladrar e o rosnar e todas devem ser procuradas, porque são subsídios para a compreensão dos cães e do mundo à sua volta. As 3 primeiras são próprias do aviso e a última, dependendo do modo e da intensidade, tanto pode ser uma advertência como uma ameaça. Indo para além da mais-valia da comunicação interespécies, qualquer grupo somático canino pode e deve concorrer à emboscada, porque nenhum lhe é impróprio, é do agrado geral e reforça os laços binomiais, podendo ser usada para isso e estendida a todos os cachorros, porque mais vale atribuir tarefas do que sujeitarmo-nos ao disparate.
Depois de ocultados, o dono deve alertar o cão para a tarefa, convidando-o à atenção e sussurrando-lhe a ordem, debaixo da vulnerabilidade e instabilidade que provocará o aviso, coisa fácil quando isolados e entregues a si próprios. Em qualquer das fases do trabalho o “silêncio é de ouro” e o viandante evoluirá da progressão ruidosa para a mais dissimulada e menos perceptível. Quando o cão já souber ao que vai, o dono dispensa a ordem e finge-se acossado de pesado sono ou entregue à distracção. O objectivo é alcançado quando o cão sinaliza a presença do estranho a uma distância igual ou superior aos 150 metros, muito embora alguns consigam fazê-lo a distâncias muitíssimo superiores, de acordo com o seu particular e em função das condições adjacentes. A recompensa deve premiar os aprovados, especialmente as suas prestações mais ténues e muito do sucesso operacional cabe ao que representa o papel de estranho ou intruso.
A emboscada é um simulacro que intenta devolver ao cão a excelência da sua máquina sensorial, muitas vezes castrada por obrigações sociais e ambientais que lhe são alheias e nocivas, isto se a impropriedade não resultar de uma má selecção ou doutra propositada, que sendo especicista é violadora dos direitos do animal. A emboscada é uma manobra tipicamente defensiva e transforma-se em ofensiva quando se procura o indicado no 1º período do 3º parágrafo. Arregimentar os cães para a tarefa é muito fácil, predispor donos é que é difícil, porque a vida ao ar livre traz para alguns algum desconforto, incómodo, estranheza, insegurança, temor e dissabor. O aproveitamento da mais-valia canina só se justifica quando decorrente da sua resposta natural e nunca para além dos seus limites, percepção ou experiência. Os cães mais pequenos e atletas contrastam com os maiores e mais pesados, que geralmente aproveitam a tarefa para dormir uma soneca. Este foi um dos trabalhos deste fim-de-semana. Obrigado, em nome dos cães, àqueles que participaram.
Segura-te, não caias!
No Domingo pusemos em prática os automatismos direccionais que temos vindo a instalar, valendo-nos das arribas fronteiriças à Praia de S. Julião, onde percorremos os mesmos trilhos das BTT’s e hoje também concorridos por cavaleiros (que mal montavam alguns!). Perante a inclinação do terreno, a rondar os 60 e nalguns trechos os 70º, optámos por nos socorrer dos comandos de “à frente” e “atrás”, segundo o seu propósito, necessidade e urgência. Graças a isso conferimos a instalação desses automatismos direccionais em todos os binómios presentes e alguns viram-se em sérias dificuldades. O “à frente” é um subsídio objectivo de tracção e quando não usado como presença ostensiva, deve ser solicitado nas subidas para aliviar a progressão dos condutores. O “atrás”, quando não se pretende proteger o cão ou refrear os seus ímpetos, deve ser usado nas descidas, funcionando o cão como amparo do dono. Subir com o cão atrás é uma sobrecarga e dificulta a progressão; descer com o cão à frente provoca desequilíbrio e torna-se perigoso para o condutor. A Marta surpreendeu o Joaquim a descer com a Maggie à frente e a cachorra parece dizer para o seu condutor: “ Segura-te, não caias!” É curioso reparar na mão direita da Maggie, literalmente a adivinhar o pior e a querer “pôr-se ao fresco”, tal qual tropa auto-comandada.
Uma gaivota de língua de fora
Ainda que os nossos fotógrafos não se prestem para evidenciar as nossas virtudes, contudo, mediante os erros que chapam, servem cabalmente o nosso propósito pedagógico. Aqui o caçado foi o Jorge Santos quanto intentava subir a arriba com o Juvat. O cachorro vai a desfrutar a paisagem, a admirar tudo ao seu redor e sem ajudar o condutor. Sem o auxílio da tensão da trela, mercê do esforço e porque estivemos junto ao mar, o rapaz parece uma gaivota com a língua de fora, ideia reforçada pelo movimento do seu braço esquerdo e posição pouco ortodoxa da língua. O Jorge tem que melhorar os vínculos afectivos com o Juvat e descobrir que existem outros prazeres para além da inércia e da contemplação. Subir sem o auxílio do cão é penoso, mesmo que se tente voar!
E para que se saiba como executar o exercício correctamente, aqui fica a prestação da Teresa com o Buster, ainda que a condutora pareça ir ao sabor do vento ou avance pelo auxílio de um para-pente. A maioria dos condutores teve uma prestação correcta e levou satisfatoriamente de vencida os exercícios propostos, fenómeno a que o reforço dos vínculos afectivos não foi e não é alheio.
E para que se saiba como executar o exercício correctamente, aqui fica a prestação da Teresa com o Buster, ainda que a condutora pareça ir ao sabor do vento ou avance pelo auxílio de um para-pente. A maioria dos condutores teve uma prestação correcta e levou satisfatoriamente de vencida os exercícios propostos, fenómeno a que o reforço dos vínculos afectivos não foi e não é alheio.
A importância do carrossel escolar
Sempre que possível, depois do período destinado ao trabalho específico, encerramos as nossas actividades ou turnos com manobras de carrossel. As razões que nos levam a isso são várias e todas do interesse dos binómios. As figuras que o compõem servem de recapitulação ou sumário dos conteúdos de ensino ministrados, apontando erros, ênfases e progressos, a eliminar, a aprofundar ou a desenvolver. No desempenho do Carrossel reforça-se a sociabilização, os comandos transformam-se em automatismos e os condutores aprendem o alinhamento colectivo, reconhecendo em simultâneo a importância do seu desempenho em prol do bom andamento do grupo escolar. Devido ao particular das manobras, opera-se também a fixação exclusiva na pessoa do dono e preparam-se os cães para a contra-ordem. O concurso ao Carrossel acaba também por viabilizar as futuras exibições escolares e prepara os cães para o seu dia-a-dia, a obediência sai reforçada e a autonomia binomial cresce a olhos vistos.
O concurso aos obstáculos humanos
Por vezes, de quem menos se espera, há quem nos queira confundir ou banalizar como artistas de circo, apelidando alguns dos nossos exercícios como simples palhaçadas. Apesar da exclamação pejorativa que nos é alheia, pedimos de imediato desculpa ao circo e aos palhaços, a quem muito admiramos o esforço e árduo trabalho. E como a imaginação é coisa fértil e a língua não tem travão, importa esclarecer uns e evitar a generalização de outros, não por causa destes mas a favor dos ingénuos a quem podem enganar. Quando tal é possível e nem sempre é, constituímos alguns obstáculos humanos e convidamos os cães para os transpor, reproduzindo os diferentes grupos dos escolares tradicionais. A nossa opção prende-se com 3 razões principais, a saber: levar de vencida o temor das pessoas pelos cães, vencer o medo dos cães pelas pessoas e rentabilizar a interacção entre homens e cães. Somadas as 3 razões, encontra aqui a sociabilização lugar, porque os cidadãos não são alvos a abater e a maioria gosta de cães, muito embora as feras sejam, inequivocamente, uma das atracções principais dum circo. Graças ao concurso dos obstáculos humanos, temos conseguido nas exibições sensibilizar adultos e convidar as crianças à participação, libertando-nos assim do possível atraso do camião dos obstáculos. Entendemos as exibições como uma mostra e não como um distrito de recrutamento, porque apenas pretendemos ressalvar a mais-valia canina e a sua excepcional adaptação. Thrillers para nós, só no cinema ou na televisão, quando muito à beira mar a ler um livro do género, porque privilegiamos a coabitação e ela infelizmente já é causa de espanto que baste.
Ala arriba!
Com o título não estamos a fazer a evocação do filme de José Leitão de Barros com o mesmo nome, ainda que não fosse despropositada, considerando a importância da obra do realizador e a sua paixão pela antropologia visual. “Ala Arriba” porque passámos o fim-de-semana nas arribas de S.Julião e ali cerrámos fileiras, tal qual gente do mar e amostra ténue das gentes da Póvoa do Varzim. Nada pescámos e não saímos ao mar, apenas usufruímos dele e demos pulmão aos cães (aos donos também).
O trabalho realizado foi variado e alcançado, passou pela indução ofensiva, evoluiu para perseguição, abraçou a emboscada e terminou com o carrossel. Ainda houve tempo para a obediência e para o recurso aos diferentes automatismos direccionais. No Sábado de manhã ainda fizemos alguns percursos de pistagem e finalmente a Elisabete voltou. O Gonçalo trouxe o Rocky e o Vítor Hugo voltou mais devoto e catequizado. Os netinhos do Sr. João Oliveira brincaram na areia ao nosso redor e o Pedro Rocha fez-se presente.
O séquito da Princesa foi para Madrid e não compareceu, sendo acompanhado nessa jornada pelo clã Veiga Santos. O Tiago foi requisitado para o trabalho e o mesmo aconteceu com o Rui Ribeiro. A família Abreu anda com a casa às costas e numa corrida contra-relógio. Breve estará a viver definitivamente em Óbidos. A Isabel Paiva não compareceu e a condutora do Teddy não deu notícias.
Fomos interpelados por vários proprietários de cães e foi-nos dado a apreciar um cachorro CPA negro oriundo da República Checa. Um cruzado de Dálmata associou-se aos trabalhos e foram muitos os que pararam melhor para nos apreciar. Os almoços decorreram no restaurante do “Arquitecto dos Menus” e fomos agraciados com o bom tempo.
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Ana/Loki, Célia/Igor, Clara/Shara, Elisabete/Lua, Francisco/Íris, Joana/Flikke, João Moura/Bonnie, Joaquim/Maggie, Jorge/Juvat, Luís Leal/Teka I, Roberto/Turco & Teka II, Rodrigo/Tarkan, Teresa/Buster, Vítor Hugo/Yoshi e Zé Gabriel/Master & Menina.
O trabalho realizado foi variado e alcançado, passou pela indução ofensiva, evoluiu para perseguição, abraçou a emboscada e terminou com o carrossel. Ainda houve tempo para a obediência e para o recurso aos diferentes automatismos direccionais. No Sábado de manhã ainda fizemos alguns percursos de pistagem e finalmente a Elisabete voltou. O Gonçalo trouxe o Rocky e o Vítor Hugo voltou mais devoto e catequizado. Os netinhos do Sr. João Oliveira brincaram na areia ao nosso redor e o Pedro Rocha fez-se presente.
O séquito da Princesa foi para Madrid e não compareceu, sendo acompanhado nessa jornada pelo clã Veiga Santos. O Tiago foi requisitado para o trabalho e o mesmo aconteceu com o Rui Ribeiro. A família Abreu anda com a casa às costas e numa corrida contra-relógio. Breve estará a viver definitivamente em Óbidos. A Isabel Paiva não compareceu e a condutora do Teddy não deu notícias.
Fomos interpelados por vários proprietários de cães e foi-nos dado a apreciar um cachorro CPA negro oriundo da República Checa. Um cruzado de Dálmata associou-se aos trabalhos e foram muitos os que pararam melhor para nos apreciar. Os almoços decorreram no restaurante do “Arquitecto dos Menus” e fomos agraciados com o bom tempo.
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Ana/Loki, Célia/Igor, Clara/Shara, Elisabete/Lua, Francisco/Íris, Joana/Flikke, João Moura/Bonnie, Joaquim/Maggie, Jorge/Juvat, Luís Leal/Teka I, Roberto/Turco & Teka II, Rodrigo/Tarkan, Teresa/Buster, Vítor Hugo/Yoshi e Zé Gabriel/Master & Menina.
sábado, 27 de março de 2010
Caderno de ensino: IV. o "ALTO"
O QUE É O “ALTO”. É o primeiro comando de imobilização a ensinar a um cão e como tal deve constituir-se em automatismo. Serve para interromper a marcha do animal e não havendo outros comandos específicos para o efeito, pode usurpar o seu lugar e ser usado como travamento noutras disciplinas cinotécnicas advindas da obediência, em substituição do “larga” ou “solta”, por exemplo. Ao contrário do que se julga e tanto se faz, o comando não é inibitório e por isso deve ser dado debaixo de uma entoação e dicção calmas, segundo a divisão das suas sílabas para que o cão rapidamente o assimile sem maior stress, confusão ou aversão. O “alto” que preconizamos pressupõe o cão de pé e dispensa o contributo dos comandos descendentes que lhe sucedem (“senta” e “deita”). Devido à sua natureza instantânea tem como reforço o “quieto”, que o pode substituir quando se procura um travamento peremptório e imediato ou nos casos em que se prestem ao mesmo propósito, porque o “quieto” é um trinco e é válido por si mesmo. Na condução linear, caracterizada pelo alinhamento do binómio em marcha, tanto um como o outro podem ser usados, desde que o objectivo seja deixar o cão de pé. Este comando é uma decorrência do “junto” e é normalmente tirado a partir da imobilização do condutor.
PARA QUE SERVE. O “alto” é o comando indicado para as imobilizações instantâneas e pouco duradouras, desde que as circunstâncias o permitam e os riscos sejam nulos, tanto para o cão como para terceiros. Este automatismo mantém os indíces de alerta e põe o animal de sobreaviso, pronto para o arranque e para a detecção., ainda que normalmente dê acesso às restantes imobilizações. Usamo-lo também quando intentamos abrir a porta de casa ou pretendemos acondicionar o cão no carro. É na posição de “alto” que os cães devem permanecer para serem escovados, ainda que convenientemente ajudados para se evitar o seu incómodo ou cansaço. Entre os militares em desfile, o “alto” tem substituído o arcaico “senta” na execução do “marcar passo”, desobrigando os tratadores a nova ordem e evitando o caricato da situação, uma vez que o cão assistia sentado ao exercício do seu condutor, estando uma ordem adiantado.
“ALTO” E DO “HALT” (a questão das linguagens). Quem ouvir alguns treinadores da nossa praça, quando no exercício das suas funções se vêem obrigados a dar ordens, julgá-los-á uns eruditos e uns linguistas de créditos firmados, porque falam entre iguais em português e em alemão para os cães, transitando instantaneamente da filosofia de uma língua para a outra, sem lugar a tropeços ou confusões. Para alguns o “alto” vira “halt” e os comandos seguintes seguem a tendência germânica. Há quem argumente que a opção tem a ver com o uso abusivo do cão, que sendo ensinados numa língua pouco comum, os cães dificilmente obedecerão a terceiros e melhor resistirão ao seu domínio ou controle, o que é subjectivo atendendo ao particular da mensagem entre homens e cães, particularmente entre aqueles mais mecanizados e melhor adestrados, porque o cumprimento das ordens resulta maioritariamente de gestos e posturas, é reforçado pelo tom de voz que os acompanha e apenas 7% da ordem fica a dever-se especificamente à palavra empregue. De outro modo, caso os cães entendessem o sentido abstracto das palavras, certamente os comandos se tornariam obsoletos. A resolução do problema passa, no nosso modesto entender, pelo contributo da contra-ordem, que ao gerar a fixação exclusiva na pessoa do condutor e ao atribuir-lhe a exclusividade de comando, leva o cão a desprezar as acções normativas dos demais, porque ainda que usem dos mesmos códigos, contudo não deixarão de ser alheios e estranhos à liderança. E como toda a obediência pressupõe o recurso à contra-ordem, que é o seu melhor meio de certificação, o que é válido para o “alto” é também para as demais figuras de obediência.
COMO É FEITO O “ALTO”. A instalação do comando é tradicionalmente iniciada à trela, porque se torna mais fácil e célere, mas pode ser alcançada por outros meios ou através doutros subsídios. O condutor ao imobilizar a marcha deve soltar o comando, tendo o cuidado de não ser repentino e de se colocar a meio comprimento do cão, coisa possível pelo aliviar da mão na trela após o travamento efectuado. Em simultâneo, deve manter a postura erecta e não se tombar sobre o animal, garantindo o paralelismo e a tangente entre ambos, como é próprio de qualquer figura binomial. Como se trata de um comando, a postura do condutor deve ser-lhe cativa e induzir à sua execução, mantendo os indíces de alerta do animal e procedendo de igual modo. O “alto” de “perna aberta” ou com uma adiantada devem ser banidos, porque convidam o cão para o relaxe ou para a brincadeira (ele deve entender que está a trabalhar). A mão de travamento deve actual pela rotação do pulso para dentro, do mindinho para o polegar, libertando a pressão depois da imobilização do cão, sem tirar a mão do mesmo sítio. No início da condução em liberdade, o “alto” deve ser antecedido pelo comando de “junto”, o que facilita o travamento e garante o alinhamento. A execução gestual do comando obedece a dois movimentos, exactamente como o seu número de sílabas. No primeiro momento a mão esquerda sobe ao ombro direito e no segundo desce em direcção à cabeça do animal. O comando em termos mímicos deve sugerir uma barreira e um conforto, ser operado com confiança e na certeza da acção. Aos que fazem da expressão corporal uma linguagem, diremos que a mão do condutor desce do ombro direito, à medida que a sua cara se vai virando para o lado oposto. A mão desce fechada e abre-se, tal qual o desabrochar de uma flor, junto à cabeça do cão, rodando graciosamente para a frente, até se imobilizar na frente do animal. O que transforma o adestramento numa arte não é a execução isolada do cão, mas a cumplicidade de movimentos que torna possível a interacção e que estabelece a unidade de propósitos. E neste sentido, tem o condutor trabalho árduo pela frente.
PEDAGOGIA. Antes de nos reportarmos especificamente aos erros mais comuns, queremos referir aqui a importância de 3 princípios fundamentais do treino canino e advindos da pedagogia geral de ensino, porque estamos a falar sobre adaptação animal, são eles: o princípio da individualização, o princípio da progressão e o princípio da adaptação, muito embora os restantes seis não possam sem descorados. O primeiro diz-nos que cada cão possuiu uma individualidade biológica e psicológica que se adapta de forma diferente a exercícios de treino semelhantes, o que não deixa de ser um alerta para os que têm a mania das pressas. O princípio da progressão (a quem o da sobrecarga fica a dever eficácia), alerta para a importância da frequência dos exercícios, para a sua intensidade e tempo, porque quando se vai depressa demais não há adaptação mas sim ruptura, pelo que devem ser considerados o número de sessões semanais, a carga de cada sessão e número de horas gastos no exercício. O princípio da adaptação defende que os momentos de recuperação devem ser respeitados e os de supercompensação aproveitados, devido ao desfasamento temporal entre o momento em que o exercício é executado e o aparecimento do respectivo processo de adaptação. Qualquer comando necessita de tempo e os indivíduos devem ser considerados, cada cão é diferente e cada binómio é particular. Fazer bem não é automático e carece de aperfeiçoamento, perdurar a execução plena de um exercício depende de recapitulação e o progresso só acontece pela procura. A constância e a tenacidade nas acções, quando salvaguardados os momentos de supercompensação e a motivação certa, são qualidades exigíveis a um bom condutor. O ensino apressado é um camião de vícios que obriga a um sem número de improvisos.
OS ERROS MAIS COMUNS NA FIGURA. Em abono da verdade, não se podem repartir os erros entre condutor e cão, porque a prestação canina é um acto reflexo. Uma vez isto compreendido, facilmente se antevê a quem cabe a responsabilidade: à técnica individual empregue pelo condutor. Os erros técnicos (que aqui são anti-técnicos) resultam da entoação do comando, da postura dispensada e do uso da mão. O comando de “alto” não pode ser de emergência ou tomado abruptamente, porque cabe ao líder tomar as decisões de acordo com a adaptação canina, doutro modo seria o cão a ensinar obediência ao dono e inverter-se iam os papéis. O comando não deve ser gritado ou banalizar-se, usado sistematicamente como recurso ou usurpado para a inibição. Quando isto acontece, caso o cão não seja mais capaz que o seu líder, a resposta animal poderá não ser a esperada e resultar do improviso facilitado pelo stress da novidade. E debaixo de stress duas coisas podem acontecer, de acordo com a índole do executante, ou o animal assusta-se ou reage intempestivamente, actos desnudados pela mímica que adquire. Como dissemos no primeiro parágrafo, o comando deve ser dado dentro de uma entoação e dicção sem atropelos, o que equivale a dizer isento de ira e de stress. Não obstante, deseja-se que cada condutor adquira uma voz poderosa, clara e bem modelada, porque só assim poderá fazer bom uso da linguagem verbal, que é um importante subsídio para o treino. Condutores que se agacham no exercício do comando tendem a comprometer o alinhamento e a tangente requeridos, tanto podem provocar o atraso cão como estimulá-lo para a brincadeira. Os condutores que se desequilibram de ombros incorrem nos mesmos vícios e recebem idêntica prestação. Os líderes que desprezam o “junto” terão dificuldades acrescidas no “alto” e os que mantêm a pressão da mão arriscam-se ao encaracolar do animal ou descobrirão que afinal ele se sentou, o que se compreende, particularmente quando a seguir ao “alto” vem o “senta”.
CORRECÇÃO DOS ERROS MAIS COMUNS: 1. Do cão que se cruza à frente do dono. O erro resulta usualmente da imobilização inesperada ou improvisada. Por vezes encontra razões no movimento ascendente e para dentro do condutor e pode também ser procedente de uma liderança que confunde os momentos evasão com os de trabalho. Os condutores mais baixos e com menos amplitude de braços, quando acompanhados por cães grandes, concorrem para o mesmo fenómeno. A correcção passa pelo abrir da mão para a esquerda e partir daí proceder ao “alto”. 2. Do cão que se atrasa ou esconde atrás do condutor. A anomalia é comum aos condutores que se deslocam debruçados sobre os cães, àqueles que se comportam tal qual “rebenta albardas”, que são violentos ou que não possuem os necessários vínculos afectivos com os animais que conduzem. Esta prestação é também típica dos cães muito-submissos e inibidos. Normalmente o atraso já vem de “junto” e quando assim é, importa corrigi-lo primeiro e proceder à imobilização depois. Inúmeras vezes o erro resulta do mau condicionamento anterior, graças à compreensão errada da figura por parte do condutor. A solução passa por conservar o “junto” e só depois proceder à imobilização, na procura do adiantamento do animal. Os cães mais débeis de carácter necessitam de carinhos redobrados e por vezes a simples imobilização do dono já dispensa o comando. Neste caso, os animais devem ser profusamente felicitados e familiarizados com o comando a partir da imobilização. 3. Do cão que se adianta. Isto acontece quando a valentia do cão suplanta a acção normativa do líder, diante de cães mimados ou profundamente assustados. Em qualquer dos casos o adiantamento já é anterior à figura e decorrente de um “junto” esforçado. Os cães condenados ao confinamento sistemático concorrem justificadamente para o fenómeno, assim como os super dotados e os dominantes. A solução passa pelo alcance do “junto” e pelo travamento atempado. Nestes casos a recapitulação doméstica torna-se imprescindível (princípio pedagógico da sobrecarga).
DE COMANDO PARA AUTOMATISMO. Lançando mão dos princípios pedagógicos da reversibilidade, da continuidade e da actividade apreensível, sabemos que o comando só passa a automatismo quando são respeitadas as seguintes condições: repetição sistemática da figura, procura de aperfeiçoamento e evolução do simples para o complexo (segundo a resposta positiva canina). E isto porquê? Porque as adaptações adquiridas no treino são transitórias e algumas permanecem mais tempo do que outras, porque uma nova sessão de treino deve ser aplicada quando ainda não desapareceu o efeito da sessão anterior e porque o sucesso depende da capacidade que o cão tem para resolver os exercícios. A capacitação, claro está, é responsabilidade e obra do dono. Terminámos com a frase emblemática: “o assunto não se esgota aqui, estamos prontos para maiores explicações”.
PARA QUE SERVE. O “alto” é o comando indicado para as imobilizações instantâneas e pouco duradouras, desde que as circunstâncias o permitam e os riscos sejam nulos, tanto para o cão como para terceiros. Este automatismo mantém os indíces de alerta e põe o animal de sobreaviso, pronto para o arranque e para a detecção., ainda que normalmente dê acesso às restantes imobilizações. Usamo-lo também quando intentamos abrir a porta de casa ou pretendemos acondicionar o cão no carro. É na posição de “alto” que os cães devem permanecer para serem escovados, ainda que convenientemente ajudados para se evitar o seu incómodo ou cansaço. Entre os militares em desfile, o “alto” tem substituído o arcaico “senta” na execução do “marcar passo”, desobrigando os tratadores a nova ordem e evitando o caricato da situação, uma vez que o cão assistia sentado ao exercício do seu condutor, estando uma ordem adiantado.
“ALTO” E DO “HALT” (a questão das linguagens). Quem ouvir alguns treinadores da nossa praça, quando no exercício das suas funções se vêem obrigados a dar ordens, julgá-los-á uns eruditos e uns linguistas de créditos firmados, porque falam entre iguais em português e em alemão para os cães, transitando instantaneamente da filosofia de uma língua para a outra, sem lugar a tropeços ou confusões. Para alguns o “alto” vira “halt” e os comandos seguintes seguem a tendência germânica. Há quem argumente que a opção tem a ver com o uso abusivo do cão, que sendo ensinados numa língua pouco comum, os cães dificilmente obedecerão a terceiros e melhor resistirão ao seu domínio ou controle, o que é subjectivo atendendo ao particular da mensagem entre homens e cães, particularmente entre aqueles mais mecanizados e melhor adestrados, porque o cumprimento das ordens resulta maioritariamente de gestos e posturas, é reforçado pelo tom de voz que os acompanha e apenas 7% da ordem fica a dever-se especificamente à palavra empregue. De outro modo, caso os cães entendessem o sentido abstracto das palavras, certamente os comandos se tornariam obsoletos. A resolução do problema passa, no nosso modesto entender, pelo contributo da contra-ordem, que ao gerar a fixação exclusiva na pessoa do condutor e ao atribuir-lhe a exclusividade de comando, leva o cão a desprezar as acções normativas dos demais, porque ainda que usem dos mesmos códigos, contudo não deixarão de ser alheios e estranhos à liderança. E como toda a obediência pressupõe o recurso à contra-ordem, que é o seu melhor meio de certificação, o que é válido para o “alto” é também para as demais figuras de obediência.
COMO É FEITO O “ALTO”. A instalação do comando é tradicionalmente iniciada à trela, porque se torna mais fácil e célere, mas pode ser alcançada por outros meios ou através doutros subsídios. O condutor ao imobilizar a marcha deve soltar o comando, tendo o cuidado de não ser repentino e de se colocar a meio comprimento do cão, coisa possível pelo aliviar da mão na trela após o travamento efectuado. Em simultâneo, deve manter a postura erecta e não se tombar sobre o animal, garantindo o paralelismo e a tangente entre ambos, como é próprio de qualquer figura binomial. Como se trata de um comando, a postura do condutor deve ser-lhe cativa e induzir à sua execução, mantendo os indíces de alerta do animal e procedendo de igual modo. O “alto” de “perna aberta” ou com uma adiantada devem ser banidos, porque convidam o cão para o relaxe ou para a brincadeira (ele deve entender que está a trabalhar). A mão de travamento deve actual pela rotação do pulso para dentro, do mindinho para o polegar, libertando a pressão depois da imobilização do cão, sem tirar a mão do mesmo sítio. No início da condução em liberdade, o “alto” deve ser antecedido pelo comando de “junto”, o que facilita o travamento e garante o alinhamento. A execução gestual do comando obedece a dois movimentos, exactamente como o seu número de sílabas. No primeiro momento a mão esquerda sobe ao ombro direito e no segundo desce em direcção à cabeça do animal. O comando em termos mímicos deve sugerir uma barreira e um conforto, ser operado com confiança e na certeza da acção. Aos que fazem da expressão corporal uma linguagem, diremos que a mão do condutor desce do ombro direito, à medida que a sua cara se vai virando para o lado oposto. A mão desce fechada e abre-se, tal qual o desabrochar de uma flor, junto à cabeça do cão, rodando graciosamente para a frente, até se imobilizar na frente do animal. O que transforma o adestramento numa arte não é a execução isolada do cão, mas a cumplicidade de movimentos que torna possível a interacção e que estabelece a unidade de propósitos. E neste sentido, tem o condutor trabalho árduo pela frente.
PEDAGOGIA. Antes de nos reportarmos especificamente aos erros mais comuns, queremos referir aqui a importância de 3 princípios fundamentais do treino canino e advindos da pedagogia geral de ensino, porque estamos a falar sobre adaptação animal, são eles: o princípio da individualização, o princípio da progressão e o princípio da adaptação, muito embora os restantes seis não possam sem descorados. O primeiro diz-nos que cada cão possuiu uma individualidade biológica e psicológica que se adapta de forma diferente a exercícios de treino semelhantes, o que não deixa de ser um alerta para os que têm a mania das pressas. O princípio da progressão (a quem o da sobrecarga fica a dever eficácia), alerta para a importância da frequência dos exercícios, para a sua intensidade e tempo, porque quando se vai depressa demais não há adaptação mas sim ruptura, pelo que devem ser considerados o número de sessões semanais, a carga de cada sessão e número de horas gastos no exercício. O princípio da adaptação defende que os momentos de recuperação devem ser respeitados e os de supercompensação aproveitados, devido ao desfasamento temporal entre o momento em que o exercício é executado e o aparecimento do respectivo processo de adaptação. Qualquer comando necessita de tempo e os indivíduos devem ser considerados, cada cão é diferente e cada binómio é particular. Fazer bem não é automático e carece de aperfeiçoamento, perdurar a execução plena de um exercício depende de recapitulação e o progresso só acontece pela procura. A constância e a tenacidade nas acções, quando salvaguardados os momentos de supercompensação e a motivação certa, são qualidades exigíveis a um bom condutor. O ensino apressado é um camião de vícios que obriga a um sem número de improvisos.
OS ERROS MAIS COMUNS NA FIGURA. Em abono da verdade, não se podem repartir os erros entre condutor e cão, porque a prestação canina é um acto reflexo. Uma vez isto compreendido, facilmente se antevê a quem cabe a responsabilidade: à técnica individual empregue pelo condutor. Os erros técnicos (que aqui são anti-técnicos) resultam da entoação do comando, da postura dispensada e do uso da mão. O comando de “alto” não pode ser de emergência ou tomado abruptamente, porque cabe ao líder tomar as decisões de acordo com a adaptação canina, doutro modo seria o cão a ensinar obediência ao dono e inverter-se iam os papéis. O comando não deve ser gritado ou banalizar-se, usado sistematicamente como recurso ou usurpado para a inibição. Quando isto acontece, caso o cão não seja mais capaz que o seu líder, a resposta animal poderá não ser a esperada e resultar do improviso facilitado pelo stress da novidade. E debaixo de stress duas coisas podem acontecer, de acordo com a índole do executante, ou o animal assusta-se ou reage intempestivamente, actos desnudados pela mímica que adquire. Como dissemos no primeiro parágrafo, o comando deve ser dado dentro de uma entoação e dicção sem atropelos, o que equivale a dizer isento de ira e de stress. Não obstante, deseja-se que cada condutor adquira uma voz poderosa, clara e bem modelada, porque só assim poderá fazer bom uso da linguagem verbal, que é um importante subsídio para o treino. Condutores que se agacham no exercício do comando tendem a comprometer o alinhamento e a tangente requeridos, tanto podem provocar o atraso cão como estimulá-lo para a brincadeira. Os condutores que se desequilibram de ombros incorrem nos mesmos vícios e recebem idêntica prestação. Os líderes que desprezam o “junto” terão dificuldades acrescidas no “alto” e os que mantêm a pressão da mão arriscam-se ao encaracolar do animal ou descobrirão que afinal ele se sentou, o que se compreende, particularmente quando a seguir ao “alto” vem o “senta”.
CORRECÇÃO DOS ERROS MAIS COMUNS: 1. Do cão que se cruza à frente do dono. O erro resulta usualmente da imobilização inesperada ou improvisada. Por vezes encontra razões no movimento ascendente e para dentro do condutor e pode também ser procedente de uma liderança que confunde os momentos evasão com os de trabalho. Os condutores mais baixos e com menos amplitude de braços, quando acompanhados por cães grandes, concorrem para o mesmo fenómeno. A correcção passa pelo abrir da mão para a esquerda e partir daí proceder ao “alto”. 2. Do cão que se atrasa ou esconde atrás do condutor. A anomalia é comum aos condutores que se deslocam debruçados sobre os cães, àqueles que se comportam tal qual “rebenta albardas”, que são violentos ou que não possuem os necessários vínculos afectivos com os animais que conduzem. Esta prestação é também típica dos cães muito-submissos e inibidos. Normalmente o atraso já vem de “junto” e quando assim é, importa corrigi-lo primeiro e proceder à imobilização depois. Inúmeras vezes o erro resulta do mau condicionamento anterior, graças à compreensão errada da figura por parte do condutor. A solução passa por conservar o “junto” e só depois proceder à imobilização, na procura do adiantamento do animal. Os cães mais débeis de carácter necessitam de carinhos redobrados e por vezes a simples imobilização do dono já dispensa o comando. Neste caso, os animais devem ser profusamente felicitados e familiarizados com o comando a partir da imobilização. 3. Do cão que se adianta. Isto acontece quando a valentia do cão suplanta a acção normativa do líder, diante de cães mimados ou profundamente assustados. Em qualquer dos casos o adiantamento já é anterior à figura e decorrente de um “junto” esforçado. Os cães condenados ao confinamento sistemático concorrem justificadamente para o fenómeno, assim como os super dotados e os dominantes. A solução passa pelo alcance do “junto” e pelo travamento atempado. Nestes casos a recapitulação doméstica torna-se imprescindível (princípio pedagógico da sobrecarga).
DE COMANDO PARA AUTOMATISMO. Lançando mão dos princípios pedagógicos da reversibilidade, da continuidade e da actividade apreensível, sabemos que o comando só passa a automatismo quando são respeitadas as seguintes condições: repetição sistemática da figura, procura de aperfeiçoamento e evolução do simples para o complexo (segundo a resposta positiva canina). E isto porquê? Porque as adaptações adquiridas no treino são transitórias e algumas permanecem mais tempo do que outras, porque uma nova sessão de treino deve ser aplicada quando ainda não desapareceu o efeito da sessão anterior e porque o sucesso depende da capacidade que o cão tem para resolver os exercícios. A capacitação, claro está, é responsabilidade e obra do dono. Terminámos com a frase emblemática: “o assunto não se esgota aqui, estamos prontos para maiores explicações”.
segunda-feira, 22 de março de 2010
As andorinhas chegaram!
As andorinhas chegaram e anunciam a Primavera, de acordo com o relógio biológico que as empurra para Norte e impele outros à mudança, um novo ciclo começa e a azáfama vai ser grande. Nos bosques e nas matas a vida fervilha, nascem os primeiros raposinhos, surgem as primeiras flores, os insectos multiplicam-se e os pássaros dão início à construção dos seus ninhos, é chegada a hora de se juntarem também os canários. Os cães entram na muda do pêlo e os lobeiros vão alterar a sua pelagem, as galinhas aumentam as posturas e as ovelhas e os burros acabarão tosquiados. As andorinhas chegaram e o tempo mudou. Os vendedores ambulantes vendem as últimas castanhas e iniciam a venda dos gelados, os stocks nos pronto-a-vestir sofrem alteração e as pessoas descarregam a roupa excedentária, as moças florescem com a Estação e os velhotes ganham novo alento, pelo menos até ao próximo Outono, pois já venceram outro Inverno e o tempo aumenta-lhes a esperança. Estranhamente, neste ano tudo bateu certo, tivemos Outono e Inverno e as andorinhas chegaram no tempo certo, e quando assim é, como é lindo viver no hemisfério norte.
Preocupados com o desenvolvimento salutar dos nossos cachorros e procurando a sintonia entre eles e o relógio biológico, subsídio objectivo para o seu bem-estar e longevidade, subimos serras e descemos falésias, calcorreámos calçadas, atravessámos charnecas, espraiámo-nos pelos areais e invadimos parques e rios. Será que os donos não usufruíram de idêntica vantagem? O sedentarismo mata porque obsta à adaptação, carece de novidade e aumenta a fricção dentro dos grupos. Ficar parado no mesmo lugar é esperar que nos levem daqui para fora! Ninguém nasceu para o cativeiro e muito menos os cães! A experiência que doámos aos nossos ser-lhes-á grata e dela não se esquecerão, porque saíram mais robustos, mais curiosos e extraordinariamente mais felizes. Procurámos com isso também aumentar o seu impulso ao conhecimento, adaptá-los aos fenómenos naturais e ao artificialismo que será a sua vida doravante, enquanto cães citadinos e propriedade de cidadãos, onde a sociabilização é palavra de ordem e o perigo sempre espreita. Por outro lado, contrariámos a tendência generalizada que atenta contra a excursão diária canina, obrigando os seus donos à jornada e aumentando com isso os vínculos binomiais, condição sine qua non para o seu bom desempenho futuro. Antecipámo-nos às andorinhas e aumentámos a Primavera, demos e recebemos vida, aproveitámos o que normalmente desprezamos e descobrimos que ainda estamos para durar, que não estamos sós e que ainda temos mais alguém ao nosso lado, porque a inquietude de ter cães transporta-nos para a vida!
Preocupados com o desenvolvimento salutar dos nossos cachorros e procurando a sintonia entre eles e o relógio biológico, subsídio objectivo para o seu bem-estar e longevidade, subimos serras e descemos falésias, calcorreámos calçadas, atravessámos charnecas, espraiámo-nos pelos areais e invadimos parques e rios. Será que os donos não usufruíram de idêntica vantagem? O sedentarismo mata porque obsta à adaptação, carece de novidade e aumenta a fricção dentro dos grupos. Ficar parado no mesmo lugar é esperar que nos levem daqui para fora! Ninguém nasceu para o cativeiro e muito menos os cães! A experiência que doámos aos nossos ser-lhes-á grata e dela não se esquecerão, porque saíram mais robustos, mais curiosos e extraordinariamente mais felizes. Procurámos com isso também aumentar o seu impulso ao conhecimento, adaptá-los aos fenómenos naturais e ao artificialismo que será a sua vida doravante, enquanto cães citadinos e propriedade de cidadãos, onde a sociabilização é palavra de ordem e o perigo sempre espreita. Por outro lado, contrariámos a tendência generalizada que atenta contra a excursão diária canina, obrigando os seus donos à jornada e aumentando com isso os vínculos binomiais, condição sine qua non para o seu bom desempenho futuro. Antecipámo-nos às andorinhas e aumentámos a Primavera, demos e recebemos vida, aproveitámos o que normalmente desprezamos e descobrimos que ainda estamos para durar, que não estamos sós e que ainda temos mais alguém ao nosso lado, porque a inquietude de ter cães transporta-nos para a vida!
Habemus Pepe
O título lembra a frase latina “habemus Papam” (temos Papa) e realça a importância do Pepe nas nossas fileiras, porque a qualidade do ensino escolar canino sempre dependerá, em grande parte, também da qualidade e da mestria dos cães que lhe servem de exemplo, por força do seu viver social, desafio e prestação. Todos os anos subsistem cães que carregam os outros às costas, instrutores na verdadeira acepção da palavra e dos quais depende o melhor ou menor aproveitamento das classes. Funcionando como guias, eles estabelecerão o discipulado animal que suprirá algumas lacunas presentes em certos líderes humanos, compensando pelo exemplo aquilo que certos condutores não conseguem transmitir, mercê do escalonamento escolar e das aulas colectivas. Para além desse ofício, eles incentivam em simultâneo os demais condutores, tornam-nos mais ambiciosos e dispostos a procurar outras metas.
As classes actuais têm sido carregadas pelo Master, pelo Loki e pelo Pepe e o Flikke também nisso tem colaborado, particularmente nas diferentes induções. Tradicionalmente o lugar é dos CPA’S e muito raramente outra raça abraça essa responsabilidade. Tal é o caso do Pepe, um Border Collie preto e branco, super activo, de alta capacidade de aprendizagem e excepcionalmente disponível. Geneticamente superior, teve a sorte de encontrar o dono certo e o binómio cedeu floresceu. Naturalmente amigo dos cachorros, ajudou o Loki a crescer e a desenvolver o galope, incentivou o Pipo ao transporte e tem servido de estímulo para todos no desempenho da ginástica. Para além das excepcionais performances físicas que lhe são próprias, tem-se notabilizado na obediência e noutras tarefas pouco visíveis na sua raça. É uma referência para as actuais classes e um dos símbolos vivos desta escola. Daqui expressamos os nossos agradecimentos ao Bruno e expressamos a nossa homenagem ao Pepe.
As classes actuais têm sido carregadas pelo Master, pelo Loki e pelo Pepe e o Flikke também nisso tem colaborado, particularmente nas diferentes induções. Tradicionalmente o lugar é dos CPA’S e muito raramente outra raça abraça essa responsabilidade. Tal é o caso do Pepe, um Border Collie preto e branco, super activo, de alta capacidade de aprendizagem e excepcionalmente disponível. Geneticamente superior, teve a sorte de encontrar o dono certo e o binómio cedeu floresceu. Naturalmente amigo dos cachorros, ajudou o Loki a crescer e a desenvolver o galope, incentivou o Pipo ao transporte e tem servido de estímulo para todos no desempenho da ginástica. Para além das excepcionais performances físicas que lhe são próprias, tem-se notabilizado na obediência e noutras tarefas pouco visíveis na sua raça. É uma referência para as actuais classes e um dos símbolos vivos desta escola. Daqui expressamos os nossos agradecimentos ao Bruno e expressamos a nossa homenagem ao Pepe.
Isabel Silva: a condutora invisível
A Isabel é a esposa do Francisco, uma senhora afável e de bom trato que conduz agora a Luna. Furta-se com facilidade às fotografias e sempre se ausenta delas. Desta vez não se escapou e foi finalmente captada pela câmara. Apesar de tia, ela é também madrinha do Rodrigo e o miúdo venera-a. Como condutora está a melhorar, é objectiva e gosta de aprender. A relação com a Luna é excelente e a sua entrada no grupo aconteceu naturalmente. Terá que melhorar os seus índices atléticos, o que nos parece ao seu alcance mercê do empenho até agora manifesto. O progresso dos cães da família Silva parece-nos assegurado, porque todos lá em casa adoram cães e não regateiam esforços pelo seu bem-estar, vêm às aulas e apostam na recapitulação doméstica. Para quem ainda não conhecia a Isabel Silva, aqui vai uma imagem de corpo inteiro, ainda que hoje apareça noutras. Atendendo a que temos 4 condutores de Cheleiros, já se pode pensar numa companhia cinotécnica daquela localidade ribeirinha. Estendemos aqui o nosso bem-vindo à Isabel e queremo-la ao nosso lado, porque é boa companhia e comunga dos nossos propósitos.
Veja as diferenças
Não temos bem a certeza, mas pensamos que este era um dos passatempos dominicais publicados pelo “Diário de Notícias”. Dele constavam duas imagens aparentemente iguais e cabia ao leitor detectar as 10 diferenças nelas presentes. A foto acima reporta-se ao trabalho dominical de uma das classes escolares, quando 7 condutores intentavam conservar os cães no “quieto”. A menina mais à direita (é a Carolina, filha da Célia) não é condutora e nem está a afazer manguitos, somente a chuchar no dedo. Pergunta-se: estarão todos os condutores a agir correctamente? Se não, quem estará a proceder errado?
Luna: a princesa distante
O que raio terá acontecido aos Boxers, cada vez se vêem menos e poucos cães são tão afáveis como eles? Será que a insegurança levou à procura de outros cães mais bélicos ou a crise desabou maioritariamente sobre eles? Não sabemos, ou sabemos e não queremos entender. A Luna é a única boxer da Escola, é tigrada e muito escura, ainda é cachorra e extremamente meiga. Profundamente submissa e vítima do amatilhamento doméstico, prefere o convívio entre iguais e tem resistido à sua nova investidura, não obstante ser carregada com a toda a afeição possível e impossível. Melhor nos automatismos de imobilização do que nos direccionais, ela tem aprendido e mostrado outras capacidades desde que a CPA Íris se tornou sua companhia. Por vezes adormece literalmente nos comandos de imobilização e sempre suscita a simpatia de quem a vê, porque emana ternura no meio de tanto lupino. O seu olhar é sempre vago, lembra uma princesa de um reino distante e não raramente adormece com ele.
O Igor e a amiga
O cachorro que vai na frente é o Igor, filho do Greg e da Luna, um dos rebentos do Sr. Álvaro Costa, tal qual o Rocky, o Sane, a Íris e a Maggie. O Igor tem menos 3 semanas que o Buster (cachorro que segue atrás) e está quase a apanhá-lo no crescimento, apesar de ser excepcionalmente robusto. A condutora é a Célia e juntos fazem parte dos novos binómios escolares. O binómio destaca-se pelo afecto mútuo e sem maiores dificuldades atingirá os seus objectivos. A Célia é resoluta e apresenta propensão atlética, ainda que dada ao improviso face à novidade dos procedimentos. À parte disto, a condutora é excepcionalmente prestável e de fácil integração, transmite alegria à classe e é esforçada. Aos dois o nosso bem-vindo.
Todos diferentes e todos iguais
Seis amigos encontram-se no parque, constituem-se em pares e decidem fazer o “quieto”. Aparentemente os condutores parecem executar o mesmo exercício e procurar o mesmo propósito. Mas se repararmos bem, as suas posturas são diferentes e a resposta dos cães diversa. Todos eles cometem erros diferentes e nenhum cumpriu totalmente com os procedimentos adiantados. A Teresa não adiantou a perna esquerda para facilitar o “roda”, o Tiago trocou a mão de chamada e o Joaquim desprezou o braço de travamento. Acto contínuo: a Maggie distraiu-se sobre a paisagem.
De volta aos territórios de caça
A Becky (Thor x Xita) é uma CPA de 5 meses de idade, irrequieta e cheia de vida, dada a correrias e a tropelias de toda a espécie. Este fim-de-semana foi para as encostas de Stº Isidoro e ali foi introduzida à pistagem. A sua alegria foi imensa e a mata fascinou-a. Bem perto daquele local, para lá dos muros da Tapada, habitam os lobos seus ancestrais que desfrutam de territórios idênticos. A cachorra sentiu-se em casa, embrenhou-se pelo mato sem temor e mostrou potencialidades. O Bruno foi o seu padrinho de baptismo e ambos acabaram bastante enlameados. A pelagem da Becky encontrou ali razão de ser, porquanto garantiu a camuflagem inerente a um bom caçador. O cão é urbano por necessidade e não por opção e a Becky apercebeu-se disso.
Cardume de quatro patas
Cheleiros é uma localidade do Concelho de Mafra, outrora designada por “Ribeira de Cheleiros”, porque é banhada pelo Rio Lisandro. Em tempos idos foi um importante porto de pesca e ainda hoje lá se encontram várias espécies piscícolas. Recentemente, à frente dos nossos olhos, por via artesanal e no espaço de 15 minutos, vimos um pescador a tirar 4 enguias na alta do rio, o que muito nos espantou e nos fez passar por pacóvios ao interpelarmos o homem. Segundo ele, as estações de tratamento dispersas ao longo do rio estão a atentar contra as enguias, porque as impedem de ir rio adentro, diminuindo assim o seu número significativamente. No entanto, devido à boa qualidade das águas, sempre ali nos deslocamos e sem qualquer pejo deixamos os cães banharem-se, não obstante já termos passado por ladrões de ovelhas ou gente de propósitos duvidosos. A foto acima demonstra um desses momentos e surpreendeu o Sane, a Becky e o Igor.
Obstáculos naturais
Tanto o treino da resistência como o de obstáculos podem ser desenvolvidos em diferentes ecossistemas e distantes das pistas convencionais, na diferença que vai da ginástica ao ar livre para a executada dentro dos ginásios, muito embora fiquem por fazer os exercícios de correcção morfológica, os ligados à especificidade do serviço e os relativos à musculação em geral. No entanto, julgamos ser melhor iniciar a sua prática pelos naturais e depois evoluir para os convencionais, exactamente como fazemos nas sequências inter-obstáculos, onde evoluímos do mais simples para o complexo e alteramos a sua apresentação. A multivariedade dos obstáculos naturais quando associada à procura do dono, umas vez preenchidos os requisitos da Tabela de Crescimento Funcional e garantidas as mais elementares regras de segurança para os animais, leva à sua solução alegre, pronta e imediata, substituindo estímulos por vezes pouco activos ou desprezados. A pistagem no campo possibilita a solução de obstáculos de vária índole e abrange todos os seus grupos, aumentando o alento animal e constituindo-se em experiência feliz. E depois meus amigos, não pode haver apego ao Método da Precocidade sem o enriquecimento do quadro experimental canino. É isso que temos andado a fazer, diga-se com raro prazer e colhendo benefícios disso, ainda que seja mais cómodo adestrar do portão da escola para dentro por imposição. Só amor pelos animais nos pode levar ao consenso.
O eleito dos alemães
Na manhã de Domingo, enquanto treinávamos no Jardim do Campo Grande, alguns turistas paravam e apreciavam o nosso trabalho. A coberto de algumas árvores e a alguns metros distante, um grupo de alemães pára e começa a tirar fotografias. O contentamento era visível nos seus rostos e breve se abeiraram dos cães. A sua preferência recaiu sobre o Buster (Thor x Xita) e depois de inquirirem por permissão, uma das senhoras do grupo acariciou o cachorro. Saiu com uma exclamação: “Este cachorro é muito bom, eu também sou criadora de Pastores Alemães!”. Não tínhamos suscitado aval e a reacção da “Frau” não nos apanhou de surpresa, porque o cachorro é uma força da natureza. Com 5 meses ronda os 30 kg e os 60 cm de altura, respira saúde e ainda por cima é bonito, muito embora nos preocupemos com factores extra estética e ligados ao seu bem-estar, adaptação e funcionalidade. Fica o registo e certamente a Teresa ficará satisfeita.
Uma surpresa chamada Maggie
A Maggie (Greg x Luna) era a cachorra mais pequena da sua ninhada, saiu dela receosa e foi entregue ao Joaquim. Num ápice transformou-se surpreendentemente, robusteceu o carácter e alcançou invejável envergadura. Hoje corre directo para todos e procura a parceria, treina com alegria e faz as delícias do seu condutor. O rapaz é dedicado e protector, contudo descuidado e pouco empreendedor, está na idade de desafiar os adultos e nem tão pouco conhece o seu mundo. A Maggie irá surpreendê-lo mais vezes, tantas que nem dará por isso, contribuindo assim para a sua estabilidade e aumento da responsabilidade. O alcance da parceria tem destas coisas e a afeição suaviza os desafios, a Maggie ganha obediência e o mancebo cresce em ambição. O treino canino como qualquer outro contacto com animais pode ser uma terapêutica eficaz e muitos já usufruíram e usufruem disso. Ânimo Joaquim e agradece a Deus os pais que tens.
O nosso amigo Tiago
O Tiago Soares chegou-nos pela mão da Ana Castanheira e acompanhado pelo Rex, um CPA de pêlo comprido, hoje ancião e com o mau feitio de sempre. Chegou à Acendura antes da maioridade e com muitas dificuldades teórico-práticas, levou-as de vencida e continua entre nós. Com a velhice do Rex adquiriu o Sane (Greg x Luna) e tem levado o encargo a preceito, a aptidão do cachorro destaca-se dos demais e o Tiago agradece à Alexandra ter-se lembrado dele. O binómio recomenda-se e dá o exemplo, o Tiago está aí pronto para ajudar e nunca se faz rogado. A humildade e o bom trato do jovem fazem dele um amigo de eleição e quando não vem, há sempre alguém que pergunta por ele. Obrigado amigo, a Escola agradece-te.
Uma dúzia de condutores
Este foi o fim-de-semana menos concorrido da Escola e nem por isso deixámos de ministrar importantes conteúdos de ensino. Começámos em Stº Isidoro onde convidámos os binómios presentes para a pistagem e terminámos os trabalhos de Sábado às margens do Rio Lisandro, onde corrigimos a postura e prestação dos condutores nos automatismos direccionais. Almoçámos num restaurante brasileiro e lanchámos em casa da Família Silva.
Os trabalhos dominicais repartiram-se por dois parques da Capital e as ênfases recaíram sobre a obediência linear e dinâmica, sobre os automatismos de chamada e ainda sobrou tempo para alguma endurance. Na generalidade os condutores encontram-se bem no “junto” e os laços afectivos binomiais são sobejamente visíveis. Nos automatismos de imobilização ainda subsistem alguns entraves técnicos, maioritariamente da responsabilidade dos condutores.
O Rocky (Greg x Xita) participou connosco nos trabalhos de pistagem e o seu jovem condutor (Gonçalo) deu grande mostra de amor pelo animal. O tempo esteve melhor no Sábado do que no Domingo, o que foi bom e projectou os trabalhos até mais tarde. Com a Princesa aprisionada no castelo, com a Família Veiga Santos no Gerês, com a Ana a trabalhar na farmácia e o Rui na padaria, com a Elisabete em parte incerta e com a Carla Ferreira incontactável, juntaram-se aos ausentes o Dr. Zé Gabriel, o Major Roberto Mariano, o Jorge, o Carlos Santos e o Vítor Hugo, tendo este último sido convocado pelo padre da paroquia para a instrução pré-matrimonial. O Rui Santos deu notícias de Angola e o João Franco parece desaparecido em combate. Faltaram ainda outros e só se apresentou aos trabalhos uma dúzia de condutores, ainda que reforçados pela presença do pequeno Gonçalo.
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Bruno/Pepe, Carla Abreu/Becky, Célia/Igor, Francisco/Íris, Gonçalo/Rocky, Isabel Silva/Luna, Joana/Flikke, João Moura/Bonnie, Joaquim/Maggie, Luís Leal/Teka I, Rodrigo/Tarkan, Tiago/Sane e Teresa/Buster.
sexta-feira, 19 de março de 2010
Caderno de ensino: III. O "JUNTO" ( o cão sempre à mão )
O QUE É O “JUNTO”. O “Junto” é a pedra basilar da obediência, uma figura dinâmica que suporta outras de igual índole e que possibilita o cumprimento pronto e imediato das figuras de imobilização presentes no adestramento clássico. Deve acontecer a duas mãos, quer o cão se desloque ordinariamente à esquerda do condutor ou à sua direita. Consiste no alinhamento binomial em progressão, isento de esforço ou tensão e reforça a sua unidade de propósitos, deslocando-se o cão ao lado do condutor, debaixo de ordem, e de acordo com a velocidade e direcção que lhe são requeridas, independentemente da natureza dos ecossistemas ou obstáculos colocados à sua frente, segundo o seu conhecimento e preparo anteriores. A tangente entre o joelho esquerdo do líder e o ombro direito do cão, quando conduzido à esquerda, sem tensão, persuasão, coerção, inibição ou reparo, demonstra a assimilação plena do comando e projecta as suas mais-valias.
MEIOS PARA A OBTENÇÃO DO “JUNTO”. Apesar de condenável, grande número de cães virá a alcançar o comando através da persuasão ou da coerção, pelo artificialismo do condicionamento e pelo contributo sistemático da mecanicidade das acções, o que acaba por ser desnudado pela mímica dos cães no desempenho da figura. A transição para a memória associativa, e aqui não sabemos dizer se afortunada ou desafortunadamente, considerando a sobrevivência canina, não é de caminho único e pode lá chegar-se pelos trilhos da memória afectiva ou da mecânica, consoante a experiência directa dos animais, a sua carga instintiva, a sua instalação doméstica e o grau de afeição que nutrem pelos seus condutores. O atrelamento tardio ou inexistente, o isolamento ordinário dos animais, o desaproveitamento dos diferentes ciclos infantis e o trabalho abusivo e não recompensado, são factores que induzirão à posterior mecanicidade das acções e que sempre deixarão marcas, psíquicas e físicas de difícil eliminação, porque as faculdades cognitivas caninas se baseiam quase em exclusivo na sua capacidade de memorização, profundamente sensorial e por isso mesmo de difícil eliminação.
TEMPO E MODO CERTOS PARA ATRELAR. Diz o povo: “quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita” e aqui parece ter também alguma razão. O momento certo para se atrelar um cachorro é por volta dos 2 meses de idade, 15 dias depois de haver chegado a nossa casa, ter estabelecido connosco vínculos afectivos e quando tropeça em nós constantemente, por força da sua tendência gregária e que importa aproveitar. Primeiro deve-se colocar a coleira e só depois de se ter acostumado a ela, deveremos convidá-lo para que nos siga à trela. A habituação à coleira não é instantânea nem automática e o cachorro sente-se incomodado, tentando expulsá-la como se de um corpo estranho se tratasse. Geralmente ao cabo de 3 dias a aceitação acontece e podemos passar à fase seguinte. Tanto a coleira quanto a trela devem ser vistos pelo cachorro como um presente, um meio para alcançar as coisas do seu agrado, tarefa facilitada pela procura da recompensa e pelo convite para a brincadeira. A habituação à trela deve ser gradual, acontecer por aceitação e nunca por imposição. É melhor repetir o exercício espaçadamente do que esganar o cachorro e sujeitá-lo a distâncias que nos parecem razoáveis. As pequenas lições devem acabar em apogeu, debaixo da resposta afirmativa do animal, para que guarde do acessório uma experiência feliz. Talvez no primeiro dia só ganhemos 30 cm, mas pouco a pouco chegaremos adiante. O tempo de supercompensação (recompensa, evasão e brincadeira) deve ser superior ao do trabalho específico, até que o cachorro entenda também a trela como uma ocasião lúdica.
COMO ATRELAR UM CÃO QUE SEMPRE ANDOU EM LIBERDADE. Os centros de treino caninos sempre são confrontados com este problema e quando o solucionam, os donos julgam-se na presença de um milagre e descobrem afinal algum préstimo no cão, tal qual inocentes e vítimas do seu despropósito, o que não é de todo verdade. Neste caso, a resistência e a vulnerabilidade do cão face à trela devem ser considerados, porque um “junto” forçado sempre aponta para a fuga e dá azo ao disparate, podendo instalar vícios mais ou menos duradouros, dificultando assim os automatismos direccionais sucedâneos e obstando à correcta execução das figuras de imobilização. Optar pela coerção e enveredar por acessórios repressivos é a pior das opções, porque a liderança torna-se abusiva e o cão procurará avidamente a liberdade perdida. As primeiras lições são as menos rentáveis do ponto de vista laboral imediato, muito embora sejam de suma importância e possibilitem um futuro “junto” sem atropelos. O alinhamento carece de ser gradual e alcançado mediante estímulo. Nas aulas colectivas e mercê da presença de outros cães, porque o melhor exemplo para um cão é outro cão, a tarefa encontra-se facilitada e a condução do animal acontecerá de modo mais célere, graças à identificação e ao seu particular social.
IMPLICAÇÕES DA MÍMICA HUMANA NA RESPOSTA ANIMAL. A postura adoptada por alguns condutores pode dificultar a assimilação do comando de “junto”, por transmitir em simultâneo duas mensagens antagónicas, estabelecendo assim a confusão na cabeça do animal e invalidando a ordem expressa. Parece irrisório mas vale a pena relembrar, que deve ser o conduzido a olhar para o condutor e não o inverso, já que é um bípede que conduz um quadrúpede e é ele quem estabelece os alinhamentos. Condutores que se deslocam normalmente curvados, dependendo do perfil psicológico de cada cão, podem obrigar o animal ao mesmo tipo de postura, por força do impacto visual emprestado, causando stress e por vezes até irritabilidade, porque a sua linguagem corporal indica outros subsídios para além da unidade binomial. O “junto” adiantado ou atrasado, impróprio ou desconsertado, resulta disso mesmo e deve de imediato ser abandonado, porque não se procura a evasão, o travamento ou a punição, mensagens que os “marrecos” involuntariamente indiciam. Depois de alcançados os necessários vínculos afectivos com o cão, o condutor deve manter a postura erecta, sensível e descontraída, debaixo da comodidade que a locomoção oferece. Todas as metas anteriores ao “junto”, manobras simples de estímulo que visam a relação de paridade e o despertar da cumplicidade, preparam o comando e trazem uma novidade: o exercício da liderança, acção que o cão assimila e que o dono necessita. A capacidade canina para aceitar novos desafios depende inequivocamente da postura de quem vai no comando e uma postura desleixada tende a ser desrespeitada.
BENEFÍCIOS DO “JUNTO” PARA O CONHECIMENTO DO CÃO. O modo como o cão evolui no comando, na fase inicial do treino, acaba por denunciar qual o seu perfil psicológico e as vantagens ou desvantagens físicas que para ele concorrem. Os cães dominantes tendem a rebocar os donos e os submissos a ser rebocados, muito embora os mimados se apresentem para além da sua personalidade e de acordo com o seu estatuto, assim como aqueles que por via ambiental receberam doses maciças de ânimo e adquiriram um comportamento fornecido pela indução. Uns e outros, pela contrariedade da inibição, bem cedo evidenciarão qual a sua natureza e o porquê da sua actuação. As incapacidades físicas ou anomalias morfológicas podem atentar contra o mais salutar perfil psicológico de um cão, isto se desde a infância se vir obrigado a retratar-se diante de outros isentos de igual incapacidade e agraciados por excelentes impulsos. O instinto de sobrevivência impede o cão de se transformar num louco e ele necessita, compreende e assimila a hierarquia. Por vezes algumas incapacidades articulares tornam-se mais visíveis no exercício do “junto”, providenciando o estoiro precoce dos animais e a sua justificada resistência à ordem.
A TRANSCENDÊNCIA OPERATIVA DO“JUNTO”. Ao regrar os valentes e ao incentivar os fracos, operando por substituição da matilha animal e usufruindo das vantagens do sentimento gregário canino, o “junto” consegue submeter os mais audazes, dar alento aos submissos e recuperar os inibidos, dizendo para os primeiros: “não te adiantes”, aos segundos: “vem para o meu lado” e aos terceiros: “comigo estás seguro”. E o mais interessante, uma vez garantidos o preparo e a capacitação necessários, é que o cão vai acreditar nisso e confundir a ficção com a realidade, porquanto é irracional e vive da experiência que tem.
“JUNTO” E SOCIABILIZAÇÃO. Esta figura de obediência é um dos meios mais eficazes para se operar a sociabilização canina, porque permite o seu alcance no meio das dificuldades e estabelece o código de conduta procurado mediante condicionamento, possibilitando a correcção atempada e impossibilitando os riscos de confrontação (quando operada à trela). As comuns manobras de sociabilização, que podem não dispensar o uso do comando inibitório “não”, são dinâmicas ou estáticas, segundo a natureza dos automatismos requeridos (direccionais ou de imobilização). Exceptuando as relativas ao “quieto”, a sua esmagadora maioria é alcançada a partir do “junto” ou do “aqui” quando usado em sua substituição. Normalmente iniciamos as manobras de sociabilização pelas de índole dinâmica, pelo concurso do “junto”, porque facilita a familiarização e possibilita a identificação entre cães, factores contribuintes para a aceitação da heterogenia das matilhas. Tanto a evolução de esquadras quanto as evoluções de carrossel são manobras típicas de sociabilização e só possíveis pelo seu contributo.
COMO EXECUTAR O “JUNTO”. Primeiro é preciso saber como pegar na trela e isso já explicámos atrás. Como a execução da figura vai obrigar os condutores a outro tipo de apoios e equilíbrios, importa de antemão que a desempenhem erectos e sem réstia de tensão. O braço que suporta a mão de condução deve cair naturalmente sobre a coxa do mesmo lado e dar ao pulso a maior mobilidade e sensibilidade possíveis, para que a mão se inteire dos avanços ou recuos do cão que queremos ver alinhado e opere a sua correcção. É errado conduzir debaixo de tensão ou fricção, usar a mão como travão de estacionamento ou fazer dela uma estaca ou prisão, porque para além de incómodo, cansativo e doloroso para o condutor, atrasando em simultâneo o alcance dos seus intentos, suscita no animal desencanto e o desejo de se libertar. Inversamente, quando o cão reboca o dono, deve ceder-se um pouco a trela e depois operar o seu reajustamento. O mesmo procedimento é válido para os cães que naturalmente se atrasam. Os comandos verbais a utilizar dependerão da idade e índole dos cães convidados para a figura. Perante um adulto teimoso e desafiador, apostado em lograr os intentos do dono e desinteressado de qualquer tipo de recompensa, a dicotomia “não” – “junto”, parece-nos o procedimento mais recomendável. O “não” deve soltar-se quando o cão resiste ou se escapa ao alinhamento e ser posteriormente acompanhado pelo “junto”. O cão evolui certo na figura quando alinha na passada a sua pata dianteira pelo pé que vai adiante do seu condutor. Nos momentos em que o animal mantém o alinhamento deve ser superiormente felicitado ou recompensado, para que entenda que labora debaixo do agrado do dono. Feliz é o cão e radiante é o binómio que nunca precisaram do “não”, que estabeleceram a sua unidade pela cumplicidade e sempre andaram lado a lado. Executar a figura com cachorros requer cuidados especiais, porque importa estimular e sustentar o crescimento saudável dos infantes, por si mesmos vulneráveis e carenciados de ajuda. Antes da maturidade sexual, coisa possível a partir dos 6 meses de idade, é contraproducente lançar mão de qual inibição ou comando inibitório, particularmente entre os mais débeis e àqueles que se destinam a serviços de autonomia policial. A assimilação do comando não é instantânea e necessita amiúde de ser reavivada, por sobrecarga ou por recapitulação, dentro do razoável e segundo o progresso obtido.
O “JUNTO” NOS DIVERSOS ANDAMENTOS. O “Junto” deve ser alcançado nos 3 andamentos naturais caninos (passo, marcha e galope). Ainda que o passo de andadura seja genético e próprio de alguns cães ou raças caninas, ele deve ser desprezado no ensino clássico, porque não muscula e convida ao relaxe. No entanto, ele é de extrema utilidade e próprio para a actividade cinegética. Porque treinamos cães a partir dos 4 meses de idade, entendemos que o “Junto” deve iniciar-se a passo e só depois transitar para os andamentos seguintes, de acordo com o crescimento e desejo dos animais. Compreendemos isso como uma tarefa doméstica antecedente ao treino e chave para o sucesso das futuras evoluções. O andamento preferencial escolar é o intermédio: a marcha, porque é um musculador por excelência e possibilita naturalmente, por aceleração ou desaceleração, a transição automática para os restantes andamentos naturais caninos. A somar a isto, a marcha fortalece a frequência dos seus ritmos vitais sem obstar ao recurso da sua mais-valia sensorial, mantendo os necessários indíces de prontidão pelo concurso do alento. E como o “ter mais olhos que barriga” é histórico e cardíaco, superabundam entre nós condutores com cão a mais e altura a menos, realçando a sua impropriedade e sujeitando-se a duros esforços. A diferença da altura binomial recomendável é de 110 cm e a aceitável de 100 cm. Quando isto não acontece, os condutores obrigam-se a uma maior disponibilidade física e à obtenção de outros índices atléticos. Quando a altura dos condutores ultrapassa essa diferença, nenhum problema subsiste (pelo menos para eles) A evolução de andamentos no “junto” deve pressupor as transições naturais caninas, iniciar-se no passo, fundamentar-se na marcha e evoluir para o galope, tal qual canta o outro: “side by side, always together”.
A CADÊNCIA DE MARCHA RECOMENDÁVEL. Uma vez obtido o “Junto” em marcha, deseja-se que ele evolua dos 5 para os 7.8 km/hora em distâncias que respeitem a preparação anterior, o particular dos indivíduos e a natureza do seu serviço. Um cão adulto saudável e activo deve marchar diariamente uma légua em prol do seu bem-estar global, deve ser convidado para diferentes ecossistemas e cada percurso deve trazer-lhe algo de novo, para que a sua adaptação não cesse e a sua curiosidade não esmoreça. Há que combater o envelhecimento precoce e trabalhar para a longevidade do nosso fiel amigo.
O “JUNTO” DA TRELA PARA A CONDUÇÃO EM LIBERDADE E DOS COMANDOS VERBAIS PARA OS GESTUAIS. A assimilação objectiva do automatismo garante a mesma prestação canina quando em liberdade, mercê da uniformidade de procedimentos e fruto do condicionamento. Certos cães ou raças chegarão à condução em liberdade mais cedo do que outros, por razões genéticas, ambientais ou resultantes da combinação entre ambas. A execução do “junto” atrelado sempre espreita a condução em liberdade e diminui substancialmente o número de acidentes ou disparates. A transição do comando verbal para a mensagem gestual deve acontecer ainda com o cão atrelado, quando o conduzimos de trela aos ombros e batemos com a mão na coxa por substituição. O desempenho em liberdade, em contravenção com a Lei, carece de preparação e teste prévios, sendo apenas recomendável onde o risco de perigo seja nulo, tanto para o cão como para terceiros e não atente contra as disposições legais em vigor.
LOCAIS ONDE TESTAR O “JUNTO” EM LIBERDADE. O local privilegiado para esse efeito é o espaço ou o perímetro escolar, porque ali podem reproduzir-se simulacros tangíveis às dificuldades quotidianas encontradas pelos cães, assim como prepará-los para a novidade de desafios, perante a nulidade dos riscos e usufruindo do acompanhamento e aconselhamento do adestrador. O espaço doméstico, se houver quintal ou terreno murado circundante, pode e deve ser também usado. No adestramento, qualquer trabalho de capacitação deve obedecer a metas gradativas face ao objectivo procurado e nelas se evolui pela plena satisfação da que imediatamente as precedeu. Não raramente, o retorno à meta anterior, aquilo a que chamamos retorno à 1ª fase, possibilita também um melhor aproveitamento na seguinte. É errado testar na incerteza da resposta animal, fazer dos outros cobaias ou sujeitá-los ao infortúnio, porque o cão desaprende e são os outros que vão pagar as favas.
PARA ONDE DEVE O CÃO OLHAR NO “JUNTO”? A discussão tem barbas, pode resultar do conflito de gerações, fundamenta-se na diferença de métodos e tanto a uns como a outros cabe alguma razão. A polémica assenta sobre os índices de prontidão e atenção, sobre a conservação ou não de ambos na satisfação das diferentes prestações caninas. Nos métodos mais actuais o cão evolui no “junto” com os olhos postos no condutor, que geralmente avança de braço dobrado ao peito, denunciando assim qual meio usado para a obtenção da figura. A fixação exclusiva na pessoa do dono ou naquilo que usualmente trazia ao peito, assim como pode evitar muitos disparates e garantir a prontidão das ordens, vulnerabiliza também o binómio pelo desaproveitamento dos mecanismos de atenção do cão, entregando ao condutor mais essa tarefa. Binómios com estas características destinam-se actualmente à guarda de propriedades privadas ou de entrepostos comerciais, acompanham o transporte de valores e funcionam eventualmente como primeira barreira de segurança para indivíduos ou conferencistas (policiamento do perímetro adjacente). No nosso caso e privilegiando a herança que nos foi deixada, também porque somos civis e andamos com os cães por todo o lado, damos maior peso aos indíces de atenção caninos, restituindo aos animais a liberdade sensorial inerente à nossa salvaguarda, o que nos obriga à cessação pronta e imediata das acções indesejáveis ou não solicitadas. Por causa disso os nossos cães olham em frente no “junto”, despertos para a realidade que nos cerca, funcionando como aviso, advertência e presença ostensiva. E quando não possuem características para isso, podem pelo menos continuar a ser cães e a usufruir da companhia dos seus donos sem maior stress, diminuindo o seu esforço e aumentando a comodidade de ambos.
O “JUNTO” COM DOIS CÃES. Reportamo-nos à prestação unitária pela capacitação individual, porque o bom desempenho colectivo sobrevive pela correcta prestação dos indivíduos que o compõem. É mais fácil treinar os cães em separado e ministrar-lhes idêntico grau de ensino, porque assim se evita o indesejável amatilhamento que pode obstar à escolha do líder certo. Ainda que os cães possam transitar no mesmo lado de condução, isso só deve acontecer em casos excepcionais ou em situações relativas ao seu bem-estar ou dos demais, porque circulando ambos do mesmo lado, o que vai por fora, gradualmente vai adulterando o “junto” por habituação. Qualquer “junto” que permita o distanciamento lateral entre cão e dono a mais de 25 cm é impróprio e indigno desse nome, porque possibilita a autonomia canina inusitada, diminui os seus indíces de prontidão, compromete o desempenho binomial e sempre traz consequências. A opção certa é avançar com um à direita e outro à esquerda, alternadamente e de acordo com o terreno a bater face ao particular dos indivíduos, porque não há dois cães iguais e cada um reage de forma diferente diante de igual problema. Muito ainda haveria a dizer sobre o “junto” e certamente não nos faltará ocasião para voltarmos ao assunto. As dúvidas são bem-vindas e a nossa disponibilidade a usual.
MEIOS PARA A OBTENÇÃO DO “JUNTO”. Apesar de condenável, grande número de cães virá a alcançar o comando através da persuasão ou da coerção, pelo artificialismo do condicionamento e pelo contributo sistemático da mecanicidade das acções, o que acaba por ser desnudado pela mímica dos cães no desempenho da figura. A transição para a memória associativa, e aqui não sabemos dizer se afortunada ou desafortunadamente, considerando a sobrevivência canina, não é de caminho único e pode lá chegar-se pelos trilhos da memória afectiva ou da mecânica, consoante a experiência directa dos animais, a sua carga instintiva, a sua instalação doméstica e o grau de afeição que nutrem pelos seus condutores. O atrelamento tardio ou inexistente, o isolamento ordinário dos animais, o desaproveitamento dos diferentes ciclos infantis e o trabalho abusivo e não recompensado, são factores que induzirão à posterior mecanicidade das acções e que sempre deixarão marcas, psíquicas e físicas de difícil eliminação, porque as faculdades cognitivas caninas se baseiam quase em exclusivo na sua capacidade de memorização, profundamente sensorial e por isso mesmo de difícil eliminação.
TEMPO E MODO CERTOS PARA ATRELAR. Diz o povo: “quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita” e aqui parece ter também alguma razão. O momento certo para se atrelar um cachorro é por volta dos 2 meses de idade, 15 dias depois de haver chegado a nossa casa, ter estabelecido connosco vínculos afectivos e quando tropeça em nós constantemente, por força da sua tendência gregária e que importa aproveitar. Primeiro deve-se colocar a coleira e só depois de se ter acostumado a ela, deveremos convidá-lo para que nos siga à trela. A habituação à coleira não é instantânea nem automática e o cachorro sente-se incomodado, tentando expulsá-la como se de um corpo estranho se tratasse. Geralmente ao cabo de 3 dias a aceitação acontece e podemos passar à fase seguinte. Tanto a coleira quanto a trela devem ser vistos pelo cachorro como um presente, um meio para alcançar as coisas do seu agrado, tarefa facilitada pela procura da recompensa e pelo convite para a brincadeira. A habituação à trela deve ser gradual, acontecer por aceitação e nunca por imposição. É melhor repetir o exercício espaçadamente do que esganar o cachorro e sujeitá-lo a distâncias que nos parecem razoáveis. As pequenas lições devem acabar em apogeu, debaixo da resposta afirmativa do animal, para que guarde do acessório uma experiência feliz. Talvez no primeiro dia só ganhemos 30 cm, mas pouco a pouco chegaremos adiante. O tempo de supercompensação (recompensa, evasão e brincadeira) deve ser superior ao do trabalho específico, até que o cachorro entenda também a trela como uma ocasião lúdica.
COMO ATRELAR UM CÃO QUE SEMPRE ANDOU EM LIBERDADE. Os centros de treino caninos sempre são confrontados com este problema e quando o solucionam, os donos julgam-se na presença de um milagre e descobrem afinal algum préstimo no cão, tal qual inocentes e vítimas do seu despropósito, o que não é de todo verdade. Neste caso, a resistência e a vulnerabilidade do cão face à trela devem ser considerados, porque um “junto” forçado sempre aponta para a fuga e dá azo ao disparate, podendo instalar vícios mais ou menos duradouros, dificultando assim os automatismos direccionais sucedâneos e obstando à correcta execução das figuras de imobilização. Optar pela coerção e enveredar por acessórios repressivos é a pior das opções, porque a liderança torna-se abusiva e o cão procurará avidamente a liberdade perdida. As primeiras lições são as menos rentáveis do ponto de vista laboral imediato, muito embora sejam de suma importância e possibilitem um futuro “junto” sem atropelos. O alinhamento carece de ser gradual e alcançado mediante estímulo. Nas aulas colectivas e mercê da presença de outros cães, porque o melhor exemplo para um cão é outro cão, a tarefa encontra-se facilitada e a condução do animal acontecerá de modo mais célere, graças à identificação e ao seu particular social.
IMPLICAÇÕES DA MÍMICA HUMANA NA RESPOSTA ANIMAL. A postura adoptada por alguns condutores pode dificultar a assimilação do comando de “junto”, por transmitir em simultâneo duas mensagens antagónicas, estabelecendo assim a confusão na cabeça do animal e invalidando a ordem expressa. Parece irrisório mas vale a pena relembrar, que deve ser o conduzido a olhar para o condutor e não o inverso, já que é um bípede que conduz um quadrúpede e é ele quem estabelece os alinhamentos. Condutores que se deslocam normalmente curvados, dependendo do perfil psicológico de cada cão, podem obrigar o animal ao mesmo tipo de postura, por força do impacto visual emprestado, causando stress e por vezes até irritabilidade, porque a sua linguagem corporal indica outros subsídios para além da unidade binomial. O “junto” adiantado ou atrasado, impróprio ou desconsertado, resulta disso mesmo e deve de imediato ser abandonado, porque não se procura a evasão, o travamento ou a punição, mensagens que os “marrecos” involuntariamente indiciam. Depois de alcançados os necessários vínculos afectivos com o cão, o condutor deve manter a postura erecta, sensível e descontraída, debaixo da comodidade que a locomoção oferece. Todas as metas anteriores ao “junto”, manobras simples de estímulo que visam a relação de paridade e o despertar da cumplicidade, preparam o comando e trazem uma novidade: o exercício da liderança, acção que o cão assimila e que o dono necessita. A capacidade canina para aceitar novos desafios depende inequivocamente da postura de quem vai no comando e uma postura desleixada tende a ser desrespeitada.
BENEFÍCIOS DO “JUNTO” PARA O CONHECIMENTO DO CÃO. O modo como o cão evolui no comando, na fase inicial do treino, acaba por denunciar qual o seu perfil psicológico e as vantagens ou desvantagens físicas que para ele concorrem. Os cães dominantes tendem a rebocar os donos e os submissos a ser rebocados, muito embora os mimados se apresentem para além da sua personalidade e de acordo com o seu estatuto, assim como aqueles que por via ambiental receberam doses maciças de ânimo e adquiriram um comportamento fornecido pela indução. Uns e outros, pela contrariedade da inibição, bem cedo evidenciarão qual a sua natureza e o porquê da sua actuação. As incapacidades físicas ou anomalias morfológicas podem atentar contra o mais salutar perfil psicológico de um cão, isto se desde a infância se vir obrigado a retratar-se diante de outros isentos de igual incapacidade e agraciados por excelentes impulsos. O instinto de sobrevivência impede o cão de se transformar num louco e ele necessita, compreende e assimila a hierarquia. Por vezes algumas incapacidades articulares tornam-se mais visíveis no exercício do “junto”, providenciando o estoiro precoce dos animais e a sua justificada resistência à ordem.
A TRANSCENDÊNCIA OPERATIVA DO“JUNTO”. Ao regrar os valentes e ao incentivar os fracos, operando por substituição da matilha animal e usufruindo das vantagens do sentimento gregário canino, o “junto” consegue submeter os mais audazes, dar alento aos submissos e recuperar os inibidos, dizendo para os primeiros: “não te adiantes”, aos segundos: “vem para o meu lado” e aos terceiros: “comigo estás seguro”. E o mais interessante, uma vez garantidos o preparo e a capacitação necessários, é que o cão vai acreditar nisso e confundir a ficção com a realidade, porquanto é irracional e vive da experiência que tem.
“JUNTO” E SOCIABILIZAÇÃO. Esta figura de obediência é um dos meios mais eficazes para se operar a sociabilização canina, porque permite o seu alcance no meio das dificuldades e estabelece o código de conduta procurado mediante condicionamento, possibilitando a correcção atempada e impossibilitando os riscos de confrontação (quando operada à trela). As comuns manobras de sociabilização, que podem não dispensar o uso do comando inibitório “não”, são dinâmicas ou estáticas, segundo a natureza dos automatismos requeridos (direccionais ou de imobilização). Exceptuando as relativas ao “quieto”, a sua esmagadora maioria é alcançada a partir do “junto” ou do “aqui” quando usado em sua substituição. Normalmente iniciamos as manobras de sociabilização pelas de índole dinâmica, pelo concurso do “junto”, porque facilita a familiarização e possibilita a identificação entre cães, factores contribuintes para a aceitação da heterogenia das matilhas. Tanto a evolução de esquadras quanto as evoluções de carrossel são manobras típicas de sociabilização e só possíveis pelo seu contributo.
COMO EXECUTAR O “JUNTO”. Primeiro é preciso saber como pegar na trela e isso já explicámos atrás. Como a execução da figura vai obrigar os condutores a outro tipo de apoios e equilíbrios, importa de antemão que a desempenhem erectos e sem réstia de tensão. O braço que suporta a mão de condução deve cair naturalmente sobre a coxa do mesmo lado e dar ao pulso a maior mobilidade e sensibilidade possíveis, para que a mão se inteire dos avanços ou recuos do cão que queremos ver alinhado e opere a sua correcção. É errado conduzir debaixo de tensão ou fricção, usar a mão como travão de estacionamento ou fazer dela uma estaca ou prisão, porque para além de incómodo, cansativo e doloroso para o condutor, atrasando em simultâneo o alcance dos seus intentos, suscita no animal desencanto e o desejo de se libertar. Inversamente, quando o cão reboca o dono, deve ceder-se um pouco a trela e depois operar o seu reajustamento. O mesmo procedimento é válido para os cães que naturalmente se atrasam. Os comandos verbais a utilizar dependerão da idade e índole dos cães convidados para a figura. Perante um adulto teimoso e desafiador, apostado em lograr os intentos do dono e desinteressado de qualquer tipo de recompensa, a dicotomia “não” – “junto”, parece-nos o procedimento mais recomendável. O “não” deve soltar-se quando o cão resiste ou se escapa ao alinhamento e ser posteriormente acompanhado pelo “junto”. O cão evolui certo na figura quando alinha na passada a sua pata dianteira pelo pé que vai adiante do seu condutor. Nos momentos em que o animal mantém o alinhamento deve ser superiormente felicitado ou recompensado, para que entenda que labora debaixo do agrado do dono. Feliz é o cão e radiante é o binómio que nunca precisaram do “não”, que estabeleceram a sua unidade pela cumplicidade e sempre andaram lado a lado. Executar a figura com cachorros requer cuidados especiais, porque importa estimular e sustentar o crescimento saudável dos infantes, por si mesmos vulneráveis e carenciados de ajuda. Antes da maturidade sexual, coisa possível a partir dos 6 meses de idade, é contraproducente lançar mão de qual inibição ou comando inibitório, particularmente entre os mais débeis e àqueles que se destinam a serviços de autonomia policial. A assimilação do comando não é instantânea e necessita amiúde de ser reavivada, por sobrecarga ou por recapitulação, dentro do razoável e segundo o progresso obtido.
O “JUNTO” NOS DIVERSOS ANDAMENTOS. O “Junto” deve ser alcançado nos 3 andamentos naturais caninos (passo, marcha e galope). Ainda que o passo de andadura seja genético e próprio de alguns cães ou raças caninas, ele deve ser desprezado no ensino clássico, porque não muscula e convida ao relaxe. No entanto, ele é de extrema utilidade e próprio para a actividade cinegética. Porque treinamos cães a partir dos 4 meses de idade, entendemos que o “Junto” deve iniciar-se a passo e só depois transitar para os andamentos seguintes, de acordo com o crescimento e desejo dos animais. Compreendemos isso como uma tarefa doméstica antecedente ao treino e chave para o sucesso das futuras evoluções. O andamento preferencial escolar é o intermédio: a marcha, porque é um musculador por excelência e possibilita naturalmente, por aceleração ou desaceleração, a transição automática para os restantes andamentos naturais caninos. A somar a isto, a marcha fortalece a frequência dos seus ritmos vitais sem obstar ao recurso da sua mais-valia sensorial, mantendo os necessários indíces de prontidão pelo concurso do alento. E como o “ter mais olhos que barriga” é histórico e cardíaco, superabundam entre nós condutores com cão a mais e altura a menos, realçando a sua impropriedade e sujeitando-se a duros esforços. A diferença da altura binomial recomendável é de 110 cm e a aceitável de 100 cm. Quando isto não acontece, os condutores obrigam-se a uma maior disponibilidade física e à obtenção de outros índices atléticos. Quando a altura dos condutores ultrapassa essa diferença, nenhum problema subsiste (pelo menos para eles) A evolução de andamentos no “junto” deve pressupor as transições naturais caninas, iniciar-se no passo, fundamentar-se na marcha e evoluir para o galope, tal qual canta o outro: “side by side, always together”.
A CADÊNCIA DE MARCHA RECOMENDÁVEL. Uma vez obtido o “Junto” em marcha, deseja-se que ele evolua dos 5 para os 7.8 km/hora em distâncias que respeitem a preparação anterior, o particular dos indivíduos e a natureza do seu serviço. Um cão adulto saudável e activo deve marchar diariamente uma légua em prol do seu bem-estar global, deve ser convidado para diferentes ecossistemas e cada percurso deve trazer-lhe algo de novo, para que a sua adaptação não cesse e a sua curiosidade não esmoreça. Há que combater o envelhecimento precoce e trabalhar para a longevidade do nosso fiel amigo.
O “JUNTO” DA TRELA PARA A CONDUÇÃO EM LIBERDADE E DOS COMANDOS VERBAIS PARA OS GESTUAIS. A assimilação objectiva do automatismo garante a mesma prestação canina quando em liberdade, mercê da uniformidade de procedimentos e fruto do condicionamento. Certos cães ou raças chegarão à condução em liberdade mais cedo do que outros, por razões genéticas, ambientais ou resultantes da combinação entre ambas. A execução do “junto” atrelado sempre espreita a condução em liberdade e diminui substancialmente o número de acidentes ou disparates. A transição do comando verbal para a mensagem gestual deve acontecer ainda com o cão atrelado, quando o conduzimos de trela aos ombros e batemos com a mão na coxa por substituição. O desempenho em liberdade, em contravenção com a Lei, carece de preparação e teste prévios, sendo apenas recomendável onde o risco de perigo seja nulo, tanto para o cão como para terceiros e não atente contra as disposições legais em vigor.
LOCAIS ONDE TESTAR O “JUNTO” EM LIBERDADE. O local privilegiado para esse efeito é o espaço ou o perímetro escolar, porque ali podem reproduzir-se simulacros tangíveis às dificuldades quotidianas encontradas pelos cães, assim como prepará-los para a novidade de desafios, perante a nulidade dos riscos e usufruindo do acompanhamento e aconselhamento do adestrador. O espaço doméstico, se houver quintal ou terreno murado circundante, pode e deve ser também usado. No adestramento, qualquer trabalho de capacitação deve obedecer a metas gradativas face ao objectivo procurado e nelas se evolui pela plena satisfação da que imediatamente as precedeu. Não raramente, o retorno à meta anterior, aquilo a que chamamos retorno à 1ª fase, possibilita também um melhor aproveitamento na seguinte. É errado testar na incerteza da resposta animal, fazer dos outros cobaias ou sujeitá-los ao infortúnio, porque o cão desaprende e são os outros que vão pagar as favas.
PARA ONDE DEVE O CÃO OLHAR NO “JUNTO”? A discussão tem barbas, pode resultar do conflito de gerações, fundamenta-se na diferença de métodos e tanto a uns como a outros cabe alguma razão. A polémica assenta sobre os índices de prontidão e atenção, sobre a conservação ou não de ambos na satisfação das diferentes prestações caninas. Nos métodos mais actuais o cão evolui no “junto” com os olhos postos no condutor, que geralmente avança de braço dobrado ao peito, denunciando assim qual meio usado para a obtenção da figura. A fixação exclusiva na pessoa do dono ou naquilo que usualmente trazia ao peito, assim como pode evitar muitos disparates e garantir a prontidão das ordens, vulnerabiliza também o binómio pelo desaproveitamento dos mecanismos de atenção do cão, entregando ao condutor mais essa tarefa. Binómios com estas características destinam-se actualmente à guarda de propriedades privadas ou de entrepostos comerciais, acompanham o transporte de valores e funcionam eventualmente como primeira barreira de segurança para indivíduos ou conferencistas (policiamento do perímetro adjacente). No nosso caso e privilegiando a herança que nos foi deixada, também porque somos civis e andamos com os cães por todo o lado, damos maior peso aos indíces de atenção caninos, restituindo aos animais a liberdade sensorial inerente à nossa salvaguarda, o que nos obriga à cessação pronta e imediata das acções indesejáveis ou não solicitadas. Por causa disso os nossos cães olham em frente no “junto”, despertos para a realidade que nos cerca, funcionando como aviso, advertência e presença ostensiva. E quando não possuem características para isso, podem pelo menos continuar a ser cães e a usufruir da companhia dos seus donos sem maior stress, diminuindo o seu esforço e aumentando a comodidade de ambos.
O “JUNTO” COM DOIS CÃES. Reportamo-nos à prestação unitária pela capacitação individual, porque o bom desempenho colectivo sobrevive pela correcta prestação dos indivíduos que o compõem. É mais fácil treinar os cães em separado e ministrar-lhes idêntico grau de ensino, porque assim se evita o indesejável amatilhamento que pode obstar à escolha do líder certo. Ainda que os cães possam transitar no mesmo lado de condução, isso só deve acontecer em casos excepcionais ou em situações relativas ao seu bem-estar ou dos demais, porque circulando ambos do mesmo lado, o que vai por fora, gradualmente vai adulterando o “junto” por habituação. Qualquer “junto” que permita o distanciamento lateral entre cão e dono a mais de 25 cm é impróprio e indigno desse nome, porque possibilita a autonomia canina inusitada, diminui os seus indíces de prontidão, compromete o desempenho binomial e sempre traz consequências. A opção certa é avançar com um à direita e outro à esquerda, alternadamente e de acordo com o terreno a bater face ao particular dos indivíduos, porque não há dois cães iguais e cada um reage de forma diferente diante de igual problema. Muito ainda haveria a dizer sobre o “junto” e certamente não nos faltará ocasião para voltarmos ao assunto. As dúvidas são bem-vindas e a nossa disponibilidade a usual.
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